O Centro Cultural Casa di Rose, em Chapada dos Guimarães, realiza entre 2 de agosto e 28 de setembro a exposição Amazônia Profunda, com obras da coleção “A sapopema da Samaúma/O desaguar do Igarapé”, do artista mato-grossense Miguel Penha Chiquitano. O lançamento será nesta sexta-feira (2), às 19h, com a presença do artista e a entrada é gratuita.
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A exposição consiste de obras que retratam o imaginário do artista por meio da fluidez e do enraizamento de vidas da floresta, com um conjunto expressivo de paisagens do Centro-Oeste. As obras traduzem o clamor de vidas ameaçadas junto aos rituais de comunidades indígenas e seres invisíveis que habitam o Cerrado, a Amazônia e o Pantanal.
Miguel Penha dedica seu olhar às simbologias evocadas pela raiz aparente da Samaúma, chamada de sapopema. A árvore monumental e sagrada é tida como a rainha da floresta e sua estrutura achatada serve de parede para cabanas dos povos da floresta.
Já os igarapés são rasos, estreitos e fluem lentamente rumo aos rios que atravessam a Amazônia. Sua lentidão e rasura ampliam a vida desses grandes cursos d’água e a convergência que complementa a existência de ambos.
Ao observar as correlações entre o movimento dos igarapés e a estabilidade das raízes da Samúma, a exposição alude tanto aos olhos d’água, protegidos por matas ciliares que se movimentam em direção a rios amazônicos, quanto à profundidade de enraizamentos, que servem de casa e são responsáveis por lançar na atmosfera correntezas que sobrevoam a floresta.
Ao integrar as simbologias entre raiz, seiva, flor e semente, “A sapopema da Samaúma / O desaguar do Igarapé” é um convite ao encontro com o reflorestamento mental e o fluxo contínuo, da nascente ao oceano.
O artista
Miguel Penha Chiquitano nasceu às margens do Rio Cuiabá, em 1961, e hoje é residente de Chapada dos Guimarães. Originário dos povos Bororo e Chiquitano, da Bolívia, sua arte expressa a densidade e o encontro dos biomas onde ele vive e trabalha. Como um guardião da floresta e de sua magia, suas paisagens traduzem uma concepção de vida que integra o sujeito à natureza.
Indicado ao Prêmio Pipa de 2024, com a exposição “A sapopema da Samaúma / O desaguar do Igarapé”, Miguel Penha também recebeu o Prêmio Marcantônio Vilaça, concedido pela Funarte em 2009. Desde 2014 tem realizado exposições em diferentes regiões do Brasil, com destaque para “Dentro da Mata” (Paço das Artes, São Paulo, 2014); “Terra Rara”, (Museu de Arte e Cultura Popular da UFMT, Cuiabá, 2016); 20º Festival de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil (Sesc Pompéia, São Paulo, 2017).
O artista também integrou a Bienal de Lille, na França, com “A deusa verde”, em 2019. Ao longo dos últimos anos, dedicou-se ao desenvolvimento de pinturas de grande formato, exibidas na Bienal das Amazônias, em 2023 em Belém, e no projeto O cio da terra / ócio da terra, no espaço da fundação de arte The55project, no contexto da Feira Untitled, em Miami.
A exposição “Amazônia Profunda” é uma realização do Edital Viver Cultura, da Secretaria Estadual de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso e conta com a curadoria de Josué Mattos.