Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

O Novo Álbum de João Ormond

Como recusar um pedido tão singelo de quem amamos? Graças a ele, apreciei o novo álbum de João Ormond, ‘Por Todo Canto’, inaugurado dia 12 de julho nas plataformas digitais. Lá encontrei samba e reggae, verão e primavera, violão e guitarra, proporcionando variedades de sentimentos junto aos personagens.
 
Devo dizer, porém, que “Cafundó do Mato” me surpreendeu. Passeando entre a sofisticação cuiabana e simplicidade levergense, reconheço elementos marcantes, desde festas de santos à bocaiúva. Diante disso, impossível não recordar da bem-aventurada infância com o divertido refrão: “Oh, seu moço, que lembrança boa/ Araras sempre a gritar/ Oi, ‘tô fraco’, galinha d’Angola/A Lua, no céu/Vinha clarear”.
 
Da mesma maneira, fantasiei o requinte da cidade: “No cafundó do mato/O tempo passou/Ficou tudo pior/ A gente cresceu/ Se iludiu que a cidade/ Era muito melhor”. Por sorte, o acaso me levou para o interior (nem tão interior assim!) sul mato-grossense e, como só valorizamos quando perdemos, resgatou sentimentos bucólicos tão agradáveis, há tempos escondidos em algum lugar da alma.
 
Viver esse pêndulo urbano-rural me abriu portas à diversos comportamentos, histórias e aprendizados, portanto, a identificação com a nova coletânea não acaba por aí. Vai de encontro à delicadeza (“Cada palavra/Com todo zelo, escolhi”) de Samba Doce e ao clima praiano de Brisa do Além Mar, encontrando sensações de saudade tão bem definidas, “Foi por amor/ A saudade abriu meu peito/ Me deixou daquele jeito/ Tão sensível quanto a flor”, sem falar em toda a alegria sinestésica de Sorvete Chocolate: “Quero muito seu aroma/De morango é seu batom/Bom ficar sempre juntinhos/Qual semente de romã”, entre outras maravilhas encontradas em cada sintonia, agradando a todos os estilos, por todo canto.
 
Mais uma vez, o modo singelo de João Ormond encanta seus ouvintes e comprova sua habilidade criativa em qualquer ritmo. São minutos de candura que amenizam qualquer ambiente hostil. É uma obra que merece ser degustada com calma e sutileza, como a vida serena do Pantanal.

Marize T. Vitório é levergense nascida em Cuiabá. À procura de experiências que proporcionem boas histórias para contar. Contato: quasesemrepertorio@gmail.com 
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