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Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

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Dona de casa começa produção de empadas após marido perder emprego: 'meu filho sonhava em fazer Medicina'

Foto: Reprodução

Dona de casa começa produção de empadas após marido perder emprego: 'meu filho sonhava em fazer Medicina'
Quando o marido perdeu o emprego, em 2018, Elisete Costa, de 47 anos, viu a família enfrentar dificuldades financeiras e viver no limite, mas foi o incentivo de uma amiga que ajudou a começar a produção caseira de empadas, algo que se tornou uma das principais fontes de renda da família. Elisete fez a primeira receita quando a amiga, que mora nos Estados Unidos, falou sobre o desejo de comer o prato durante uma temporada em Cuiabá. 


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Não demorou para que a Empada América, que funciona na casa dela, no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá, nascesse, logo que a amiga começou a publicar sobre a empada nas redes sociais, os pedidos começaram a chegar. O contraste entre o recheio cremoso e a massa crocante, que é uma receita autoral, se tornaram o diferencial. 

"Ela chegou dos Estados Unidos dizendo que estava com muita vontade de comer empada, que lá não encontrava. Ela mora em Tampa, no Texas, e viajava 60 km para comprar de uma brasileira que mora em Orlando. Peguei uma receita na internet e fiz a empada, ela gostou, mas até então não era um negócio. As amigas dela começaram a pedir, mas eu achava que precisaria aprimorar para vender". 

Ainda assistindo a família passar dificuldades financeiras, Elisete lembra que não tinha tido "um estalo" sobre o potencial de venda das empadas. Foi quando o filho decidiu fazer Medicina, algo que era o sonho do jovem, que ela decidiu criar a Empada América. 

"Foi por ele que virou um negócio. Ele queria fazer cursinho, meus dois filhos mais novos foram para escola pública quando meu marido perdeu o emprego. A concorrência seria muito grande para ele fazer Medicina, perguntei onde ele queria fazer cursinho e ele disse que queria no Cin. Essa minha amiga falou: por que não transforma em um negócio? Já começa fazendo para pagar o cursinho. Foi assim que começou, comecei a vender muito, ele fez o cursinho e passou em Medicina". 

Elisete se emociona ao lembrar que o filho deixou o ensino público direto para cursar Medicina na Unic, aos 17 anos. "Foi eu quem recebi a notícia, eles ligaram para mim e perguntaram como eu me sentia de ter um filho médico. Foi um sonho realizado". 

Paixão nacional 

Como a empada nunca foi um dos pratos preferidos da família, Elisete não imaginava que a tortinha recheada tinha tantos fãs em Cuiabá. Ela brinca que se surpreendeu ao descobrir que a empada é uma paixão nacional "como o churrasco". Depois de certo tempo, a dona de casa decidiu que criaria a própria receita, já que um dos pontos que a faziam "ser fã" do salgado, era a massa extremamente quebradiça e o recheio seco. 

"Comecei a desenvolver a massa, não gostava da receita que eu fazia, comecei a orar, sou cristã, pedi para Deus colocar em minhas mãos uma assa que todo mundo iria gostar. As pessoas perguntam como desenvolvi a massa, respondo que foi Deus que me deu e foi mesmo, através das orações. Todos os dias ia mudando, tirando e colocando coisas, estudando receitas, é uma receitas abençoadíssima mesmo". 

Ainda em 2018, quando começou a vender as empadas formalmente, Elisete conta que ouviu de uma amiga, que trabalha no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que ela deveria oferecer as tortinhas na lanchonete do órgão. A produção para o TRT representou uma virada de chave na vida da dona de caso e lhe apresentou a possibilidade de se tornar uma microeempreendedora. 

"Eu vendia lá R$ 12 mil por mês só de empada, entregava dois dias e mandava em média 200 empadas por dia. Venho essa época de muitas vendas e não soube administrar o cansaço, fiquei bem fadigada mesmo e parei. Do começo até agora houveram vários recomeços. Veio a pandemia e todo mundo do ramo da alimentação deu um boom, eu achei que deveria parar e não, foi o que disparou, Instagram bombando. Com todo maquinário pronto para montar a fábrica, parei tudo". 

Quando precisou parar por conta do cansaço físico e mental dos dias dedicados a produção de empadas, Elisete estava sozinha, já que não poderia se dar ao luxo de contratar funcionários. Há 40 dias, a história mudou quando foi incentivada a recomeçar pelos dois filhos mais novos. 

"Falei para eles que marketing e rede social não era comigo, eu faço empada e se eles assumissem a responsabilidade dessa parte da empresa, eu recomeçaria. Assim eu daria conta. Agora são eles que fazem para mim, postam, fazem as fotos. O negócio está legal, todo dia saem em média 50 pedidos".

Assim como em 2018, o retorno surpreendeu Elisete, que já começa a enxergar a possibilidade de montar uma fábrica fora de casa. "É muito gratificante e emocionante, é tudo de bom. Quando conto a história, tenho que segurar para não chorar, foi um momento muito difícil que vivemos, de passar dificuldade em todos os sentidos". 

Formada em Direito e Design de Moda, ela não exerceu as profissões de formação para se dedicar à família, algo que lhe chegou a pesar quando a dificuldade financeira se tornou realidade. Mas hoje, Elisete afirma qe se encontrou na produção de empadas. 

"Agora a empada não, isso eu gosto, foi totalmente por acaso, é uma terapia, hoje sou feliz com o que faço e não vejo a hora de transformar em uma grande empresa". 
 
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