Olhar Direto

Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Opinião

O real significado político da vitória de Bolsonaro

Não irei falar especificamente sobre a epidemia em curso. É provável que tudo já foi dito e comentado e, não tenho dúvidas, nosso país vai sobreviver, em que pese, lamentavelmente, com alguns mortos e outros feridos. A reflexão que proponho é a seguinte: por que o Governo em geral e o Presidente Bolsonaro em particular, são, incessantemente, atacados desde à sua posse? À exceção de Collor de Melo, que simplesmente confiscou o dinheiro de todos logo no início do governo e, por este motivo foi alvo de ataques midiáticos, os governos seguintes – Itamar, FHC, Lula e Dilma não foram objeto, pelo menos nos dois primeiros anos de mandato, de críticas tão acirradas a ponto de cada palavra ou gesto de Bolsonaro ser objeto do mais rigoroso escrutínio e detalhado exame. Por que um Presidente que estancou o maior esquema de corrupção da história do país, formou um quadro de Ministros da mais alta capacidade técnica, reequilibrou a harmonia entre os poderes (nunca o legislativo teve tanta liberdade em suas ações) apresentando ao nosso medíocre mundo político uma nova forma de fazer uma campanha (com gastos insignificantes comparado com os demais) e uma nova dinâmica com o poder político, é massacrado diariamente na mídia? Seriam os eventuais erros do governo motivo suficiente para justificar essa “jihad”? Vamos lá, então!

Como dizia Franklin Delano Roosevelt (32º Presidente dos EUA), “na política, nada acontece por acidente. Se acontece, pode apostar que assim foi planejado”. A vitória de Bolsonaro no pleito eleitoral de 2018 significou, na verdade, um duro golpe a um esquema de poder das esquerdas que teve início em 1989 e, com a deposição de Collor e a assunção de Itamar em 1992 iniciou de forma efetiva. A esquerda chega ao poder com FHC, seguem com Lula e Dilma, até o impedimento desta. Mas, eis que surge um capitão nessa história. Bem, para compreender meu argumento teremos que recuar um pouco no tempo, até 1989.

É provável que o leitor já tenha ouvido falar do tal do “Foro de São Paulo”, sendo que o pouco de divulgação deve-se ao Professor Olavo de Carvalho, muito embora Heitor de Paola tenha escrito um livro excelente sobre a estratégia da esquerda latino-americana para chegar ao poder (quem ser interessar, chama-se “O eixo do mal latino-americano e a nova ordem mundial”, Editora É Realizações. São Paulo. 2008). Agora, é quase certo que o leitor nunca ouviu nada sobre o tal “Diálogo Interamericano” e, muito menos, sobre o chamado “Pacto de Princeton”. O PT, representado por Lula e o PSDB já fizeram um pacto. Sim, é isso mesmo.

O Foro de São Paulo foi criado em 1989, antes do pleito que levaria Collor ao poder, na cidade de São Paulo, por iniciativa de Lula e Fidel Castro, reunindo dezenas de organizações de esquerda do continente sul-americano. Juntaram-se partidos políticos legalmente constituídos e, pasmem, organizações como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionária chileno). Só não chamaram o Mariguela e o Che Guevara por já estavam mortos à época. Qual o objetivo deste Foro? Recuperar o que foi perdido com a queda do comunismo no leste europeu (lembre-se que o muro de Berlin cairia nesse ano e a URSS se esfacelaria em 1991). Este circo de comunistas alucinados e revolucionários bolivarianos sul americanos foi presidido por Lula durante muito tempo, no entanto, conseguiu manter-se incógnito durante praticamente toda sua existência, sendo desconhecido da grande maioria sua real importância no contexto político da américa latina. Nossa mídia não achou importante relatar as deliberações do Foro de São Paulo durante todos esses anos, mas, basta uma palavra de Bolsonaro sobre qualquer tema, por mais irrelevante que seja, e têm-se conteúdo para semanas de matéria. Alguma coisa não encaixa, não é mesmo?

O “Diálogo Interamericano” é outro foro privado de discussões. Foi criado em 1982 por iniciativa de David Rockefeller e é hoje o principal dentro de discussões políticas do hemisfério ocidental. Do brasil, entre outros, destaca-se o nome de Fernando Henrique Cardoso como membro, o qual ocupa uma cadeira no corpo de diretores. Este foro influencia a constituição dos poderes regionais, fornece apoio financeiro, político e estratégico às forças alinhadas com a implantação de estruturas globais. É ligado ao Partido Democrata americano com tez socialista-fabiano, e representa o falso neoliberalismo de Adam Smith da livre iniciativa, a desregulamentação e a privatização das atividades econômicas. Os partidos brasileiros PT e PSDB já contaram com o apoio do Diálogo, seguindo suas recomendações.

