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Opinião

É preciso levar hemodiálise ao interior

Edson da Silva Giripoca

Na carência de um Centro de Nefrologia, os pacientes do interior fazem uma verdadeira peregrinação em busca de tratamento especializado. Em nosso Estado, devido ao clima quente, os pacientes que precisam fazer hemodiálise três vezes por semana em Cuiabá, ou em outras cidades mais distantes, padecem pela falta de logística.

O planejamento macro deve iniciar pelo micro, mas o óbvio muitas vezes vira uma exceção e o interior, o local onde vive o cidadão que precisa de mais apoio, pois tudo fica mais distante, sempre é esquecido. A falta de política pública numa visão descentralizadora – levando socorro para o mais próximo possível da população – é a solução para diminuir o número de mortes e amenizar o sofrimento que quem já padece com enfermidades.

Diamantino (190km de Cuiabá) é um importante exemplo, está em uma posição estratégica, no Médio Norte, tem todo potencial para abrigar um Centro de Nefrologia, assim, atender vários municípios da região desafogando Cuiabá e ofertando serviços gratuitos voltados para saúde do sistema urinário, em especial dos rins.

O interior clama por especialidades médicas, por tratamentos mais aprofundados, a entrega de novas ambulâncias revela uma realidade não tão otimista, analisando pelo prisma semiótico, pois o "turismo da saúde" levando os pacientes aos grandes centros pode ser letal, ainda mais com estradas caóticas que revelam a outra face do descaso e da inoperância.

É preciso tratar o cidadão em sua cidade, ou o mais próximo possível dela. O fluxo de ambulâncias nas rodovias transportado pacientes em busca da cura longe da família faz tudo ser ainda mais difícil e oneroso.

A prioridade de qualquer governo Estadual e Federal tem que ser em proporcionar mais estrutura ao interior, regionalizar e fortalecer o sistema público de saúde local.

A humanização do atendimento não pode ser cobrada somente dos profissionais da saúde, tem que começar pelos representantes do povo, os que foram eleitos emanados da própria população para resolver os problemas da coletividade.

Os profissionais da saúde são guerreiros que trabalham arduamente com os poucos instrumentos que têm. Muitas vezes esquecidos, os motoristas de ambulâncias têm um trabalho altruísta, na luta contra o tempo e longos trajetos para salvar vidas, sem valorização salarial ainda por vezes usam parte do salário para contribuir para que o paciente consiga fazer um lanche no meio da estrada.

A inversão dos valores e das prioridades mata mais que as doenças. Sem pensar plural, a falta de planejamento é uma algoz metástase que faz como vítima justamente quem mais precisa. E o erro habita na falta de estratégia, na falta do real planejamento pensando de dentro para fora, pensando no cidadão.
 


Edson da Silva Giripoca (PSD), vereador e presidente da Câmara Municipal de Diamantino (MT)
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