Imprimir

Opinião

Sem conscientização, lockdown para quê?

Misael Galvão

Fim de semana na Chapada com muitos amigos, jantares nas casas das amigas na segunda, futebol com os parceiros na quarta, uma cervejinha “rápida” na casa do irmão, com primos e cunhados na sexta, uma volta de lancha com a turma no Manso no domingo. Em tempos normais, eu poderia chamar esses cenários de confraternização. Mas nos novos tempos, isso se chama aglomeração. Vou além: chama-se desrespeito.

A ausência destes cuidados fez ganhar força a sugestão de lockdown como solução para estancar o aumento expressivo de número de casos de Coronavírus em Cuiabá. Lockdown, expressão em inglês se tornou tão popular que até os cuiabanos mais tradicionais já aprenderam a pronunciar. Mas, infelizmente, a maioria, não está apta a aprender como cumpri-la. 

Lockdown significa confinamento ou fechamento total das ruas. Isto é: a proibição total de deslocamentos pelas ruas e de abertura do comércio.  Somente os serviços considerados essenciais continuarão a ser ofertados.

É certo optar pelo lockdown quando todos os recursos de combate foram esgotados. Mas me diga, em Cuiabá, lockdown para quê se a maioria da população está achando que home office é oportunidade de fazer festas e reuniões sociais privadas? Ah, é na minha casa. Ou, o rio é privado, então posso colocar 20 pessoas lá.

Nos bairros, os pequenos comerciantes tem o dever de exigir o uso da máscara em seus estabelecimentos e a obrigação de oferecer álcool em gel na entrada – mas não vejo esse cuidado, essa preocupação em outros lugares.

Lockdown para quê se grupos da nossa sociedade fazem chacota do isolamento social e festas cujos nomes são um deboche ao coronavírus. Meu amigo, minha amiga, a festa que seu filho foi no final de semana pode estar levando o vírus para dentro da sua casa. Pode ser a sentença de morte dos seus pais e até a sua. 

Sim, eu sou contra o lockdown e a favor da conscientização. O lockdown vem para sacrificar os pequenos e grandes empreendedores e judiar dos trabalhadores. Sou a favor do trabalho e de fazer a economia girar. A favor de não deixar ninguém passar fome nesta Capital. A favor da saúde mental dos empresários, empreendedores e também dos trabalhadores que estão perdendo seus empregos.

Fique em casa se puder. Faça o home office se puder. Faça isolamento social quando der. Vá ao mercado, à farmácia, ao shopping e faça suas compras de forma objetiva e rápida. Volte para casa e cumpra todos os cuidados do protocolo de segurança recomendados.

Entre os cuidados estão usar máscara, passar álcool em gel 70% nas mãos sempre que exposto a lugares externos, tirar os sapatos aentes de entrar em casa, trocar as roupas, etc.

O vírus somente será enfrentado com conscientização. Não joguem essa responsabilidade na conta do Poder Público e nem na mesa de quem está trabalhando com 20% da capacidade, ganhando o mínimo para sobreviver.

Se não houver conscientização, lockdown para quê? As festinhas “privadas” vão continuar no lockdown. As reuniões familiares vão continuar. A falta de respeito vai continuar.  

A maior ameaça neste momento é a falta de empatia. Jamais vamos vencer este vírus sem a conscientização do importante papel que todos nós temos de desempenhar: o isolamento social quando puder e cumprir as normas de segurança prioritariamente. 



O vereador Misael Galvão é presidente da Câmara Municipal de Cuiabá
Imprimir