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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Cuiabano que viralizou com dança nas ruas de Cuiabá decidiu ser drag queen após conhecer Pabllo Vittar

Foto: Reprodução

Cuiabano que viralizou com dança nas ruas de Cuiabá decidiu ser drag queen após conhecer Pabllo Vittar
Ao passar pela Avenida Tenente Coronel Duarte, duas pessoas, que estão no canteiro onde iria passar o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), chamam a atenção de um motorista, que saca o celular do bolso e resolve filmá-los. Uma dessas pessoas é a drag queen Dan Close, de 23 anos, que está gravando um vídeo para a música “Atenção”, parceria de Pedro Sampaio e Luisa Sonza. O vídeo dos bastidores da gravação para na página Perrengue Mato Grosso, no Instagram, e dias depois mais de 17 mil pessoas estão curtindo o trabalho de uma drag queen na capital do estado do agronegócio.

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“Foi um momento muito importante e épico para mim. É uma coisa que eu já queria e estava esperando há muito tempo. Ter essa oportunidade de mostrar meu trabalho e arte para as pessoas. E o Vovô, o Perrengue Mato Grosso, me deu essa oportunidade maravilhosa”, aproveita Dan para agradecer em entrevista ao Olhar Conceito.

Dan Close, ou simplesmente Daniel, começou a se apaixonar pela arte drag em 2015 e tem uma “culpada”: Pabllo Vittar. Enquanto a drag queen mais seguida nas principais redes sociais do mundo começava a colher os frutos de “Open Bar”, versão de “Lean On”, do Major Lazer, Danilo se apaixonava por esta arte e a artista se tornava sua ídolo. Em 2017, inclusive, ele chegou a subir no palco de Pabllo, no único show realizado em Cuiabá, na Casa Rio.
 

Pabllo e Dan dançaram juntos ao som de “Open Bar”, trocaram energias e elogios. O contato com Pabllo foi essencial para que Dan decidisse que também gostaria de se tornar uma drag queen, mas o trabalho só foi colocado em prática no ano seguinte. Naquela mesma época, ela já performava nas ruas da capital e em Várzea Grande, município vizinho, como forma de liberdade de expressão e mostrar quem verdadeiramente é, independente de orientação sexual, identidade de gênero, cor e religião.

Do momento em que Dan Close surgiu até a publicação desta matéria, Danilo sempre gravou nas ruas de Cuiabá e colocou sua cara a tapa. No começo, ele saía de casa com o pensamento de que poderia não retornar vivo, ou inteiro, como ele mesmo descreve. Esse medo se perdeu parcialmente ao longo do tempo, mas o principal problema enfrentado são os assédios constantes enquanto grava os vídeos em pontos movimentados na capital mato-grossense. 

“O medo de apanhar, levar uma facada ou tiro ainda continua. É diário. [Sinto medo] toda vez que vou sair assim na rua, ainda mais com todo esse reconhecimento. Com as pessoas me reconhecendo na rua, eu tenho uma certa insegurança e medo. Porque são mais pessoas acompanhando, mas é sobre isso, é sobre não ouvir seus medos, ir lá e fazer”, explica. 

Esse medo diário já fez com que ele fizesse uma pausa nos trabalhos. O medo, aliás, invadia sua própria casa, visto que sua mãe só foi descobrir que o filho trabalhava como drag queen no mês passado, justamente no Mês Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Dan sempre foi visto como uma “ovelha negra”, sendo a única bicha preta afeminada da família, e agora pode encontrar suporte dentro de sua própria casa. A mãe dá dicas e conselhos ao filho, auxiliando até mesmo em gravações.

“Me dá dicas e conselhos. Para mim, está sendo mais que tudo porque até o ano passado eu trabalhava com muita insegurança, tanto na rua quanto em casa. Agora até o medo na rua diminuiu porque o apoio da mãe é essencial”, confessa ao Olhar Conceito.

Formado em Fotografia, Dan faz parte do trio The Chanel's, junto de Lupita Amorim e Pedro Scarlet. O trio foi criado em 2016, quando as integrantes ainda cursavam o Ensino Médio, o trio apostou na união das diferenças para construir não só performances de dança, como também redes de apoio. "A nossa juventude foi e está sendo vivida a partir dessa experiência que a gente tem enquanto grupo", conta Lupita. 

Referenciando a marca de alta-costura francesa Chanel, o trio já se apresentou em eventos, shows e utilizam as redes sociais para divulgar performances de dança criadas pelas integrantes. Buscando romper estigmas que atravessam a rotina da população negra e LGBT+, as integrantes procuram difundir o reconhecimento de seus espaços enquanto, nas palavras de Pedro Scarlett, “bixas, travestis, pretas e afeminadas”.

Siga Dan no Instagram: @hausofclose.
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