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Cardiologista alerta: ​Depressão faz mal ao coração

da Redação - Isabela Mercuri

Todas as pessoas têm dias em que se sentem tristes, sombrias ou deprimidas. Mas se esses sentimentos durarem semanas e você gradualmente parar de se sentir esperançoso ou feliz com alguma coisa em sua vida, poderá ter depressão. Como as doenças cardíacas, a depressão é comum, por isso não é incomum ter as duas condições juntas. De fato, a depressão tem duas vezes mais chances de ocorrer em pessoas com doenças cardíacas do que na população em geral. E as pessoas com depressão enfrentam um risco aumentado de doença cardíaca.

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A depressão afeta todo o corpo, não apenas o cérebro. Tem sido associada à inflamação de baixo grau, que está envolvida no entupimento das artérias e na ruptura da placa cheia de colesterol. A depressão também aumenta a produção de hormônios do estresse, que diminuem a resposta do coração e das artérias às demandas por aumento do fluxo sanguíneo. Ativa fragmentos de células sanguíneas conhecidas como plaquetas, aumentando a probabilidade de aglomeração e formação de coágulos na corrente sanguínea.

Muitos dos sintomas da depressão - como a diminuição dos níveis de energia e a falta de motivação - podem tornar o exercício físico regular, a ingestão de alimentos saudáveis ​​e a adesão a um regime de medicamentos um verdadeiro desafio. Isso também pode ajudar a explicar por que a depressão aumenta as chances de doenças cardíacas.
 
Após um ataque cardíaco - que geralmente ocorre quando uma pessoa é diagnosticada com doença cardíaca - é completamente normal sentir-se mal-humorado, angustiado ou irritado. A ansiedade, que geralmente anda de mãos dadas com a depressão, também é comum. As pessoas que passam por uma cirurgia de ponte de safena ou uma operação de válvula cardíaca podem levar meses para se recuperar totalmente fisicamente, e esse estresse também pode afetar a sua saúde mental. As pessoas costumam ter problemas para dormir e se sentem cansadas. Mas se esses sintomas não melhorarem gradualmente com o tempo, podem ser sinais de depressão.
 
Em 2014, uma declaração da American Heart Association listou a depressão como um fator de risco para um mau prognóstico após um ataque cardíaco ou angina instável (dor no peito em repouso devido ao fluxo sanguíneo reduzido para o coração). Um estudo descobriu que o risco de morte em sobreviventes de ataques cardíacos com depressão era três vezes maior do que aqueles sem depressão.
 
Uma pesquisa feita pela Sociedade de cardiologia do estado de São Paulo com 5318 mulheres, revela que 21% sentem ansiedade, 14% estão estressadas, 12% sentem fadiga e 6% vivem tristes.

E o pior é que as mulheres ainda não perceberam a importância de zelar por suas emoções em prol da saúde do coração. Essa negligência é um perigo, afinal esses distúrbios psicológicos favorecem danos aos vasos.

Estudos mostram que a depressão está por trás do aumento de substâncias inflamatórias na circulação. Tal mecanismo machuca o endotélio (parede interna do vaso) e favorece a deposição de gordura, o que serve de gatilho para a formação da placa, ou seja, da aterosclerose.

Não bastasse a tendência à inflamação, quadros depressivos interferem com o sistema responsável pelo relaxamento e contração dos vasos e assim a hipertensão pode dar as caras.
 
Para piorar, as pacientes deprimidas não têm disposição para a prática de atividade física e não cuidam direito do próprio cardápio, o que é um prato cheio para desencadear problemas cardiovasculares.

Diante de um quadro assustador como este, as sociedades médicas começaram a incluir em suas diretrizes propostas para rastrear a depressão nos consultórios, independente da especialidade.

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