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Opinião

Conheça e apoie uma RPPN

Cristina Cuiabália

A cada 31 de janeiro comemora-se o Dia Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, conhecidas pela sigla RPPN. O que um nome tão grande pode significar? Por que um dia no calendário para celebrar?
 
Uma RPPN é uma unidade de conservação da natureza, ela nasce quando alguém, que possui uma terra, com árvores típicas da região, animais nativos, e diversos outros atributos, decide registrar em cartório que esta é uma área importante para manter esta floresta (um manguezal, um fragmento de cerrado, caatinga, ou outro tipo de formação) protegida de qualquer uso direto, isto é, que altere essa condição virtuosa natural. E essa decisão é para sempre, os herdeiros desse alguém receberão em suas mãos, um dia, uma RPPN e passarão adiante, num futuro, uma RPPN.
 
Um nome grande para um grande gesto. A iniciativa em declarar uma área privada em patrimônio natural para benefício coletivo é uma forma de assumir a responsabilidade pela proteção do ambiente, permitindo perenidade e prosperidade à vida. Chega a ser o inverso do que é comum encontrar pelo Brasil, em situações onde a biodiversidade é intensamente explorada para benefício privado, com consequências danosas à coletividade. Infelizmente, os exemplos são muitos.
 
Hoje, segundo a Confederação Nacional de RPPNs, são mais de 1.400 reservas privadas no Brasil, que somam cerca de 700 mil hectares de áreas naturais em todos os biomas do país. São mais de 1.400 pessoas e instituições trabalhando para cuidar dessas unidades, tentando ao máximo (muitas vezes sem recursos suficientes) conter pressões e ameaças das mais diversas, como o avanço da urbanização, poluição, invasão, desmatamento, incêndios florestais, pesca predatória, caça. Além disso, várias são abertas à visitação para atividades recreativas, educativas, científicas e até espirituais, sendo a visitação uma das formas de geração de receita para manter a Reserva.
 
Portanto, é fundamental que a sociedade conheça e apoie estas ações, bem como o poder público forneça o suporte necessário, porque as RPPNs, além da importância em si, contribuem ainda para as unidades de conservação públicas próximas a elas, ampliando as áreas sob proteção.
 
A maior reserva privada do país está localizada no Pantanal mato-grossense. Há mais de 20 anos o Sesc Pantanal mantém 108 mil hectares de RPPN, gerando benefícios às populações locais por meio das oportunidades de emprego e projetos sociais, apoiando vários projetos de pesquisa científica de diversas instituições brasileiras, e recebendo anualmente quase 30.000 visitantes que conhecem e se encantam com as paisagens pantaneiras, incluindo sua cultura e tradições. Mas também são evidentes as dificuldades enfrentadas para a valorização e proteção do Pantanal, o que abre uma oportunidade para sensibilizar a todos sobre a importância deste bioma para o bem-estar daqueles que vivem e dos que visitam a região.
 
É somente cuidando de áreas como a RPPN Sesc Pantanal e das outras centenas de RPPNs brasileiras, que se torna possível a natureza prover água potável, solo fértil, ar respirável e belas paisagens para se vivenciar experiências únicas. Aproveite esta data comemorativa para conhecer uma RPPN. Visite, apoie e compartilhe desta responsabilidade que é de todos.
 

Cristina Cuiabália é bióloga e gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Sesc Pantanal.
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