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Opinião

O corporativismo político é endêmico

Marcelo Portocarrero

O corporativismo político é endêmico e tão antigo quanto a posição daqueles que insistem em colocar seus planos e interesses a frente dos problemas brasileiros.

Bolsonaro foi eleito Presidente da República e imediatamente também eleito desafeto número um dos políticos à moda antiga, aquela das repúblicas das bananas, onde tudo se tira do povo, em nome do povo, só que para eles mesmos e seus parceiros. E olha que de parceiros podemos elencar uma penca de outros beneficiários do erário público, desde o próprio legislativo, apadrinhados , empresas, passando pelo executivo e alcançando os píncaros do judiciário.

A coisa toda se dá porque o presidente eleito se posicionou desde o princípio e dentre outras coisas contra um certo rito processual das duas casas do legislativo, aquele que trata das matérias que se destinam a brindar seus membros com propostas que se traduzem em benesses.

Se contestadas, cabe ao judiciário, sempre parceiro nesses assuntos, chancela-las mesmo quando eivadas das mais descabidas justificativas, sempre alegando a égide da independência dos poderes uma vez que delas também se beneficia através de uma espécie de osmose vinculativa por eles institucionalizada para os três poderes, a qual permite se imiscuam em cascata por todas as instâncias nacionais.

Já a nós cabe pagá-los calados, são leis e decretos constitucionalizados, portanto direitos adquiridos por aqueles e aquelas que se enquadram em seus termos, mesmo que moralmente indevidos e transferem muito para pouco e deixam pouco para muitos. Caso óbvio das diferenças entre as aposentadorias da cidadania comum em relação aos beneficiários dos três poderes da República.

Quer outro exemplo, vamos à prerrogativa especial para funcionário público de qualquer instância ter seu salário imediatamente aumentado ao concluir qualquer pós-graduação, são os adicionais de qualificação e ações de treinamento, o melhor de tudo é que são cumulativos, enquanto que no serviço privado este esforço permite apenas sua melhor preparação para enfrentar a concorrência.

Sempre ouço, leio e vejo pessoas se referirem a tais diferenças como devidas porque são fruto de seus esforços para consegui-las. Não há como discordar do mérito de qualquer esforço para torná-lo um benefício. A questão não está no mérito, muito menos na justa conquista, esta na desproporcionalidade entre direitos adquiridos quando olhamos o todo e não as partes separadamente.

Nada, absolutamente nada justifica essas gritantes diferenças, nem a manipulação da Justiça que as permitiu mesmo ciente de tamanha e injusta discrepância.

A César o que é de César, assim foi como um o Jesus respondeu aos que o questionaram sobre o direito à moeda em suas mãos. A frase estabelece a verdade sobre o que é justo, o que é injusto e a importância de saber a diferença entre as duas circunstâncias.


Marcelo Portocarrero é Engenheiro Civil.
 
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