O Pacto de Princeton aconteceu na cidade de Princeton, Estados Unidos em janeiro de 1993 e foi o encontro de Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso para formalizar o chamado “PACTO DE PRINCETON”. Lula representava o “Foro de São Paulo” e Fernando Henrique Cardoso representava o “Diálogo Interamericano”. Heitor de Paola narra que os termos do acordo constavam: a participação de revolucionários guerrilheiros nas eleições. O controle populacional promovido com esterilizações. Estímulos à união homossexuais. Legalização do aborto. Incremento e enfraquecimento da fé católica e evangélica a fim de prevenir ações contrárias ao projeto socialista e criminoso ora estabelecido. Desenvolvimento da “Teologia da Libertação” para perverter a fé da igreja católica e ardilosamente instrumentá-la em favor das ambições revolucionárias. Provocar o enfraquecimento das Forças Armadas e a difamação da revolução de 1964. Essa seria a conhecida “política das tesouras”, ou seja, PT e PSDB passam a ser ficticiamente partidos em oposição. Mas, então você pergunta: o PT sempre disse que o PSDB era “de direita”, portanto, estava no polo oposto do espectro político representado pelos “progressistas”. Pois é, nossa ignorância da História e nossa ingenuidade em achar ser possível adquirir conhecimento somente através da mídia convencional faz com que a imensa maioria dos brasileiros sejam alvos fáceis dos discursos políticos mais esdrúxulos, cretinos e hipócritas. Lula chegou a declarar nas eleições de 2002 que “só haviam partidos de esquerda concorrendo”. Todo mundo achou normal.

O quadro acima exposto contém generalizações, mas o panorama apresentado é esse. É claro que este tema exige aprofundamento para seu melhor entendimento, contudo, não é possível nesta via. Há muito material disponível na rede mundial de computadores e obras excelentes publicadas. Voltando ao argumento, temos que a estratégia do Foro de São Paulo e o Pacto de Princeton foi bem sucedido. FHC e Lula foram presidentes no Brasil, Chaves na Venezuela e a esquerda venceu eleições em diversos países da América do Sul. Você precisa entender que FHC nunca foi direita conservadora. É um legítimo representante do socialismo-fabiano (defendem a chegada ao socialismo pela democracia e reforma gradual da sociedade). Com este pequeno mapa histórico-político, você já pode começar a compreender que todo o esquema de corrupção do lulo-petismo não foi apenas a ocasião revelando o ladrão. Não, parte da corrupção financiou países alinhados ao esquema-estratégico do Foro de São Paulo.

É nesse contexto que você deve analisar o verdadeiro significado da vitória de Bolsonaro. Ela rompe, pelo menos por quatro anos, uma estratégia formulada e executada com sucesso por quase trinta anos. Você precisa compreender que Bolsonaro representa para a esquerda uma ruptura significativa em seus objetivos, construídos ao longo dos últimos cinquenta anos, chegando ao ponto de aniquilar o pensamento político conservador no seio de uma sociedade de matiz conservadora. Como isso aconteceu? Já seria tema de outro artigo, contudo, lembre-se que o comunismo não acabou; o marxismo ainda é uma teoria utilizada para justificar a ação política e fazer a leitura do mundo; a Escola de Frankfurt, Gramsci, os Socialistas Fabianos não são meras fantasias; eles existes, são representados e atuam em sintonia com seus modelos de mundo. Ora dissimulam divergências, ora pactuam acordos pontuais, ora se unem quando ameaçados por outras forças políticas, contudo, todos convergem a uma única direção: a volta do socialismo.

A vitória de Bolsonaro significa, em última instância, um contraponto ou, porque não, um contragolpe, como bem referenciou Alexandre Costa (Introdução à Nova Ordem Mundial) “às ideias que foram semeadas na cultura durante as três últimas gerações”, que germinaram e estão enraizadas na mente das pessoas, formando uma espécie de “saber comum” que não tolera divergências mais profundas, e acredita pairar acima da liberdade individual, como um juiz de todo o pensamento e de toda a conduta humana. Essas ideias maléficas foram, temporariamente, abortadas pelo governo Bolsonaro, todavia, não se iludam, elas continuam vivas e latentes. Esses ideais socialistas norteiam toda ação política com vistas a desestruturar e derrubar o governo atual. A economia não é mais o foco da estratégia comunista (Marx deve estar se remexendo no túmulo). Há muito que o alvo é a cultura, com os elementos da “filosofia política” de Gramsci e a “paciência” dos socialistas fabianos. “Não ataquem os tanques e nem combatam os soldados, corrompam as mentes” (Antonio Gramsci).





Julio Cezar Rodrigues é economista e advogado (rodriguesadv193@gmail.com)


 
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