Olhar Direto

Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Opinião

A Mulher Negra do mercado de trabalho

A Mulher Negra do mercado de trabalho
 
 
No último dia 25 de Julho foi comemorado o dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. E para comemorar a data a ABA - Associação Brasileira dos Advogados realizou no período de 25 a 28/07/2021, o “I Seminário Alusivo ao 25 de Julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha”, uma iniciativa da Comissão da Mulher da ABA de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul.

No Brasil o dia também é comemorado em homenagem à Tereza de Benguela, Líder Quilombola que se tornou rainha, resistindo bravamente à escravidão por duas décadas. Isso ocorreu por volta de 1.730 a 1.770.

As mulheres negras estão no topo da cadeia de vulnerabilidade. Costuma-se narrar a história do Brasil sem mulheres negras, mas não há Brasil sem elas, seu trabalho, sua força, sua luta, sua arte e seu conhecimento.

Eu digo que, a data é relevante sim, para chamar à reflexão para a situação de um dos setores mais explorados e oprimidos da sociedade, que é a Mulher Negra, e também é a oportunidade para os indicadores sociais, econômico e políticos que denunciem essa condição da mulher negra na sociedade brasileira.

Vejam senhores, no mercado de trabalho a opressão histórica sobre as mulheres fica ainda mais arraigada, em diversos níveis. A cor da pele ainda é uma barreira quase que insuperável. O currículo é muito bom, mas quando o recrutador vê a pessoa, tudo muda.  (Edilene  achado).

“Entre as mulheres escolarizadas, a negra também é a que fica para trás, porque temos um alto grau de exclusão. Em um país racista, primeiro, a vaga é do homem branco; depois da mulher branca; o homem preto ainda vem antes da mulher negra. Mesmo se a mulher negra for mais qualificada, ainda assim será preterida”.

Temos aqui dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2018, mesmo num País onde elas são 55,6 milhões, chefiam 41,1% das famílias negras, recebem e, média 58,2% da renda das mulheres brancas.

Outro dado revelado na mesma pesquisa mostra que as mulheres negras estão 50% mais suscetíveis ao desemprego do que os outros grupos.

Olha que absurdo! O IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2019 aponta que 39,8% de mulheres negras compõem no grupos submetidas a condições precárias de trabalho, enquanto homens negros 31,6%; mulheres brancas 26,9%; e homens brancos 20,6% do total.

Ainda de acordo com o IBGE, através do PNAD  - PESQUISA Nacional por Amostragem de Domicílio Contínuo, um dos principais indicadores, mostra, na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2020, os pretos e pardos que representam mais da metade da população do País, 56,2% foram os mais prejudicados pela crise provocada pela pandemia do Coronavirus.
Com isso, a taxa de desemprego entre os negros ficou em 17,8%;  entre os pardos, em 15,4%; a dos brancos, por sua vez, ficou em 10,4%, bem abaixo da taxa geral do País, que chegou a 13,3%.

Como não poderia deixar de ser, as mulheres foram as mais afetadas na pandemia, em função da sua forma de inserção no mercado de trabalho. Elas são a maioria nos trabalhos domésticos, e também como vendedores ambulantes, que permanecem no elevado grau de informalidade.

Com a decretação do isolamento social, a situação piorou. Elas foram as primeiras a perderem o emprego, tendo que se recolherem em suas casas ficando sem nenhuma remuneração e sem direitos trabalhistas. E ainda, sem poder fazer “bicos” pelo fato de ter que ficar com seus filhos, devido as escolas estarem fechadas.
Além disso, algumas fazem parte daquelas atividades essenciais, como setores de serviços de limpeza ou entrega de material, medicamentos, alimentos, muitas vezes sem proteção segura, estando mais expostas à COVID-19. O trabalho remoto, então, ficou longe para essa categoria.

Para o diretor social da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, a vantagem de quando se combate a pobreza de maneira eficaz é que não só você beneficia a família dos pobres através dessa redução de desigualdade, mas também você faz a economia do País girar. Dessa forma, todos prosperam.

Nós não somos um País pobre, nós somos um País extremamente desigual. E o que fazer? Sugiro aqui que, é importante pensar em políticas públicas que possam melhorar a qualidade escolar; o acesso ao ensino de qualidade. Políticas de reconhecer a estrutura e instituir programas de acesso do negro no mercado de trabalho: com Carteira assinada, estágio para negros, etc.

Temos que instaurar mais ações afirmativas, que obriguem governos municipais, Estadual e Federal promoverem a inclusão dessa população. Políticas para comprar de empresários negros, de fornecedores negros, e ter um quadro de colaboradores com equidade nas empresas. Um governo sério faz isso.

Não sei se vocês conhecem este projeto: O Processo Seletivo Exclusivo para Negros, feito pela Luíza, do Magazine Luíza. Foi um ótimo exemplo que deve ser seguido. Essa seleção ocorreu entre Setembro de 2020 e Janeiro de 2021.

Esperamos que outras Luízas como do Magazine Luiza tenham essa mesma iniciativa e reconheçam a distância “estrondosa” que existe entre as etnias no Brasil.

E a Sociedade Civil? Nós somos a Sociedade Civil. A chance é olhar para o outro. E, talvez transformar nossos pensamentos, nossas falas em ações. Entender que ações individuais gera impacto no coletivo. As pequenas
Por fim,  que a determinação e resistência de Tereza de Benguela, líder do Quilombo que existiu no Vale do Guaporé, aqui em Mato Grosso, orientem sempre as lutas e ações na construção de uma sociedade mais justa e sem racismo.
 
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MARILZA MOREIRA - Advogada.  Jornalista. Membro da Comissão de Mediação, Arbitragem, Práticas Restaurativas e Sistêmicas da ABA-Associação Brasileira de Advogados em Mato Grosso. Membro do IBDP – Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário.  Consultora de Imagem & Estilo. Membro da FIPI BRAZIL – “Federation of Image Professionals Internati
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