Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

Quando a Croácia meteu uma goleada no Brasil

Em clima de fim de festa, a Copa do Mundo termina com muitas surpresas, decepções e polêmicas. Surpresas gritantes, como a eliminação da Alemanha na primeira fase e campanhas pouco convincentes de Brasil e Espanha, decepções com as seleções da Argentina e Portugal, polêmicas com assédios a torcedoras e jornalistas mulheres e um fato que chamou (ou deveria chamar) atenção ainda maior.

Afinal, a Croácia não nos surpreendeu apenas com a chegada até a grande final e pelo futebol firme, solidário e guerreiro. Ela revelou um supercraque da ética, do respeito ao dinheiro público, da honestidade e do verdadeiro espírito republicano. Aliás, UMA supercraque: a Presidente do país. Isso mesmo, a Presidente do país!!

Ela, apaixonada por futebol e torcedora fanática da seleção de seu país, acompanhou, na Rússia, algumas partidas da Croácia como uma cidadã comum, junto aos outros torcedores, vestindo, de forma despojada, calça comprida e a camisa da seleção croata. E tem mais.

Pasmem! Ela pagou com seu próprio din-din (que não é din-din de paletó, nem din-din de caixa de papelão, nem din-din na cueca) os ingressos e as passagens em voo comercial – voo comercial é aquele que nós mortais, você e eu, pegamos no dia-a-dia. Ficou surpreso? Ainda tem mais: como não estava viajando a trabalho, e sim a lazer, ela teve descontados os dias faltosos do seu holerite. Acredite! Isso aconteceu, mesmo que tenha sido num reino tão, tão distante.

Ou melhor, numa república tão, tão distante.  E por que algo que deveria ser o comum, torna-se tão espantoso para nós e ainda vira notícia de destaque? Oras, porque enquanto esse tipo de atitude acontece apenas num "reino" tão, tão distante, nós, do reino de cá, temos que lidar e aguentar os "Lord Farquaad" e os "Rumpelstiltskin" disfarçados de políticos.

Enquanto por lá esse exemplo serve como inspiração para que os membros dos poderes façam o mesmo, por aqui temos como (maus) exemplos uma ex-presidente tresloucada que se hospedava no hotel mais caro da cidade que visitava (com dinheiro público), juízes endinheirados e com vários imóveis recebendo auxílio-moradia (que nós, eu e você, pagamos), membro da Casa dos Horrores viajando para ver jogo do Brasil e justificando que está a serviço do mandato (indivíduo que chegou lá por votos), cartões corporativos pagando despesas com motel (com nossos impostos) e compra de caviar, lagosta, champagne, camarão e vinho do porto para abastecer secretarias de governo (com nosso suado dinheiro). Ou seja, uma discrepância maior que a Via-Láctea, ainda que mamar nas tetas do governo é um esporte nacional.

Mudando um pouco de assunto: o que fazer com o judiciário? Pelas bandas do Sul, teve desembargador vermelho querendo soltar bandido condenado com canetada. Pelas bandas de cá, um juiz de plantão manteve preso o cidadão da Casa dos Horrores vizinha que andava armado (ilegalmente) para cima e pra baixo, com a justificativa de que a prisão era necessária para manter a ordem pública. Depois, veio a canetada do juiz titular mandando soltar o cidadão para que ele continue a andar armado (ilegalmente) para cima e para baixo, com a justificativa de que isso não prejudica a ordem pública. Oi?  Agora só falta chamar o VAR.


Eustáquio Rodrigues Filho é Servidor Público e Escritor – Autor do livro "Um instante para sempre".
 
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