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Opinião

Nomofobia em tempos de pandemia

Waléria Martins Vieira

Estarmos em franco movimento disruptivo é factual. Ainda mais em tempos de isolamento social, em todos os seguimentos, e esta realidade nunca foi tão emergente, providencial e paradoxal. O mundo está vivendo uma grave crise sanitária enfrentando um inimigo novo e invisível. O Brasil passa por sérios problemas de atendimento no sistema de Saúde, num cenário caótico e alarmante número de mortes, em consequência da Covid-19. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) e Organização Mundial da Saúde (OMS), se divergem na complexidade científica medicamentosa, contudo, se convergem nas orientações e necessidade dos cuidados pessoais e coletivos protocolares, objetivando evitar a proliferação do vírus em massa. Inesperadamente as famílias se viram obrigadas ao convívio diário até então inimaginável e suas rotinas avessas às suas convenções pautaram-se pela prevenção, sobrevivência e preocupação com a sanidade mental pessoal e coletiva.

A tecnologia tornou-se mais que nunca um refúgio social e sabe-se que cerca de um terço da população mundial está conectada à internet com aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas acessando informações que circulam diariamente pela web. É impressionante a divulgação dos dados disponíveis por um infográfico pelo site MediaBistro, sobre o mundo virtual: a cada 60 SEGUNDOS 694.445 buscas são feitas no Google, 600 vídeos são postados no YouTube e 320 novas contas são abertas no Twitter.

Em contra partida nesses mesmos 60 segundos nascem 'apenas' 250 bebês. São 780 mil aplicativos baixados por usuários de iPhone em apenas uma hora. Nessa mesma hora, 10,5 mil fotos são inseridas no Facebook e 4.200 novos domínios são registrados. Em apenas um dia, 172 milhões de PESSOAS DIFERENTES visitam o Facebook e 98 ANOS (isso mesmo, anos) de vídeos são carregados no YouTube. No total, o mundo gasta o equivalente a 133.133 ANOS online EM APENAS 24 HORAS, noticia Canaltech, tais dados alarmantes. Pasmem: em uma edição do Jornal New York Times, de domingo, com 12 milhões de palavras, nós temos mais informações do que uma pessoa do Século XVII teve na sua vida inteira, conforme especialista de Oxford, anunciou. E as pessoas de fato?

Estão conectadas ENTRE SÍ, além de suas conexões virtuais? Enfrentamos a NOMOFOBIA, a doença do século XXI. É portanto, fobia causada pelo desconforto, angústia ou ansiedade resultante da incapacidade de acesso à comunicação através de aparelhos celulares, computadores ou qualquer tecnologia que mantenha os indivíduos conectados, como computadores, tablets ou notebooks e está marcado pelo transtorno patológico comportamental da contemporaneidade assim denominado.

O uso excessivo e indiscriminado deles, se torna um transtorno psicológico, que pode desenvolver sintomas físicos e emocionais, desencadear depressão e nem sempre se supera sem ajuda de profissionais. O termo foi criado na Inglaterra em 2008 e tem origem nos diminutivos ingleses NoMo, ou No-Mobile, que significam sem telemóvel. Daí a expressão "nomofobia" ou fobia de ficar sem um aparelho de comunicação móvel.

A tecnologia desenvolveu tamanha dependência nas pessoas, um medo irracional de ficar incontactável, de tão incríveis e multifuncionais são os celulares gerando uma forte dependência que passaram a priorizar a vida online deixando de aproveitar a vida real, por isto hoje, é exponencial o número de indivíduos que desenvolvem vício pelos aparelhos. Se acaba sua bateria, o sinal de internet e isso te causa verdadeiro pânico, você é forte candidato a síndrome da dependência digital.

Não por acaso, o Brasil é o segundo país do mundo que passa mais tempo conectado à internet, por aqui, ficamos conectados em média por 9 horas e vinte nove minutos todos os dias. Isso quer dizer que, dos 365 dias do ano, em 145 deles nós ficamos conectados à internet, de acordo com um estudo realizado em uma parceria da Hoopsuite com a We Are Social. A pesquisa coloca o Brasil apenas atrás das Filipinas, que passa mais de dez horas por dia. De acordo com a Pesquisa Anual do Uso de TI nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas, até o fim de 2019, o país teria 420 milhões de aparelhos digitais ativos, o que corresponde a 2 dispositivos por habitante.

A fobia já é realidade por todo mundo. Uma das primeiras pesquisas nesta área foi produzida pela Time Mobile Pull e pela Qualcomm, realizada no ano de 2012 em diversos países, a pesquisa aponta que 79% das pessoas se sentem mal sem o celular por perto.

