Quando descobriu que estava grávida, Emmily Ferreira, hoje com 23 anos, precisou deixar trancar o curso de Nutrição na UFMT, já que o curso era integral. Sem conseguir arrumar emprego por conta da gravidez, a família que a jovem começava a formar foi pega de surpresa pela demissão do marido. Apesar da “fase difícil”, como ela define, o casal teve o apoio dos familiares para atravessar as incertezas do período.
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O filho de Emmily nasceu em março de 2023, quando ela voltou a ser desafiada ao descobrir que o bebê tinha alergia à proteína do leite de vaca, fazendo com que ela tivesse receio de deixá-lo em uma creche para voltar a estudar. “Se alguém consumisse qualquer coisa com leite e pegasse ele no colo, seria suficiente para uma reação alérgica”.
Apenas quando o bebê completou 1 ano e 6 meses, a alergia começou a regredir, lembra a jovem, abrindo uma brecha para que ela começasse a pensar em formas de empreender para ajudar o marido no sustento da casa. Foi quando ela decidiu criar a Pinpiz Cookies.
“A maternidade traz muitas mudanças, acabamos abrindo mão da gente. Me deu a coragem de começar a empreender com algo que eu amo, que no caso é cozinhar e fazer doces, assim nasceu a Pinpiz”.
Antes de fazer as primeiras receitas de cookies, Emmily confessa que tinha comido o biscoito apenas uma vez. Assim como muitos dos clientes relatam, ela também ligava o cookie a algo pouco saboroso. “Tinha muito a ideia na minha cabeça daquele cookie que compramos no mercado, que é seco”.
Um dia, assistindo a vídeos na internet, ela começou a estudar o modo de preparo do cookie artesanal. Depois, recebeu um empurrãozinho de uma amiga que mora em Minas Gerais e também trabalha fazendo o biscoito recheado para vender. Foi dela que Emmily recebeu a primeira receita para testar.
“Surpreendentemente, no primeiro mês que abri a empresa, já tive muitas vendas, é algo que foi surpresa para mim e para o meu esposo, que me ajuda nesse processo. Hoje meu esposo é CLT, trabalha durante o dia, eu fico em casa com o bebê, faço toda a movimentação da empresa: marketing, administração e atendimento”.
A jovem não vê a maternidade como um peso e trabalhar com a Pinpiz possibilitou que ela consiga estar mais perto do filho. O nome da empresa foi inspirado no apelido de Vincente, filho do casal. “Um dia, uma menininha disse ‘mamãe ele é tão lindinho, parece um pinpiz [príncipe]’ e acabou ficando como apelido”.
Para Emmily empreender representou a possibilidade de se dedicar inteiramente à maternidade e proporcionar autonomia financeira a si mesma. “Como toda a pessoa, não digo nem só como mulher, mas todo mundo gosta de ter um dinheiro para si, se cuidar, além de contribuir com meu esposo na renda da casa”.
Por dia, a jovem tem vendido em média 20 cookies e a produção precisa ser diária para garantir que o produto esteja sempre fresquinho para os clientes. No cardápio, ela tem quatro sabores fixos: meio amargo, duo choc e total choc. Emmily também faz cookies de Nutella e Oreo, além de outras misturas que variam durante a semana.
“É um desafio diário conciliar tudo, mas estou conseguindo, felizmente estamos tendo um bom retorno, as pessoas elogiam e costumo falar que o ‘boca a boca’ é o melhor marketing. Entrego todos os dias, as fornadas saem no período da tarde”.
A Pinpiz Cookies nasceu no final de setembro e, por isso, Emmily ainda está vivendo os primeiros meses como empreendedora, apesar de ter se surpreendido com a velocidade que seu produto cativou os clientes, que já se tornaram fieis.
“Costumo falar que já imaginava que seria grande, porque não consigo sonhar pequeno, mas também não conseguia imaginar que seria tão surpreendente mesmo, foi muito rápido”.
A jovem reforça que pretende se tornar uma referência no quesito cookies artesanais na região metropolitana de Cuiabá. “Quero ampliar, ter lojas, franquias… Meu plano hoje é fazer com que as pessoas pensem na Pinpiz quando pensarem em cookies”.
Mesmo tendo trancado a faculdade de Nutrição, as teorias que empreendeu em sala de aula continuam sendo colocadas em prática por Emmily. “Hoje consigo ter uma noção de ficha técnica, de pesagem dos ingredientes, de rotulagem, de cuidados sanitários mesmo para poder fazer os cookies de forma segura… Então a faculdade me ajudou muito a ter essa noção total de como é trabalhar nessa cozinha”.