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Um desafio chamado perdão...

Isolda Risso

Se não for o ato mais difícil, esta entre os mais desafiadores para o ser humano: “perdoar”. 

Não conheço ninguém que não tenha passado por situações que precisou perdoar para a vida se tornar mais leve ou ser perdoado para seguir em frente com a alma em paz.

Quando em uma conversa surge a palavra perdão para algumas pessoas a resposta é imediata “Esta brincando ? “ ou “Nunca “ ou “Não depois do que ele(a) fez “ .

Ouvimos também : “bem que eu gostaria que fosse possível, mas não consigo “ ou “eu não posso perdoar” .

Como pode, uma palavra tão pequena se agigantar em tão penoso ato de encarar ?

Seria possível que o criador do universo não soubesse que o ato de perdoar beira ao impossível para os corações humanos?

Não... que blasfêmia eu pensar uma coisa dessas, é claro que ele sabia o tamanho do desafio que iria nos propor, tanto quanto as nossas possibilidades de supera-lo . 

Todos nós possuímos ideias preconcebidas quanto ao  significado de perdoar, acompanhadas de sentimentos que mantem essas ideias firmemente ancoradas.

O conceito que temos do perdão pode dificultar e limitar nossa capacidade de perdoar, quanto nos elevar, facilitando libertar-nos do passado e das amarras.
Quando perdoamos, estamos na verdade nos libertando de todo o mal que o não perdão nos proporciona ao corpo físico e a alma.

As crenças que temos sobre o perdão abrem ou fecham nossos caminhos, influenciam profundamente nossa vida emocional.

Perdoar não é aprovar comportamentos negativos e impróprios, tanto os nossos quanto dos outros.
Agressão, traição, desonestidade , violência são coisas absolutamente inaceitáveis. 
Perdoar não significa aprovar ou apoiar o que nos causa dor, nem nos impede de agir firmemente para mudar uma situação ou proteger nossos direitos.

Perdoar não é fingir que esta tudo bem, quando no fundo sentimos que não esta. O nome disso é medo de enfrentar uma situação que causa dor, fazendo de conta que esta tudo bem.
Além de não resolver, ao longo do tempo a dor camuflada se transforma em doenças de difícil solução.

Por uma questão cultural e religiosa, muitas pessoas creem que sentir raiva é inaceitável, pior ainda se você expressar sua raiva. Acreditam que é pecado, que Deus vai castigar , que vai para o inferno etc. Reprimem a raiva ao extremo crendo ser o melhor caminho para chegar aos céus. 

Um exemplo para nos ajudar.
Quando somos crianças comumente ouvimos dos nossos pais e professores : “ meninas(os) bonzinhos não sentem raiva “ ou “ se você gritar mamãe ou papai não vão gostar mais de você “ ou “criança que chora não vai para o céu “.

Quando eu vejo alguém falando isso para uma criança eu tenho vontade de pegar o adulto pelo pescoço e torcer. 

Não se faz isso com uma criança, coagir uma criança e fazer com que ela engula goela abaixo seus sentimento é o mesmo que dizer a ela : “eu não te aceito, eu não gosto de você porque você não é boazinha, perfeitinha o tempo todo “. 
Isso é rejeição, quer dizer que só podemos ser amados e aceitos fazendo tudo do jeito que o outro espera que façamos ?

Ora vejam.... a raiva é um sentimento que não nos diminui em nada, o que faremos com a raiva que sentimos sim.

Não é a toa que cada dia mais vivemos em um mundo raivoso, são os ódios reprimidos e não trabalhados de forma correta.
Uma hora isso explode ou implode a pessoa.

Não há a menor chance de perdoar genuinamente se a raiva e a magoa forem negados ou ignorados.

Perdoar não significa que você vá mudar seu comportamento. Se alguém te feriu e com isso houve um afastamento, você não precisa voltar a se relacionar para perdoá-lo . 
Se sua mãe, pai , irmã(o) for muito critico e ácido, você pode perdoar e optar por conviver somente o necessário.

Se o seu marido ou esposa te traiu....você pode perdoar e não querer mais o relacionamento. Pior , muito pior é quando há a traição a pessoa não perdoa, não separa e faz da vida dela e da outra um inferno.

Ou diz que perdoa e na primeira oportunidade da uma alfinetada, revivendo tudo de novo ou se fazendo de boazinha e vitima.
Boazinha coisa nenhuma, vitima muito menos.... ou perdoa e segue a vida da melhor forma possível ou põe um ponto final na relação. 
Gente assim tem nome diferente de boazinha(o) : masoquista, vingativo, fraco.

Fica se escorando em um muro caído, não consegue seguir a vida sozinha e buscar a felicidade por ela(e) mesma, nem deixa o outro seguir a dele. 
São relações doentes e todos em volta adoecem .

A razão mais óbvia para perdoar é o alivio que sentimos, o peso que tiramos das costas. Perdoar é um ato de amor primeiramente por nós e depois para o outro. As vezes ficamos profundamente magoados com a atitude de uma pessoa, mas não falamos e o outro nem imagina que fez algo que nos feriu. 
Fiamos anos e anos remoendo aquela magoa, arrastando correntes pela vida afora e conforme os anos passam o festival de dores começa. 

Sentimentos reprimidos se transforma em dor aqui, dor ali, dor acolá. 
É isso que queremos ? 
De repente, vai saber...

Um abraço.

*Isolda Risso é Personal & Professional Coaching Executive, Xtreme Life Coaching, Neurociência no Processo de Coaching, Programação Neurolinguística (PNL) pedagoga por formação, cronista, retratista do cotidiano, empresária, Idealizadora do Café Com Afeto, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento
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