No Brasil, 58% dos brasileiros usam smartphones a cada 30 minutos e 35% a cada 10 minutos. Já o estudo efetuado pelo Instituto YouGov, que contou com a participação de 2.163 pessoas, constatou que cerca de 58% dos homens e 47% das mulheres sofrem com nomofobia. Das 2.163 pessoas entrevistadas, 20% disseram não desligar o telefone nunca, e cerca de 10% disseram que o próprio trabalho as obriga a estarem sempre acessíveis. Metade da geração Z brasileira (nascidos entre 1998 e 2002), afirma ter o smartphone como melhor amigo.

A pesquisa fez parte de um programa chamado “Phone Life Balance” para promover o uso inteligente de celulares, isto já é uma boa notícia. É importante compreendermos que a tecnologia não é vilã de nossos tempos, sua utilização é que precisa ser ajustada.

Existem diversos aplicativos com propostas de ajudar usuários com ansiedade e depressão, a exemplo da plataforma Zenklub, que funciona como um consultório 100% digital e mais de 150 especialistas em desenvolvimento pessoal e bem-estar emocional; Medos; Estresse; Conflitos Familiares; Terapia de Casal; Depressão; Fobias e conta com profissionais especializados entre Coachs, Pscicanalistas, Psicólogos e Terapeutas a disposição.

O “Bem-estar digital” é um exemplo de solução criada com foco na melhoria da qualidade de vida dos usuários de smartphones com Android. O pacote criado pelo Google conta com diversos recursos que auxiliam o indivíduo a desconectar e utilizar o celular de forma mais consciente. Presente no Android 9 Pie e em versões posteriores do sistema, o Bem-estar digital permite saber quantas horas por dia o usuário gasta com o telefone, quais são os apps mais utilizados e até definir um timer para limitar o uso de determinado programa. Mais tecnologia a favor da saúde dos internautas oportunizam o controle de tempo de uso do celular como estas 7 ferramentas, existentes hoje em dia: 1-Bem-estar digital-Android 9;2-Seu tempo no Facebook- Facebook;3- Forest; 4-Minha Atividade-Instagram;5-Tempo de Uso- iOS 12;6- Moment;7-Tempo assistidoYouTube. Muitos especialistas classificam esse comportamento de uso excessivo da tecnologia como uma nova forma de isolamento social.

E pensar, que tal comportamento já era tão preocupante e repudiante por muitos especialistas e educadores, se tornou paradoxalmente a salvação do mundo que infelizmente está deprimido, conforme estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 350 MILHÕES de pessoas de todas as idades sofrem com o transtorno e em escalada relevante em época de Pandemia, acredito. Tanto a depressão, a ansiedade factual, patológica, além da dislexia generalizada, são transtornos que afligem a nossa sociedade nesta realidade vivencial, principalmente aos adolescente do Brasil, com maior número de patologia e de tentativas de suicídios, no mundo todo, declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Conforme o Papa Francisco, nós estamos vivendo a síndrome da urgência, do imediatismo.

Na palestra do Pe. Adriano Zandoná, ele diz que devemos estudar, entender, mas no fundo, no fundo, quem nos dá sabedoria é o Espírito Santo, para sermos capazes de conhecer, identificar, interpretar e entendermos os sinais dos tempos e este é o nosso tempo que não temos como fugir. As pessoas buscam enfrentar estes tempos das mais variadas formas desde o enfrentamento com ócio criativo e ostracismo como fuga. Algumas, incessantemente a expansão da consciência.

Aprender as melhores práticas de autodesenvolvimento e bemestar para viver todos os dias. Alta Performance na vida, Biohacking e Mindfulness. Você sabe se Conectar com sua luz e sombra? Lastimável, mas nos conectamos aos aplicativos e deixamos de conectar conosco mesmos. Seria este momento, e tempo oportunidade de buscarmos o melhor caminho? É possível desconectarmos para nos conectar? De acordo com a filosofia UBUNTU, estamos todos interligados: eu sou quem eu sou por causa de quem você é. E sobre conexão segundo Palmer Parker e a norteamericana Kay Pranis, idealizadora dos processos circulares da Justiça Restaurativa, uma das maiores autoridades no assunto no mundo, ensinam que “Temos que nos ver como parte de uma grande teia. É nela que vivemos, numa interconexão UNS COM OS OUTROS. O Círculo é um espaço seguro criado com a finalidade de que todos se comuniquem de maneira igualitária, respeitosa e sigilosa e sejam ouvidos e falem a partir do coração, elaborando suas emoções além de estabelecerem diretrizes ou combinados para construírem e manterem as suas relações, pautadas em valores eleitos entre si, consensualmente, cumprindo as características do paradigma restaurativo pacificador.

