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Notícias / Comportamento

Petisco, cerveja e camisinha: motorista de Cuiabá faz sucesso com ‘loja de conveniência’ no carro

Da Redação - Bruna Barbosa

Pai de duas crianças, uma delas diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), André Siqueira, de 39 anos, viu no trabalho como motorista de aplicativo, em Cuiabá, a possibilidade de continuar sustentando a família e de conseguir acompanhar mais de perto o tratamento da filha. Para complementar a renda, ele decidiu instalar uma mini loja de conveniência dentro do carro, com chiclete, perfume, petiscos, água e refrigerante. 

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Durante a noite, quando começa a buscar os passageiros em baladas e bares da cidade, ele também vende cerveja, cigarro e camisinha. André foi demitido do emprego de corretor de seguros em 2021, durante a pandemia da covid-19. Depois, até chegou a conseguir um novo trabalho na mesma área, mas o salário não estava sendo suficiente. Foi quando ele aceitou o conselho de um conhecido sobre o trabalho de motorista de aplicativo. 

“Nunca tinha feito [trabalho como motorista de aplicativo], foi mais pela necessidade mesmo. Me ajudou porque concilia com minha rotina, com minha filha, que é autista, quando trabalhava com CLT era um pouco difícil pedir para sair, algo que eu entendo, mas no Uber é mais flexível, consigo levá-la nas terapias. Então, encaixou”. 

André trabalha das 15h às 23h, todos os dias, com exceção do sábado, dia de melhor movimento, quando ele começa a aceitar corridas logo pela manhã. “Como o trabalho não paga tão bem, você tem que trabalhar muito e escolher umas corridas boas. Comecei a pesquisar na internet e encontrei um colega de São Paulo que fez uma lojinha, vi no YouTube e adaptei no meu carro aqui em Cuiabá. Começou a dar certo e girou um dinheirinho”. 

Como a primeira ideia de vender os produtos no carro deu certo, André começou a pesquisar mais e encontrou Mateus Alencar, de Goiânia (GO), que vende a estrutura de acrílico para que os motoristas transformem o carro em uma pequena loja de conveniências.

Há um mês, ele roda por Cuiabá com o novo display de acrílico. “Ele faz uma estrutura e vende para todo o Brasil, com LED, compacta, própria para o carro. Os motoristas de Cuiabá aqui ainda não fazem, não sei se é pela questão do investimento, porque tem que tirar do próprio bolso”. 

Quando os passageiros entram no carro, a reação sempre é de surpresa, conta André. Por isso, ele deu o nome de “Agora Quando” para seu perfil profissional no Instagram. Além dos produtos que vende na loja de convivência sobre rodas, o motorista também começou a pesquisar sobre técnicas para se destacar na profissão em que atua desde fevereiro deste ano. 

“Sempre trabalhei com atendimento, comecei a seguir quais são os melhores motoristas do mundo. O melhor do mundo é um indiano que trabalha em Nova Iorque, peguei para mim o que ele fala sobre respeito e limpeza, ele diz que nosso carro é a extensão do nosso trabalho. Além do respeito por toda pluralidade, são muitas pessoas diferentes, com visões de mundo, acho legal ter tolerância e respeito, principalmente. Quando o passageiro não quer conversar, fico na minha. Nos meus dias ruins, tento manter o profissionalismo”. 

Para o futuro, o motorista sonha em adquirir um mini refrigerador para manter as bebidas geladas dentro do carro, já que hoje ele precisa gastar diariamente com gelo. André tem como meta começar a trabalhar como motorista executivo e, aos poucos, conseguir deixar o trabalho como motorista de aplicativo. 

“Minha ideia é pegar um passageiro no Malai Manso e lavar em Chapada, por exemplo. Além de prestação de serviços para empresas, porque é um valor fixo por mês. Com o tempo quero diminuir o Uber e aumentar meu networking para, ter mais clientes particulares e de transporte executivo. Já tenho alguns clientes particulares, por exemplo pego no trabalho para levar na academia, tem uma que é cadeirante. Minha ideia é juntar dinheiro para comprar um carro melhor”.
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