Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Acessibilidade: como adaptar a casa para idosos?

É evidente que o aumento da expectativa de vida, que vem ocorrendo nas últimas décadas, é o grande responsável pelo envelhecimento da população brasileira. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2020, hoje os idosos representam cerca de 13% dos brasileiros e até 2050 estima-se que essa porcentagem chegue à 25%. Com o isolamento social dessas pessoas que estão em grupo de risco para covid-19, as chances de acidentes aumentam e os cuidados precisam ser redobrados.

Com o envelhecimento, principalmente após os 60 anos, é muito comum as pessoas apresentarem uma série de doenças e limitações, o que as deixa mais vulneráveis para as quedas. Cerca de 30% dessa faixa etária terá ao menos uma queda ao ano, estas que, por si só, são uma das principais causas de redução da qualidade de vida do idoso, segundo o médico Leonardo Teles, especialista em saúde do idoso.

Então, falar em prevenção de quedas para essa população é e será algo cada vez mais presente. O que talvez poucas pessoas saibam é que as medidas iniciais para prevenção de quedas começam em casa, com adoção de algumas estratégias, que, embora possam pareçam simples, possuem grande benefício, podendo trazer maior conforto para todos os envolvidos no cuidado com os mais velhos.

Veja algumas soluções para adaptação:
 
Ventilação e Iluminação

Sempre opte pelo melhor aproveitamento da ventilação e iluminação natural, inclusive por recomendações sanitárias. É imprescindível que as janelas respeitem a altura de peitoril recomendada, caso sejam menores que 1,10m, instalem guarda corpos. Quanto à abertura, as mais indicadas são as de correr, devido ao seu fácil manuseio, diferentemente das janelas do tipo basculante ou guilhotina, uma vez que estará mais suscetível ao desequilíbrio ao abri-las.  

Tratando de iluminação artificial, é fundamental que a casa seja bem iluminada, equipando-a também com interruptores próximos às entradas e as camas, evitando deslocamentos no escuro durante a noite. Ter sistema de luzes de emergências, telefone ao lado da cama, campainhas e balizadores também são fatores a contribuir.
 
Desníveis

Esteja atento quanto aos desníveis, elimine os degraus e obstáculos.
Uma alternativa para substituir degraus é o uso de rampas de material antiderrapante. Já no caso de sobrados, se possível instale plataformas elevatórias e adapte a escada com fita antiderrapante, corrimão de material não escorregadiço e guarda-corpo. É indispensável que essas áreas sejam bem iluminadas.
 
Banheiro

O banheiro é um dos principais cômodos que necessitam de adaptação o quanto antes, por ser uma área molhada e em grande maioria não possuir estrutura adequada para locomoção.

A primeira questão a ser levada em consideração é o sistema da porta, impreterivelmente que seja de 80 a 90 cm de largura, com abertura para pra fora, a fim de facilitar o acesso tanto para o usuário quanto alguém que necessite auxilia-lo. Além de bem iluminado, o banheiro deverá ser equipado com barras de apoio e, se necessário, banco para banho dentro do box. Contando sempre com o vaso sanitário de no mínimo 40 cm de altura e piso antiderrapante.
 
Mobiliário

É importante que móveis como sofás, camas e poltronas estejam adequados à altura do usuário, quando sentado os pés alcancem o chão e prezando sempre por estofados mais rígidos, facilitando para que a pessoa se levante. Os armários preferencialmente de portas de correr, onde não impeçam a aproximação. Gavetas com travas para que não tenha o perigo de escapa-las do trilho, mesas de apoio fixadas, móveis sem quinas e de altura média propõe maior segurança caso o idoso precise se apoiar.
 
Decoração

Não é recomendado usar muitos espelhos na decoração, porque isso pode causar alterações comportamentais para aqueles que possuem algum tipo de doença mental. Assim como papeis de parede com estampas exageradas e cores vibrantes. Eles podem confundir e prejudicar a noção de espaço. Dispense mesas de centro e peças decorativas que possam atrapalhar a circulação. O uso de tapetes deverá ser cauteloso, optando por cerdas baixas ou fitas antiderrapantes para fixa-los no chão. Recomendo cores claras e tons neutros para a decoração.
 
Área verde

Com o passar dos anos, é comum que alguns idosos passem mais tempo em casa e essa imobilidade pode acarretar em dores musculares e até doenças como, por exemplo, a depressão. O que poucos se atentam é que as terapias ocupacionais podem, em alguns casos, sanar essas questões sem a dependência de remédios e consultas extras ao médico. A jardinagem, por exemplo, é uma delas.

Uma vez que os cuidados precisam ser diários e as plantas com o tempo crescem, frutificam, atraem pássaros e promovem a integração de quem as cultiva com a natureza e a casa com a sociedade, contribuem para o estímulo mental e bem estar do idoso.

Oriento que mantenha uma pequena horta ou jardim, estimulando o idoso a esse afazer. 

Aproveite as dicas de arquitetura e design e faça as mudanças necessárias para garantir maior qualidade de vida para aqueles que precisam de segurança nessa fase tão importante da vida.


Estela Takase é arquiteta com especialidade em design de interiores, ambientação e produção de espaço. Onde compartilha conteúdos sobre arquitetura e design de interiores nas redes social. Contato: @arq.estelatakase
 
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