Opinião
Cidades Verdes e Resilientes
Autor: Cícero Ramos
29 Nov 2024 - 08:00
Os problemas ambientais urbanos ganham cada vez mais atenção, pois tem afetado as pessoas em diversas formas e graus, sendo essencial que o Poder Público adote medidas eficazes para controlar o processo de degradação ambiental que afeta as cidades. Esses desafios exigem que os municípios atuem na promoção de práticas sustentáveis na solução desse problema.
Uma das melhores soluções para estes problemas, as Florestas Urbanas, são essenciais para a qualidade de vida nas cidades, pois melhoram o ambiente e o bem-estar dos cidadãos. A formação ou manutenção de florestas urbanas envolve o plantio, a condução e o manejo de árvores e plantas nas áreas urbanas, como ruas, praças e parques, com o objetivo de proporcionar diversos benefícios ambientais, sociais, econômicos e na saúde da população.
Do ponto de vista ambiental, as florestas urbanas ajudam a melhorar a qualidade do ar, pois absorvem dióxido de carbono (CO2) e liberam oxigênio, além de atuarem na captura de partículas poluentes, muito prejudiciais aos nossos pulmões. Elas também desempenham um papel importante na mitigação do efeito "ilhas de calor" nas áreas urbanas, pois uma área arborizada pode diminuir em mais de 7ºC a temperatura em relação a um local a pleno sol, pelo efeito da sombra e da maior umidade do ar, proporcionando conforto a todos nós. Cidades bem arborizadas tem menos gastos com saúde pública, pois as pessoas respiram ar de melhor qualidade e tem mais espaços para praticar exercícios.
Outro benefício significativo da arborização urbana é a conservação da água. As árvores auxiliam na interceptação da água da chuva, reduzindo o escoamento superficial e a pressão sobre os sistemas de drenagem urbana, o que pode prevenir alagamentos e a erosão do solo. Em áreas onde a vegetação é escassa, a presença de árvores pode melhorar o equilíbrio hídrico e reduzir o risco de secas.
Além dos benefícios ambientais, as florestas urbanas também trazem ganhos sociais, pois contribuem para a melhoria do espaço público, tornando as cidades mais agradáveis, acessíveis e seguras para pedestres e ciclistas. Ambientes arborizados favorecem o convívio social, estimulando atividades ao ar livre, como caminhadas, lazer e interação entre as pessoas. Além disso, a presença de áreas verdes está associada à redução do estresse e de doenças relacionadas à poluição e ao sedentarismo.
No entanto, a formação e manutenção de florestas urbanas enfrenta desafios, como a falta de planejamento adequado, o crescimento desordenado das áreas urbanas e a escassez de recursos para manutenção. É necessário considerar, nos projetos, a implantação de espécies adequadas e também a compatibilização das demais infraestruturas urbanas com a vegetação.
O planejamento urbano deve integrar as florestas urbanas com a construção de espaços públicos de qualidade, assegurando que as árvores se tornem parte integrante da cidade, e não obstáculos ou causas de problemas.
É fundamental que o Poder Público implemente um planejamento adequado para a coexistência das florestas urbanas com a estrutura das cidades, com projetos bem elaborados, execução eficiente e manejo contínuo, com a participação de profissionais legalmente habilitados, como por exemplo os Engenheiros Florestais.
Não é mais justificável que as cidades brasileiras, independentemente do seu porte, não considerem, entre suas prioridades de governo, o planejamento, a implantação, a manutenção e o manejo das florestas urbanas.
Dispomos de vasto conhecimento técnico e científico, profissionais integrados e capacitados, infraestrutura de serviços, máquinas e equipamentos, além de universidades, centros de pesquisa e empresas especializadas. Em outras palavras, o país tem todos os recursos necessários para apoiar os municípios nos seus projetos.
Investir em florestas urbanas, nas suas mais variadas formas, torna as cidades mais sustentáveis, verdes e resilientes, que conseguem se recuperar rapidamente de desastres naturais como enchentes, secas e tempestades. Isso representa um compromisso com um futuro mais equilibrado e saudável para as próximas gerações.
Cícero Ramos, Engenheiro Florestal e vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais.