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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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WOW Psiké mexe com os sentidos. É festa libertadora!

Foto: Jessyca Silva

WOW Psiké mexe com os sentidos. É festa libertadora!
O salão com piso xadrez preto e branco ganhava nuances coloridas naquela noite. Serpentes amarelas, azuis e rosa penduradas pelo teto. Um triângulo central iluminava o ambiente praticamente todo azul. Jesus Cristo colorido, na sua cruz branca com luz de Led, olhava todos da estação do DJ. Era como se Lady Gaga tivesse explodido e virado a decoração da WOW Psiké.

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Na entrada, um dos promoters com aquele raio à la David Bowie pintado no rosto recebia os convidados. Rebecca Jones e Biancca Banks, as Drag Queens com porte de modelos que pareciam prestes a adentrar uma passarela, também estavam na porta cumprimentando quem chegava. Chamavam atenção não só pela altura, mas por seus cabelos rosa e loiro, respectivamente, e maquiagem bem delineada com a coroa de flores na cabeça.



Se você ainda não percebeu, sim, era uma balada alternativa. Pode-se até dizer que era uma festa gay, pelo número de pessoas bissexuais e homossexuais. Sem contar os héteros despidos do preconceito que normalmente se vê à luz do dia.

DJ dourado e rosa vem de Goiânia tocar na WOW

Antes da festa, Luis Augusto, o DJ convidado e trazido de Goiânia para tocar especialmente na WOW psiké, estava sentado no Hookerz com amigos e pessoas que acabara de conhecer. Ele tocaria às duas e meia da manhã. Precisava matar o tempo antes de “ahazar” com seu set list.

Alguns Cosmopolitans, Adios motherfuckers, Yellow sodas e águas minerais depois, estávamos todos no carro a caminho da WOW.

- O bullying aqui em Cuiabá é carinhoso – disse Luis Augusto. – Lá em Goiânia as pessoas gritam na rua: “olha a bicha!” e praticamente saem correndo atrás de você com um pedaço de pau na mão. Aqui as pessoas falam “olha seu cabelo rosa” e dançam junto, conversam.

Caso eu não tenha mencionado, Luis Augusto tem os cabelos e a sobrancelha rosa pink, estava usando uma blusa dourada brilhosa com decote “v” bem aberto, calça com estampa militar e coturnos.



Por volta das duas e meia, Luis subiu no que mais parecia um púlpito, não só por causa da cruz, mas por ser acima da pista de dança, e começou a tocar.

O novo hit de Lady Gaga, “Applause”, ecoou pelo salão. Antes a cantora tinha explodido e virado decoração, mas agora quem explodia com Lady Gaga era o público. Todos dançavam animadamente. A saia de uma das meninas levantou mais do que devia quando ela descia até o chão.

Mas depois me disse: “O que é alguns minutos com a polpa da bunda aparecendo comparado com uma juventude perdida no acanhamento?”.

O dilema dos banheiros

Em todas as boates de Cuiabá, inclusive na Zum Zum, os banheiros são separados. Temos o toalete dos homens e das mulheres. Mas somente nisto as coisas estavam separadas por gênero.

Sentada na escada fora do salão, um menino sentou ao meu lado para conversar. Seu modo de falar, gestos e atitudes diziam-me que ele era gay. Mas ele esclareceu que pegava “o que viesse”. Mais tarde, já na pista de dança, ainda com a questão dos gêneros na cabeça, um dos únicos Boy Magia exclusivamente hétero me disse:

- Mas isso não é justo. As lésbicas podem se pegar no banheiro feminino. Os gays podem se pegar no banheiro masculino. E os héteros, fazem como?

A questão do gênero, embora bastante naturalizada naquela pista onde princesas sailor moons, marinheiros e boys magias dançavam, ficava latente em dilemas como esse. Mas depois me explicaram que todo mundo usava o mesmo banheiro.

O Marinheiro se liberta

Um dos supostos “perigos” de se ir à uma balada alternativa é encontrar as pessoas que eram taxadas de uma coisa e de repente descobrir que é exatamente o contrário.



O Marinheiro é um dos meus amigos de infância. Brincávamos juntos desde os seis anos de idade. Sempre acharam que ele tinha o tal do “jeitinho”, mas ele sempre se relacionou com meninas. Bom, até ano passado, pelo menos.

Lá estava ele, dançando até o chão com o que o Boy Magia hétero considerava o gay mais bonito de Cuiabá. Dançamos juntos. Ele dançou com os meninos. Com as outras meninas. O Boy Magia hétero também dançou até o chão com os meninos.

Não que isso importasse. Na verdade, não importava nem um pouco. Assim era a WOW Psiké: libertadora.
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