Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Opinião

Entendendo o real sentido de ser patriota


A nossa pátria, para fazer-se amar, deve ser amável (Edmund Burke).
 
Sob o manto do império da ignorância vivemos um momento no país que pessoas usam termos muito importantes e muito caros a uma nação apenas como rótulo para atacar pessoas ou para se defender delas, principalmente nos tribunais das redes sociais. Na base do “ame ou deixe” e se não deixar eu te expulso, está em voga usar nos interesses econômicos corporativos a palavra patriotismo.
 
Dentre as aberrações estão gente mandando seus compatriotas para a Venezuela, Cuba, Argentina entre outros; Atacando escritores de referência mundial, tal como fazem com Paulo Freire de um lado e com Roberto Campos do outro, só para ficar nestes dois exemplos, só porque pensam ou produziram coisas diferentes do seu sentimento. Então penso ser necessário entendermos as raízes e a razão da pátria, do patrício e do patriota.
 
Pátria (do latim "patriota", terra paterna) indica a terra natal ou adotiva de um ser humano, que se sente ligado por vínculos afetivos (amor ao próximo, as demais pessoas nascidas sobre o mesmo solo e sob o mesmo céu), culturais (valoração das pessoas nas diversas áreas do conhecimento, na religiosidade, na música e nas artes que projetam o nome do país), valores (leis e instituições) e história (respeito a construção e trajetória  das pessoas geradoras de fatos quer nos antecederam).
 
Tanto que Ernest Renan escreveu que “uma pátria compõe-se dos mortos que a fundaram assim como dos vivos que a continuam”. Mas é bom lembrar que nem toda nação tem território.
 
Em diversas partes do planeta existem nações reivindicando a formação de um território ainda (Estado próprio), pois elas habitam países onde a nação predominante é outra. Esses grupos são compostos por indivíduos que apresentam características históricas, religiosas, culturais, valores sociais, entre outros elementos em comum. Entre as principais nações nessa situação estão: Curdos, Palestinos, Tibetanos e etc.
 
Patrício ou conterrâneo é quando tratamos com pessoa da mesma pátria ou localidade, que pode ser também compatriota. Na antiga Roma era referência feita a pessoas que pertenciam a aristocracia, natural da mesma pátria. Por isso Voltaire escreveu que “a pátria é nos lugares onde a alma está acorrentada”.
 
Patriotismo é o conjunto de sentimento de orgulho, amor, devolução e devoção à pátria, aos seus símbolos (bandeira, hino, brasão, riquezas naturais e patrimônios material e imaterial, dentre outros) e ao seu povo. É razão do amor dos que querem servir ao seu país e serem solidários com os seus compatriotas. Aristofanes já admitia que “nossa pátria é onde nos sentimos bem”.
 
Logo podemos afirmar que a verdadeira pátria é aquela onde encontramos o maior número de pessoas que se parecem conosco. Quem gosta mais do seu patrimônio que das pessoas são chamados de avarentos, já os que gostam mais da terra onde vivem do que das pessoas que vivem nela são as minhocas e não os patriotas. Patriota gosta de pessoas e por elas dão a vida.
 
Portanto, patriotismo está longe da idiotização do extremismo e do radicalismo verborrágico, do embate excludente e das perseguições manifestadas contra compatriotas ou patrícios, onde terminam por usar indevidamente os símbolos pátrios para atacar conterrâneos que apenas pensam diferente. Neste caso, com afirmou Samuel Johnson, “o patriotismo se torna apenas o último refúgio dos canalhas”. Concluo com dois grandes patriotas, cada um em seu território; para o nosso Rui Barbosa, “o patriotismo, praticamente, consiste, sobretudo, no trabalho”. E o ex-presidente americano Theodore Roosevelt afirmando que “patriotismo significa apoiar o país. Não significa apoiar o presidente nem nenhum outro funcionário público”.

João Edisom de Souza é analista político em MT
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet