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Opinião

Cavalhada 2019

Licio Antonio Malheiros

Cavalhada,  festividade tradicional de origem portuguesa; acontece no município de Poconé, fundada em 1781, hoje,  com 238 anos, conhecida como cidade pantaneira, por se encontrar na microrregião Alto Pantanal. Esta festividade chegou a Mato Grosso em 1769, em comemoração à chegada  de Luiz Pinto de Souza Coutinho, terceiro governado.

A cavalhada, originária dos torneios medievais europeus, acontece concomitantemente com a Festa de São Benedito, este torneio, tão esperado pela população poconeana, chegou ao estado em 1769 quando Luiz Pinto de Souza, capitão geral e terceiro governador da Capital,  fixou moradia no município pantaneiro.

A batalha medieval acontece no Clube Cidade Rosa, a partir das 8 horas, de domingo dia 23, tendo início  com a entrada dos exércitos Mouro (vermelho) e Cristão (azul). Os exércitos são compostos por 12 cavalheiros e seus respectivos pajens. Em seguida ocorre à entrada da rainha e dos mantenedores (são pessoas que comandam os exércitos), além do embaixador e, finalmente, as bandeiras do Divino Espirito Santo e de São Benedito.

Vamos contar um pouco da história que norteou a festividade  cavalhada, batalha travada, entre   Mouros e Cristãos.

Segundo a história, essa batalha medieval aconteceu por conta, da rainha moura ter sido roubada pelos Cristãos, em troca da conversão dos Mouros ao Cristianismo, esse episódio aconteceu durante a dinastia carolingial (século VI d.c), portanto há quase 1.500 anos. Carlos Mágno de religião Cristã lutou bravamente contra os sarrocenos de religião Islâmica, impedindo-os  de invadir  o centro norte da Europa.  

O fato marcante ficou por conta da bravura e lealdade Cristã, que  em suas viagens, levavam os   trovadores (artistas que usavam instrumentos musicais, como o alaúde ou a cistre, eles compunham e entoavam cantigas).

Viajavam por toda Europa,  esse episódio nefasto, ensejou no que ficou conhecido como a "A Batalha de Carlos Mágno  e os 12 pares da França", um verdadeiro épico, cantado em trova, como forma  de incentivar  a população Cristã contra as investidas dos exércitos islâmicos, que apesar da derrota na batalha de Carlos Mágno, não abandonou as investidas, principalmente  ao sul da Europa, vindos da Mauritânia.

Agora, me reportando ao século XXI, esta batalha para a cidade pantaneira de Poconé, se tornou uma tradição, que vem sendo passada, por diferentes gerações. Fui convidado pela família, Assis e Silva, para assistir a este evento secular, que se tornou o cartão de visitas da cidade.

O senhor Luiz Assis e Silva com 86 anos, apaixonado pela cavalhada, passou para as gerações futuras da família, a importância desse evento. Inclusive, seu neto mais velho Cleyton Assis e Silva Lacotis pai do Carlos Eduardo Curvo Lacotis, bisneto do senhor Luiz, vem sendo preparado, para dar continuidade a esta tradicional festividade representando a família. Cleyton participa do evento como cavalheiro, seguido do seu pajem, Olavo Oliveira Diniz, tendo como rainha este ano, Nádia Martins do Amaral.

Outras figuras importantíssimas nesse contexto são os mantenedores, tanto dos Cristãos como dos Mouros; este ano, os Cristãos foram representados por Eduardo Matos Eubank de Campos, tendo como  mantenedor dos   Mouros,  o senhor Adriano Nunes  Rondon. Os  embaixadores, também desempenham  papel fundamental nesse contexto, o  Exercito Cristão, é representado  por  Gabriel da Silva Lobo, enquanto, o Exército Mouro,  representado por Diogo Dorileo.   

A ansiedade e desejo de participar e assistir a esta festividade, é esperada pela população poconeana e, acaba  contagiando quem pela primeira vez veio  participar.

Fiquei perplexo com tamanha organização e empenho, demonstrado pelos organizadores desse megaevento,   estou dizendo isso, pelo fato de ter assistido no domingo (23),  uma das encenações  mais lindas por mim presenciadas,  uma verdadeira epopeia vivida por pessoas comuns que representaram a batalha  Cavalhada, como se fosse, no período medieval. O momento mais esperado aconteceu quando os Cristãos roubam a rainha e incendiaram o  castelo, ensejando, uma batalha campal entre  Cristãos e  Mouros. Todos, vestidos a caráter, empunhando espadas e lanças, se digladiavam para ver com quem iria ficar a rainha,  este ano, os vencedores foram os Mouros que lutaram bravamente pela reconquista da Rainha.

Um grande incentivador da cultura Matogrossense, e que vem investindo de corpo e alma em  ações propositivas voltadas a atender as reais necessidades da  mesma. Reporto-me, ao deputado estadual Elizeu Nascimento, por se tratar de uma pessoa altruísta, portanto, não mede esforços no sentido de incentivar e apoiar este  maravilhoso evento, a  Cavalhada.


 Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo
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