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Opinião

Gás natural no Distrito Industrial, um sonho perto da realização

Carlos Avallone

Uma expectativa de mais 20 anos começa a se concretizar. O Diário Oficial de MT publicou o extrato do Termo de cooperação técnica 0231/2020 entre a MT Gás e a MT Par. O objetivo é a implantação do sistema de distribuição de gás natural no Distrito Industrial de Cuiabá. Os empresários aguardam desde 2001, quando iniciou a operação do Gasoduto Lateral Cuiabá, o acesso a esta fonte alternativa de energia, mais barata e limpa que as convencionais.

A MT Gás prevê que a oferta de gás natural hoje restrita à Termoelétrica Mário Covas, poderá abranger progressivamente diversos segmentos como o industrial, agrícola, residencial e Gás Natural Veicular. A indústria, primeira beneficiária, terá uma redução de custos significativa com reflexos em toda a cadeia de produção e consumo.

Lembro que o projeto do Gás começou em 96, quando o governador Dante de Oliveira vislumbrou a possibilidade de trazer o gás da Bolívia. Foi logo falar com o presidente FHC, que estava fazendo o gasoduto Brasil-Bolívia. Dante, com a insistência peculiar, reclamou que não havia no projeto um ramal para Cuiabá. Isso era um absurdo, questionava ele, pois temos uma fronteira maior com a Bolívia e o gasoduto não poderia deixar de beneficiar o estado.

Enquanto convencia FHC, Dante buscou uma parceria público-privada. Fui com ele a Houston (EUA), procurar a Enron e convidamos a empresa a investir com apoio dos governos estadual e federal e interlocução com a Bolívia. O trabalho de Dante viabilizou o ramal e graças à sua atuação foram feitos 700 km do gasoduto, da Bolívia a Cuiabá, passando por San Matias (Bolívia), Cáceres, Livramento, Poconé e Várzea Grande.

Quando a termelétrica de Cuiabá começou a operar, produzia mais que o consumo total de energia de MT. Numa só tacada, Dante viabilizou o gasoduto e a termoelétrica, tornando o estado autossuficiente em energia. Ainda assim, ajudou a terminar a hidrelétrica de Manso, estendeu linhões à região Norte, criou um grande programa de PCHs, e o estado é até hoje exportador de energia.

Vários governos se sucederam e a ligação com o Distrito Industrial não foi feita, apesar de serem apenas 6 km. Felizmente as últimas barreiras foram superadas graças ao empenho do governo do Estado e da Assembleia Legislativa.

Agora com esta parceria entre MT Gás e MT Par, no contexto do novo marco regulatório do setor, em análise pelo Congresso, as expectativas são animadoras. Além de levar o gás para o distrito, estamos trabalhando para trazer um novo gasoduto de Brasília a Cuiabá, para que também o gás brasileiro chegue aqui e possa competir com o preço da Bolívia.

Mato Grosso pode substituir o uso de energia elétrica e óleo diesel por gás natural nos três setores que mais consomem: indústria, agropecuária e transporte. A conclusão é de um estudo do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás, da Fapesp (SP), que revelou um volume potencial de gás de 2,1 milhões de m3/dia para substituição de diesel e eletricidade nos setores econômicos.

A partir da licitação, em pouco tempo o sonho dos industriais do Distrito e de boa parte da classe política será concretizado, com resultados positivos em termos de redução do custo da produção em MT, uso de energia limpa e benefícios também aos consumidores.





Carlos Avallone é deputado pelo PSDB e preside a Comissão de Indústria, Comércio e Turismo da ALMT
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