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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Xbox One x PS4: qual será o futuro dos games?

Foto: Terra

Oitava geração de consoles não terá hegemonia entre Microsoft e Sony

Oitava geração de consoles não terá hegemonia entre Microsoft e Sony

Desde 2005, quando Sony e Microsoft mostraram seus PS3 e Xbox 360, a E3 – mais importante evento de games do mundo, que ocorre entre os dias 11 e 13 de junho, em Los Angeles – não era tão aguardada e comentada por gamers e leigos quanto neste ano. Afinal, em 2013, a guerra pela liderança do mercado volta a ter seu campo de batalha na feira, e as duas companhias já apresentaram suas armas: o Xbox One e o PlayStation 4. Mas com a indústria dos games cada vez mais abrangente – com novas plataformas de jogo, estúdios independentes criando novos hits do dia para noite e novas formas de negócio – e os usuários cada vez mais sedentos por novas experiências, será que os novos consoles da Sony e Microsoft perdurarão como a vanguarda de um negócio que movimenta mais de US$ 80 bilhões por ano?

Para Chris Kohler, jornalista da revista Wired, a resposta é não. E ele até acredita que os dias dos consoles estão contados. Em artigo publicado no dia 23 de maio, com o título “Hardcore Console Gamers Don’t Want Much, Just the Impossible” (Hardcore Gamers não querem muito, apenas o impossível, em tradução livre), ele diz que os jogadores querem um videogame superpotente conectado à TV, um controle e uma grande seleção de jogos que vai de títulos de grande orçamento a sucessos de estúdios independentes.

Porém, com produções cada vez mais detalhadas e caras e campanhas de marketing milionárias, as contas não fecham com consoles a US$ 500 (já subsidiados) e títulos AAA por US$ 60. De 2000 a 2011, o prejuízo da divisão de games e produtos online da empresa japonesa foi de aproximadamente US$ 3,1 bilhões. No mesmo período, a divisão de entretenimento e dispositivos da companhia de Bill Gates foi ainda pior: US$ 7,8 bilhões. Com essa briga que não sai do vermelho, a Nintendo abandonou a disputa pela preferência dos gamers hardcore ao lançar o familiar Wii, em 2006. Mesmo focando em um novo nicho, a empresa não alcançou estabilidade, e as vendas do sucessor Wii U estão, desde sua chegada ao mercado em novembro de 2012, abaixo do projetado.

Se os videogames dão prejuízos, por que Sony e Microsoft seguem com seus negócios?

Mesmo dando prejuízo, ninguém quer largar o osso. Afinal, com os ciclos de mudanças de tecnologia mais curtos e formas de negócios cada vez mais rápidas, Sony e Microsoft ainda acreditam que o sistema que ganhar a preferência dos jogadores vai moldar a indústria nos próximos anos – e, eventualmente, dar lucro.

E é por isso que o PlayStation 4 e o Xbox One estão seguindo caminhos diferentes na oitava geração de consoles, apesar de ter especificações técnicas semelhantes. A diferença aí está em seus serviços “extra-jogo”.

Anunciado em 20 de fevereiro, em evento em Nova York, o PlayStation 4 quer conectar socialmente seus jogadores, dando às interações onlines a mesma sensação de “passar o controle” para o amigo na mesma sala. Com o botão de ‘share’ do novo DualShock 4, o usuário pode compartilhar simultaneamente todos seus progressos na rede PSN. Com ele é possível subir vídeos dos melhores momentos de sua campanha no jogo, transmitir ao vivo seu jogo e até pedir ajuda aos amigos para passar de uma parte difícil, por voz ou até deixando o colega assumir o comando dos personagens.

Com o PlayStation App, para iOS e Android, também será possível ativar o PS4 à distância, fazer compras na PSN, ver as transmissões de amigos e usar a tela dos dispositivo como suporte ao jogo. O PS Vita também será conectado ao videogame e terá funções semelhantes ao do GamePad do Wii U - podendo continuar sua campanha também à distância. Essencialmente, o novo console processa o jogo e despacha para o portátil via WiFi. Serviços online e aplicativos também interagirão com a função ‘remote play’. Além disso, o videogame virá com o PS Eye 4, que se assemelha ao Kinect da Microsoft.

Mas uma das grandes novidades do novo console da Sony é a reformulação do PSN pela Gaikai. Com o serviço de cloud gaming da empresa, comprada pela Sony em julho de 2012 por US$ 380 milhões, o jogador poderá usar qualquer serviço instantaneamente por streaming. Ele poderá até jogar demos antes de comprá-lo. O PS4 também possui uma CPU exclusiva para cuidar de downloads e uploads, permitindo que você jogue enquanto o sistema está sendo atualizado.

