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Opinião

Pirotecnia

Licio Antonio Malheiros

O  nosso país,  saiu literalmente dos trilhos (descarrilhou); vivemos momentos alarmantes e preocupantes, por vários motivos, principalmente pela aceleração da pandemia viral, propagada por esse vírus mortal Covid-19, que se alastra em progressão geométrica, principalmente com o engendramento de políticas públicas de sobreposição de poderes, e manipulação de informações com viés claro e definido, na tentativa, de enfraquecimento de outros poderes constituídos.

Na história do Brasil republicano há 118 anos; desde então, nunca se viu tanta sobreposição de poderes e de direitos constitucionais vilipendiados, entre os quais, o amplo direito de defesa, como preconiza a Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 5º, inciso LVII “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Esta chamada em questão demonstra e denota como a sobreposição de poderes, nos dias atuais vem se tornando uma constante, com pedidos de operações policiais espetaculosas e pirotécnicas.

Na segunda-feira (15), Sara Winter foi presa em uma operação da Polícia Federal (PF), a decisão foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito que apura manifestações  antidemocráticas.

Como desmembramento dessa mesma operação, na manhã de domingo (21), em uma chácara na região de Arniqueiras em Águas Claras, uma cidade satélite, da capital federal, a chácara em questão, seria utilizada pelo grupo armado de extrema-direita 300 do Brasil, da qual a extremista Sara Winter é líder, cumprido pela Coordenação de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal (Cecor).

A toda poderosa, no domingo (21) em seu programa carro chefe, “Fantástico show da vida”, fez um alarde tão grande com relação a essa megaoperação de ‘guerra’ implementada pela Polícia Civil do Distrito Federal (Cecor); criando nos telespectadores, uma expectativa eminente de que nessa chácara, seriam encontrados aparatos de ‘guerra’, além de ativistas pró-Bolsonaro fortemente armados, e que entrariam em confronto com os policiais.

Na referida chácara, foram encontrados dois idosos; foram apreendidos: fogos de artifício (usados em festas juninas), telefones celulares, um fação (com lâmina pela metade) além de cartazes e outros elementos utilizados em manifestações.

Quanto perigo esses dois idosos encontrados, com esse farto material bélico poderiam representar para sociedade brasileira; que justificasse essa megaoperação, com requintes de filme policial americano, contando com 30 policiais, da Coordenação de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), dando show pirotécnico, sem nenhuma efetividade alcançada. Gastando literalmente, dinheiro público com uma operação no mínimo inócua.

Enquanto isso, o plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),  aprovou a recomendação que orienta a soltura de detentos para evitar a contaminação em massa da Covid-19 no sistema prisional brasileiro, desde março 32,5 mil pessoas “boazinhas” foram colocadas em liberdade. Enquanto isso, ativistas pró-governo são presos por representarem perigo eminente à democracia.

Pare o mundo, quero descer!

Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo.
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