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Opinião

Trabalho: reinventar ou acabar?

João Edisom de Souza

As transformações no mundo do trabalho tem mexido nas profissões em uma velocidade assustadora. A crise corporativa já é uma realidade. Funções milenares já não tem o mesmo valor. Funções hoje robotizadas já tornaram obsoleta a interferência humana. Neste texto aponto algumas profissões tradicionais que estão em metamorfose e outras que estão em extinção.

Professor: começou com o ensino a distância e os discursos obsoletos dos velhos cursos de pedagogia que teimaram em ideologizar para não renovar que “professor não ensina”, é apenas um “facilitador” de conhecimentos. Pois bem, os mecanismos tecnológicos são facilitadores e simuladores com infinitas possibilidades, talvez alguém venha dizer agora que professor seja apenas um “alimentador de informações para computadores”. O resto a máquina fará e com mais eficiência. Computador não cansa, não chateia, não faz greve e ainda é muito mais divertido que um humano chato. Muitos virarão cuidadores de crianças, outros abastecedores de conteúdo e terão ainda aqueles que vão protestar até a morte. 

Jornalista: o monopólio da informação era dado ao jornalista e seu veículo de divulgação. Tanto que leis de proteção a fonte e formação acadêmica específica se tornaram obrigatoriedade para o exercício da profissão até 2009. Mas a uma década o chamado furo de reportagem perdeu valor a medida que um celular conectado a internet deu a velocidade inimaginável a divulgação do fato. E este celular está nas mãos de todos, velocidade de informação não é mais prerrogativa do jornalista. 

Médicos: a máquina tem a precisão não somente na análise e interpretação do material coletado como em muitas das execuções. Logo radiologista, bioquímico e até cirurgião, dentre outras especialidades, serão facilmente substituídos por máquinas quase infalíveis.   

Advogados: já não fazem mais tanto sentido ir a um escritório para as chamadas consultas e orientações. Devem ser facilmente substituídos por advogados eletrônicos com respostas prontas.  Algumas áreas vão tendo que se transformar para o digital, tanto que hoje boa parte dos acadêmicos já buscam o estudo do direito como uma complementação de conhecimento para atuar em outras áreas do conhecimento, ou mesmo para concurso. 

O concurso público no formato que conhecemos é outra frente que deve desidratar rapidamente nos próximos anos.

Na realidade, as profissões citadas, por terem formação acadêmica deverão se transformar, se reinventar. Há um novo jeito de fazer jornalismo, uma nova forma de ser professor, um novo jeito de se advogar e novas áreas nascendo na medicina. Conhecimento não se perde se existir vontade de agregar valores. O que muda é o trabalho a ser executado e não a profissão.

Agora, atividades como carteiro, agentes de viagem, comissário de bordo, torneiro mecânico, fiscais, vendedores, caixas financeiros, balconistas e atendentes já são facilmente substituídos por aplicativos. O velho mecânico por um computador e uns três cabos de fios. O marceneiro por uma impressora 3D. Nestes casos não há o que se reinventar. Quem é vivo está vendo. 

As pessoas atingidas que não se reinventarem estão fadadas a solidão do desemprego, ou a serem vitimas das histerias das radicalizações corporativas pela manutenção do velho jeito obsoleto de estar no mundo, vão continuar  brigando para viver do que já morreu. 

João Edisom de Souza é professor universitário e analista político em Mato Grosso.
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