Se a Sony não revelou a cara do hardware em sua apresentação, a Microsoft apresentou logo de cara o design do seu novo Xbox One, no anúncio realizado em 21 de maio, em Seattle. Mas, segundo muito gamers, a empresa não mostrou o essencial: uma gama atrativa de jogos.

Ao apresentar as funções do console como uma plataforma interativa de entretenimento – com serviços de televisão, cinema, games e internet convergidos em um único grande sistema –, a Microsoft quer aumentar exponencialmente seu público alvo, angariando não só jogadores, mas famílias de todas gerações que gostam de deitar no sofá da sala e curtir uma boa programação na TV.

Para uma convergência entre diversos dispositivos, a empresa aposta no SmartGlass, que conecta o console, tablets, smartphones em uma mesma interface online comunicável. Com isso, será possível navegar pela Xbox Live de um dispositivo móvel, enquanto se assiste a um filme, por exemplo. O Kinect 2, que reconhece voz e até batimentos cardíacos, também será outra ferramenta essencial para o manuseio da interface, além de comandar jogos interativos.

Aplicativos e serviços, como o Netflix, música e a parceria para conteúdos exclusivo com a NFL (liga de futebol americano) são as apostas da Microsoft para conquistar novos consumidores ao transformar o console “em tudo o que você precisa na sala”.

Porém, tanto a Sony quanto a Microsoft enfrentarão uma fragilidade sistemática em seus serviços: a baixa velocidade das conexões de internet pelo mundo, como no Brasil. Segundo Mark Stanley, diretor geral da marca PlayStation na América Latina, a Sony quer lançar seu console no País junto com o lançamento global, com todos suas funções online. Mas o Brasil precisa investir na infraestrutura. “Nós esperamos que a situação econômica atual no Brasil leve o governo a investir pesadamente na estrutura de banda larga, que é essencial não apenas para os games, mas para os downloads em geral”, explicou Stanley para jornalistas brasileiros no anúncio do videogame, em fevereiro.

E o consumidor?

O videogame que oferecer o maior número de novos serviços deve ganhar a preferência do consumidor, mas isso não significa necessariamente que suas divisões de entretenimento sairão do vermelho. Nem que os usuários ficarão satisfeitos com os serviços

Em busca de números positivos, tanto a Microsoft quando a Sony têm pensado nos últimos anos em maneiras de aumentar suas rendas, porém algumas delas são totalmente negativas do ponto de vista dos jogadores. A principal dela é o rumor que ambos os consoles terão restrições de DRM (digital rights management, ou gerenciamento de direitos digitais). Com a tecnologia, jogos precisarão de um código único e instransferível para rodar no console ou em seu serviço multiplayer e, sem ele, impedirá que o título seja usado por uma segunda pessoa, acabando com o comércio de segunda mão.

Sem anúncio das empresas sobre a implantação da política em seus aparelhos, os internautas usaram o Twitter, no dia 28 de maio, para protestar contra o DRM, com as hashtags #PS4NoDRM e #PS4USEDGAMES.

Outra polêmica ainda em pauta da nova geração de consoles é a exigência de conexão contínua com a internet para jogar, que tem deixado os usuários aborrecidos, principalmente após os problemas nos servidores de SimCity. A Sony já deu a entender que o PS4 não terá essa obrigação, mas as palavras da Microsoft ainda são um pouco confusas. Executivos da empresa disseram que o Xbox One não terá que ficar conectado o tempo todo, mas pelo menos uma vez a cada 24h. Informações concretas devem ser apresentadas na E3.

Os consoles também não serão compatíveis com seus antecessores, mas por uma questão de tecnologia. No caso dos jogos desenvolvidos para Xbox 360, eles usam o processador Xenon, de arquitetura PowerPC, que não funciona no CPU x86 do novo Xbox One. Portanto, se a Microsoft quiser reviver algum clássico anterior terá que reconstruí-lo totalmente, o que parece pouco provável.

Outra baixa perante aos concorrentes é que o Xbox One não publicará jogos independentes diretamente no XBLA. A Microsoft recomenda que os desenvolvedores consigam contratos com publicadoras para isso. ​Nintendo e Sony permitem que produtores independentes publiquem seus jogos no eShop e PSN.

Apesar dos altos e baixos da indústria, os jogadores nunca tiveram tanta opção de consoles e plataformas na história do entretenimento digital. Além dos grandes nomes, 2013 receberá pelo menos outros três videogames com sistema de código aberto Android (OUYA, Nvidia Shield e GameStick). Tablets e smartphones têm recebido jogos cada vez mais apurados e as opções de títulos, gêneros e valores são praticamente inesgotáveis.

Talvez a guerra dos consoles nunca mais será vencida por uma única empresa ou plataforma. E felizmente, para o consumidor, haverá cada vez mais opções de jogo.
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