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Quinta-feira, 14 de novembro de 2024

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Mãe Bonifácia era escrava alforriada e morreu aos 80 anos: pesquisadora encontra certidão de óbito

Foto: Reprodução

Mãe Bonifácia era escrava alforriada e morreu aos 80 anos: pesquisadora encontra certidão de óbito
Escrava alforriada de Dona Leopoldina da Gama e Silva, Mãe Bonifácia morreu aos 80 anos, em 19 de fevereiro de 1867, em Cuiabá, como consta na certidão de óbito encontrada pela historiadora Neila Barreto. Pesquisadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, ela explica que encontrar o registro é um indício de que Mãe Bonifácia realmente existiu.


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"Aos dezenove dias do mês de fevereiro de 1867, faleceu nesta paróchia com o sacramento da penitência, Bonifácia de 80 anos de idade, solteira, natural desta cidade, escrava de Dona Leopoldina da Gama e Silva, foi sepultada no cemitério. E para constar fiz este assento. Cônego José Jacinto da Costa e Silva”, consta no documento encontrado por Neila. 

Ao Olhar Conceito, a historiadora explica que sempre leu sobre Mãe Bonifácia, uma negra escravizada que mantinha um quilombo no terreno em que agora dá lugar ao parque em sua homenagem. 

“Mas, eu percebo que é uma história relatada e contada. O lugar existe, que hoje é o Parque Mãe Bonifácia, todos falam que ela viveu ali, mas é uma coisa contada, falam que era uma mulher negra, a gente lê. Quando eu achei esse documento, falei: ‘bom, então por esse documento, realmente a gente pode ter certeza que ela existiu e quando ela morreu’. Ela era uma escrava forra, tinha uma proprietária, então, quer dizer, se alguém quiser se aprofundar para trás dessa data que ela morreu, já tem um indício”. 

“Na história chamamos de indício, quando você encontra um documento é um indício de que realmente existiu aquela coisa, aquela pessoa e aquele lugar naquela época. Penso que é muito importante para quem quiser continuar a pesquisa e se aprofundar nela”, continua. 

A certidão de óbito de Mãe Bonifácia foi encontrada por Neila em arquivos digitalizados pela Cúria Metropolitana. A historiadora conta que estava fazendo pesquisas sobre a vida do padre Ernesto Camilo Barreto quando encontrou o documento. 

“Tem dez anos que pesquiso a vida do padre Ernesto Camilo Barreto, como ele nasceu e morreu no período dos 800, fico procurando por toda parte, sempre perguntando, mas procurando sempre documentos. Antigamente nascimento, batismo, morte ou casamento era tudo feito nos livros das igrejas. Só agora, mais tarde, que foi para cartórios, então foi nesse meio que tinha essa documentação”. 

Para Neila, o registro é importante para outros pesquisadores que estudam a vida de Mãe Bonifácia. Com ela, por exemplo, é possível dizer, aproximadamente, o ano em que ela nasceu. 

“Ele fala que ela morreu com 80 anos, dá para descobrir quando ela nasceu. Era solteira, ela era escrava dessa Leopoldina, não fala em qual cemitério ela está enterrada, não sei quantos cemitérios havia nessa época. Entendo que esse documento prova que ela existiu”.
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