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Opinião

Do cristianismo a política atual

João Edisom de Souza

Embora muitos não sejam praticantes, a verdade é que a grande massa de eleitores brasileiros se autodenominam cristãos, mesmo que dentro das diversas vertentes confessionais. Os textos bíblicos quase sempre muito bem claros, distinguem seus personagens heroicos ou não, casos de Judas e Pilatos. Mas não somente na bíblia há textos de cristãos exemplares que dedicaram sua trajetória ao próximo, caso de São Francisco de Assis.

Judas Iscariotes foi um dos doze apóstolos que, de acordo com os evangelhos canônicos, veio a ser o traidor que entregou Jesus aos seus captores por trinta moedas de prata. Pôncio Pilatos foi prefeito da província romana da Judeia do ano 26 d.C. até 36d.C., ou começo do 37 d.C. Sua jurisdição chegava até a Samaria e Alduméia. Na hora de decidir sobre a condenação ou não de Jesus, ele simplesmente lavou as mãos.

Já São Francisco de Assis (1182-1226) foi um religioso italiano, fundador da Ordem dos Franciscanos. Era filho de um rico comerciante, mas fez votos de pobreza e assim passou a viver. Dentre seus versos mais famosos estão o de poder sempre servir aos outros em primeiro lugar, conhecida com a oração da paz, onde ele fala: “Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe”.

Meu questionamento ao eleitor é qual destes personagens cada um descende na hora de fazer suas escolhas? Judas, aquele que fala em moral, ética, mas na hora de votar faz pensando em suas próprias vantagens? Ou Poncio Pilatos, que propaga a honestidade, a capacidade, mas na hora das escolhas lava as mãos? Ou tem sangue de São Francisco de Assis, que pensa primeiro na nação, em um mundo melhor e mais justo e faz de suas palavras suas próprias ações, ou seja, consciência coerência entre fala e ação?

No geral costumamos falar mal dos juízes, mas não educamos nossos jovens e crianças para serem julgadores isentos e corretos. Falamos mal dos políticos e esquecemos que eles são nós mesmos projetados por uma força popular, que é o voto que sai do nosso caráter na hora de fazer as escolhas. Todo politico é a imagem da sociedade refletida no espelho do poder. Criticamos todos os poderes constituídos, mas jogamos lixo nas ruas, estacionamos nas calçadas, destruímos o patrimônio público e cobramos lisura e reparos dos demais.

No momento de eleição é interessante ouvir, ver e analisar as contradições. Somos contra os barracos e baixarias, mas certamente será eleito quem souber usar o máximo possível destas artimanhas.

Que no dia 15 de novembro possamos escolher com a consciência cristã de seus tantos personagens. Então me resta perguntar: e você, vai de que forma? Judas, Pilatos ou Francisco de Assis?
 
João Edisom de Souza é professor universitário e analista político em Mato Grosso.
 
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