Kay alega que o seu trabalho é ajudar a lembrar quem somos como seres humanos, nosso direito ao nascer, de sermos seres humanos e termos bons relacionamentos. Tudo o que fizermos vai afetar essa teia, a todos, pois nunca estamos sós. Com esse pensamento de coletividade, de olhar o outro e da importância dos reflexos das atitudes que cada um pratica, assim ela nos ensina......criar espaços para que as pessoas se reconectem com sua própria sabedoria e coletividade. Uma pessoa que pratica os círculos ela contamina todo o seu ambiente. É uma mudança mental muito profunda. É uma mudança de comportamento permeável no seu meio.

A pessoa se torna um vetor dessa transformação – por isto também estou aqui, porque a honro como Facilitadora de Círculos de Construção de Paz. MUITO ALÉM DA PANDEMIA: O CORAÇÃO PENSA E IRRADIA. Neurofisiologistas ficaram surpresos ao descobrirem que o coração é mais um órgão de inteligência, do que (meramente) a estação principal de bombeamento do corpo. Cientistas apontam que O coração é também o primeiro órgão formado no útero.

O resto vem depois. Mais da metade do Coração é na verdade composto por neurônios da mesma natureza daqueles que compõem o sistema cerebral e também é a fonte do corpo de maior força no campo eletromagnético que se irradia para além da célula. São muito mais fortes do que as ondas cerebrais, de que uma leitura do espectro de frequência do coração podem ser tomadas a partir de três metros de distância do corpo, por meio da Radiestesia ou radioestesia que é uma sensibilidade a determinadas radiações, como energias emitidas por seres vivos e elementos da natureza. Joseph Chilton Pearce, autor de A biologia da Transcendência, chama a isto de” o maior aparato biológico e a sede da nossa maior inteligência”.

Você tem consciência de que frequência e emoções estão vibrando no seu coração? Não podemos voltar ao normal, porque o normal era exatamente o problema. Precisamos voltar melhores. Menos egoístas. Mais solidários. Mais humanos e conscientes de que nossas digitais não se apagam das vidas que tocamos.

Por estas e outras razões, eu te convido à evolução cognitiva holística, nesta grande teia da vida, ao OLHAR CONSCIENTE DO PERTENCIMENTO, com reverência SISTÊMICA, para o antes, o durante e o depois, reconhecendo o MOVIMENTO DO COVID-19, e REALINHAR a sua CONEXÃO PESSOAL à COLETIVA que em TUDO E TODOS REVERBERA nesta grande TEIA DA VIDA, COM ABUNDÂNCIA ILIMITADA, em RESSONÂNCIA COM O UNIVERSO, COM RESPONSABILIDADE SOCIAL, SEM PROCRASTINAÇÃO e, COM OS OLHOS DO CORAÇÃO EM GRATIDÃO. Se após este vasto período pandêmico, de oportunidades de crescimento físico, mental, espiritual e psíquico você permanecer no seu “status quo”, quando tudo isto passar, está tudo bem também. Eu te vejo, sem julgamentos.


WALÉRIA MARTINS VIEIRA Doutoranda em DIREITO COM ESPECIALIZAÇÃO EM MEDIAÇÃO E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS da Universidade UNMDP de Mar Del Plata- Argentina (Créditos concluídos) aguardando lapso temporal para defesa da tese.


Referências: https://canaltech.com.br/entretenimento/Infografico-A-Internet-em-um-dia-hora-minuto-esegundo/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Nomofobia http://portaldonic.com.br/jornalismo/2020/02/11/nomofobia-o-pavor-do-seculo-xxi/ Saúde - iG @ https://saude.ig.com.br/2020-01-02/nao-larga-o-celular-voce-pode-sofrer-denomofobia-veja-sintomas-e-riscos.html https://www.selecoes.com.br/saude/nomofobia-principais-sintomas-e-tratamentos-para-o-vicioem-celular/ https://www.aec.com.br/Site/Noticia/14372?slug=nomofobia-e-a-dependencia-digi Tecnologia - iG @ https://tecnologia.ig.com.br/2019-07-11/adeus-vicio-7-ferramentas-paracontrolar-o-tempo-de-uso-do-celular.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Radiestesia https://pt.wikipedia.org/wiki/Biohacking PALESTRA: https://www.youtube.com/watch?v=_PNI67b2WGI&feature=youtu.be
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