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Opinião

As Possibilidades da nanotecnologia para a agricultura de Mato Grosso

Ailton José Terezo

De acordo com projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial será de cerca de 9,8 bilhões no ano de 2.050. Neste cenário futuro, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) estima que a produção de alimentos deverá aumentar 70%. A produção de grãos e de carne deverá crescer mais rapidamente do que se observa atualmente, em parte pela mudança do poder aquisitivo das populações de países em desenvolvimento. (http://www.fao.org/brasil/noticias/detail-events/en/c/901168/).

Estes dados indicam a necessidade do aumento das atividades no campo e significa oportunidade de crescimento econômico e manutenção da posição estratégica do Brasil e, especialmente do Estado de Mato Grosso, no mercado global de commodities.
 
Portanto, numa perspectiva míope, típica de sociedades desprovidas de conhecimento e domínio tecnológico, o agronegócio no Estado de Mato Grosso está com o futuro garantido. Parece não haver risco nenhum. Porém, um dos desafios é que este setor seja sustentável sob os pontos de vista econômico e ambiental. Atualmente, a elevada produtividade das lavouras só é alcançada com extensa aplicação de agroquímicos, mesmo sob condições climáticas favoráveis.

Neste modelo, parece não haver alternativa aos produtores, pois a demanda por alimentos é real e, ao mesmo tempo, atendê-la requer a seleção de cultivares específicos e o uso de grandes quantidades de corretivos de solos, fertilizantes e pesticidas, além do aumento de área, vindo na maioria das vezes de desmatamentos irregulares. Este complexo paradigma causa enorme pressão sobre o setor, já que a sociedade anseia por alimentos em quantidade crescente e exige alimentos saudáveis e seguros com conservação ambiental.

Qual a solução para esta equação? Só existe uma: INVESTIMENTO + EDUCAÇÃO + CONHECIMENTO CIENTÍFICO + INOVAÇÃO TECNOLÓGICA = AGRICULTURA SUSTENTÁVEL.
 
Nas últimas décadas o domínio da biotecnologia trouxe muitas contribuições. No entanto, está claro que novas tecnologias devem ser incorporadas. O risco de esgotamento dos recursos naturais, energia e a contaminação do meio ambiente por pesticidas, mantém a comunidade científica na busca por romper com o paradigma atual no campo. É urgente produzir alimentos com insumos agrícolas mais eficientes e seguros para o meio ambiente.
 
Neste contexto, o surgimento da nanociência trouxe novo fôlego e lança possibilidades de contribuições significativaspara a atividade agricultura com o mínimo de impacto possível. Na nanociência, a matéria é controlada em escala diminuta e os materiais, produtos, formulações químicas, pesticidas, fertilizantes e agroquímicos em geral, podem se comportar de forma muito mais eficiente do quê os convencionais, comercializados atualmente.
 
A corrida pelo desenvolvimento da nanotecnologia na agricultura está a passos largos e alguns caminhos estão sendo apontados. Por exemplo, a formulação de nanopesticidas para liberação controlada de moléculas ativas tem sido apontada como uma estratégia promissora para reduzir o número de aplicações nas lavouras e minimizar o impacto ambiental em culturas de larga escala.

Em outra frente, os nanofertilizantes podem contribuir muito para reduzir a quantidade de insumos utilizados atualmente nas culturas de larga escala, como soja, milho e algodão, as mais importantes no estado de Mato Grosso.
 
Estas e outras questões, na vanguarda do conhecimento, serão apresentadas e debatidas no I Seminário Mato-grossense de Nanotecnologia na Agricultura (I MT-NanoAgro), que irá reunir especialistas nacionais para semear ideias sobre os impactos da nanotecnologia na agricultura, considerando-se questões estratégicas relacionadas ao aumento de produtividade, preservação ambiental, PD&I, legislação e formação de recursos humanos qualificados para atuação no setor, de vital importância para o estado de Mato Grosso.

O I MT-NanoAgro será nesta terça-feira (7/8/2018), no Teatro Zulmira Canavarros da ALMT, e é uma ação conjunta da Universidade Federal e Mato Grosso e da Frente Parlamentar do Agronegócio da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pelo site www.redemtnanoagro.com.br.
 

Ailton José Terezo é professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
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