Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

O desenho do mundo

Gostaria de contar as duas histórias mais lindas que existem, a história da natureza e a do homem em seu fascínio por ela. O desenho da Criação, e a criação do desenho. A Criação, segundo o Gênesis: "No princípio, Deus criou os céus e a terra, e a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz...E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia." 

Nosso fascínio pela natureza e seus mistérios, a veneração à sua Beleza é muito mais primitiva do que qualquer religião ou ciência, e nos seduziu a fazer perguntas sobre a origem do universo, sua História, que é a nossa. Vem da infância da humanidade, quando olhávamos para o céu com o mesmo encantamento. Exploramos através de várias formas com que a imaginação humana enxergou o desenho da criação: Mitologia, Filosofia, as Ciência, Astronomia, Física, Química e Biologia.  

As suas metáforas e simbolismos cruzam a fronteira entre ciência e religião, expressando uma profunda universalidade do pensamento humano, desde os cantos de rituais ancestrais em volta do fogo, até as equações matemáticas que descrevem flutuações de partículas fundamentais da matéria. Estamos sempre aprendendo, mas é como se estivéssemos em um aquário no litoral do oceano cósmico, devido a nossa compreensão limitada. 

Quando exploramos a natureza do conhecimento humano, vemos que infinitos aspectos do mundo natural permanecerão inacessíveis, mais do que inacessíveis, incognoscíveis, mas inspirador é que o conhecimento nos leva a novas perguntas, que antes nem poderiam ter sido sonhadas.  

No mundo Grego, origem cultural da nossa civilização ocidental, da literatura, artes e da Arquitetura Clássica, no período da Grécia Homérica mitológica, o desenho do mundo era um disco circular, com o Mar Mediterrâneo ao meio, o Sol nascia em sua barca ao leste e se punha em Atlântida, no Atlântico a oeste.  

Em 650 a.c. o filósofo Tales de Mileto no mar Egeu, no período da Grécia Arcaica, criou a Filosofia, separando-se da Mitologia, ao buscar as respostas na própria natureza e não no sobrenatural, como forma de entender o desenho da Natureza pela razão. Fez a pergunta: Qual a substância elementar que compõem todas as formas? Atribuiu à água por ela estar em todos os lugares e estar sempre em transformação.  

O filósofo Iônico Anaximandro em 610 a.C. propôs o primeiro Modelo Mecânico do Universo, onde a Terra era um cilindro com altura 3 vezes à sua base e era o centro do mundo, circundada por uma Roda Cósmica, arrodeada de fogo. O filósofo Iônico Anaxímenes 585 a.C. propôs que os astros, como a lua o sol e as estrelas, estariam fixos em uma esfera cristalina. 

Pitágoras em 585 a.C., trouxe o pensamento de que tudo na criação poderia ser medido pela matemática, e pela proporção de sua geometria. A linguagem divina poderia ser lida na harmonia matemática que sustentava toda a Natureza, a mesma Harmonia do universo, estava na geometria das formas e no som da música. Esse pensamento científico chegou à teoria do Big Bang, de Edwin Hubble e George Gamow, em 1929, que a partir de um ponto, há 13,8 bilhões de anos, explodiu a grande expansão do espaço e do tempo, iniciando o desenho da criação.  

Nos três primeiros minutos surgiram os núcleos dos átomos de Hidrogênio e 380 mil anos depois surgiram os seus átomos. 200 milhões de anos após o Big Bang formaram as primeiras estrelas, as Alquimistas da natureza, e em seu coração formam todos os elementos químicos. Toda a beleza que vemos no mundo natural é composto por esses elementos arranjados em padrões harmoniosos. 

Aristóteles em 384 a.C. criou o Modelo Geocêntrico, com a geometria de esferas concêntricas, onde a Terra era o centro e em seguida a esfera onde movia a lua, depois o Sol, e todos os planetas, modelo que prevaleceu por quase 2.000 anos. Nicolau Copérnico em1543 na Renascença escreveu: Rovolutionibus Orbium Celeste, propondo o Modelo Heliocêntrico, retirando a Terra do centro do mundo e colocou o Sol em seu lugar, com os planetas girando em sua volta. 

Em 1678 Isaac Newton, escreveu Principia, onde descreve o desenho do movimento, desde os menores objetos aqui na Terra até as estrelas no céu, a partir da força invisível da gravidade. Ele despedaçou a Redoma Celeste, Esfera Cristalina das estrelas fixas argumentando pela extensão infinita do espaço.  

Aprendemos com o universo curvo de Einstain, no começo do sec. XX, quando demonstrou que o espaço e o tempo eram deformados pela gravidade. Em 1988 O físico inglês John Berner Lee, redesenhou o mundo em forma de rede, o protocolo http, a www. a Rede Mundial. 

Sob o céu da criação, criamos ao longo da história o desenho da Arquitetura, criamos interferindo na paisagem natural, cenários e lugares para as nossas vidas, um céu artificial sobre nosso olhar, uma forma de linguagem feito de pedra, onde expressamos os nossos desejos e sonhos. 

Hoje na nova agenda humana ainda está a busca da felicidade, a preocupação com as mudanças climáticas, a inteligência artificial não consciente e algoritmos interferindo em nossas escolhas, a engenharia Biológica se fundindo com a Cibernética nos redesenhando.  

No dia do Arquiteto, aniversário do nosso genial mestre, arquiteto Oscar Niemeyer, perguntamos inspirados pela essência da harmonia da natureza, qual a cor do céu e o tamanho do coração em nosso desenho?  

 

Paulo Molina Monteiro, arquiteto e urbanista, membro da Academia de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (AAU-MT) 
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