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Opinião

Melhor cedo do que tarde … ou nunca.

Marcelo Portocarrero

Essa é uma situação daquelas em que se ficar o bicho come e se correr o bicho pega, razão porque não será fácil resolver a questão. Por isso mesmo o melhor é administrá-la como parece estar fazendo o Presidente desde que assumiu ou seja, dando tempo para que tudo se arrume sem sua intervenção direta como é o caso das reações corporativas de deputados e senadores às propostas encaminhadas pelo Executivo.

A esta altura dos acontecimentos já era de se esperar que nossos congressistas tivessem entendido o mal que fazem ao país ao adiar as medidas urgentes que estão sob sua responsabilidade. Mas não, demonstram  incapacidade de subsistir à eventual recuperação do país, mesmo que aos trancos e barrancos como pretendem impor. Agindo assim reafirmam não terem esquecido suas origens perdulárias e mercantilistas, quando não suas incompetências para sobreviver tendo que trabalhar no ritmo proposto pelo Executivo.

Está claro que ao contrário do que aconteceu no passado recente boa parte da população, senão a maioria, concorda com as propostas do governo em todas as áreas da administração pública, inclusive a educação. Até porque ele foi eleito com estes propósitos claramente expostos. Deixar os embates dos temas polêmicos para depois manterá o governo sobre a pressão que o Legislativo parece pretender, situação que em nada contribui para que saiamos do torpor que muitos políticos inconsequentes querem manter.

Hoje sabemos a causa de seus temores graças a três deputados falastrões que a Globo News mostrou ao vivo e a cores no programa “Estúdio i” através da reportagem de um de seus articulista político que sabe muito bem quem eram os três, mas ficou mudo ou foi proibido de dizer seus nomes. A confirmação dessa reportagem veio durante a comemoração virulenta do “Dia do Trabalhador”, quando a intenção política de restringir o alcance da Reforma Previdenciária foi mencionada por certo deputado paulista.

Ainda é cedo para duvidar da capacidade desse governo mesmo porque a oposição e parte dos meios de comunicação faz de tudo para atrapalhar. Entretanto, o que se vê é que aos poucos o país está conseguindo superar as barreiras erguidas pela incompetência dos governos anteriores e daqueles que deveriam legislar a favor de seus eleitores, mas que parecem pretender impedir a recuperação econômica e social do país receando o sucesso de um presidente que como todos os outros que o antecederam foi eleito para fazer exatamente isso. Mesmo assim avanços existem e são perceptíveis, só não vê quem não quer ou continua com os olhos vendados pela escuridão ideológica. Temos que dar tempo ao tempo e evitar a disseminação de notícias falsas e atitudes que em nada contribuem para a recuperação da situação caótica que entregaram a este governo que aí está.

O adiamento da discussão de outros assuntos envolvendo reformas estruturais dificultarão a recuperação econômica do país na rapidez e robustez necessárias, por isso aproveitar o momento da discussão da reforma da previdência e também tratar de questões importantes como as reformas da educação e tributária pode ser, ao contrário do que alguns pensam, a estratégia correta.

Outra frente de esforço contra as intenções do Executivo vem dos outros dois poderes. Vimos isso acontecer semana passada quando o STF aprovou por 6 a 5 (com o voto de desempate do seu deslustrado presidente) autorização para que as Assembleias Legislativas Estaduais a exemplo da Federal possam soltar seus deputados presos. Ao mesmo tempo a comissão legislativa que analisa a MP da reestruturação do Executivo aprovou retirar do Ministério da Justiça o Coaf em outra clara demonstração de que pretendem diminuir a importância de Moro e a capacidade de ação da Lava Jato. Uma afronta aos desejos da população e um teste à paciência dos eleitores que veem neste governo a possibilidade de resgatar o país da escravidão legalista que os mantem reféns.

Pensemos na questão do “enfrentamento de fato” com os opositores das propostas do governo como um evento que irá acontecer uma hora ou outro e que talvez seja melhor para o país que aconteça agora, no início do mandato quando ajustes podem ser feitos a tempo ou, em outras palavras, melhor cedo do que tarde ou … nunca.

Enfim, se podemos fazer alguma coisa é ficar atentos e aguardar o desenvolver dos acontecimentos. De resto, é preciso continuar acreditando e fazendo tudo que estiver ao alcance para ajudar, pois não faltam esperanças de voltarmos a viver em um país educado, saudável, seguro e próspero.


Marcelo Portocarrero é Engenheiro Civil.
 
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