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Opinião

Dia da Advocacia: Uma Reflexão Pessoal e Profissional

Juliana Gimenes de Freitas

O Dia da Advocacia, celebrado em 11 de agosto, sempre foi uma data significativa para mim. Neste ano, a data carrega um peso ainda maior, pois marca o aniversário de quatro anos do falecimento de meu pai, quem me ensinou as melhores lições sobre a profissão e quem me levou a prestar serviços à advocacia através da OABMT. Seu legado e seu exemplo são lembranças constantes que guiam minha jornada na advocacia.

Ser advogada é um privilégio e uma responsabilidade. É uma profissão que exige dedicação, ética e uma busca incessante por justiça. Ao longo de minha carreira, tenho me empenhado em aprender a lidar com o combate e a conciliação, com a compreensão e a explicação, e sobretudo em ouvir e apresentar soluções.

No entanto, minha experiência recente também me trouxe momentos de profunda decepção.

Como conselheira estadual da OAB Mato Grosso, tenho testemunhado a omissão da Ordem em temas de grande relevância nacional. A falta de posicionamento em questões cruciais e a apatia diante de situações que exigem uma postura enérgica são preocupantes. Esperava mais, especialmente em uma instituição que deveria ser a vanguarda na defesa dos direitos não apenas dos advogados, mas de toda a sociedade.

A OAB tem um papel fundamental na defesa da democracia, dos direitos humanos e das liberdades individuais. Quando a instituição se mostra omissa, enfraquece a nossa capacidade de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. É frustrante ver essa apatia, principalmente quando a liderança, tanto a nível nacional quanto estadual, tem a oportunidade de fazer a diferença e escolhe não agir.

A presidência da OAB Mato Grosso é exercida por uma mulher, o que me encheu de esperança de que avançaríamos como instituição na defesa das advogadas e das mulheres em geral. No entanto, essa esperança tem sido frequentemente frustrada. Precisamos de uma OAB que não apenas represente seus membros, mas que também seja um exemplo de luta pelos direitos das mulheres, pela igualdade de gênero e pelo combate à discriminação.

Neste mesmo AGOSTO LILÁS, batizado em decorrência da sanção da Lei Maria da Penha (Lei Federal n. 11.340/2006), vejo a OABMT sem cores, sem força e sem voz para defender ou até mesmo ampliar a conscientização para o combate à violência contra a mulher. Um contrassenso para as advogadas que, assim como eu, esperavam mais da grande oportunidade concedida pela advocacia que escolheu há três anos um caminho de gestão.

E então, reflito sobre o legado do meu pai, sobre a importância da nossa profissão e sobre as responsabilidades que vêm com ela. Desejo ver uma OAB mais ativa, mais presente e mais combativa. Uma OAB que honre seu papel e que seja motivo de orgulho para todos nós que dedicamos nossas vidas à advocacia.

Concluo com um apelo: que possamos, juntos, trabalhar para fortalecer a nossa Ordem, para que ela seja verdadeiramente a defensora dos direitos que prometeu ser. Que este dia nos inspire a renovar nosso compromisso com a justiça e com a ética, e que possamos, de fato, fazer a diferença na vida das pessoas que dependem de nós.

E que meu pai, onde estiver, tenha orgulho de seus filhos advogados por continuarem exercendo a profissão da forma que ele ensinou.

Juliana Gimenes de Freitas é advogada em Cuiabá e conselheira estadual da OAB-MT
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