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Skate, ilustração e street art: Conheça Jhon Douglas, um dos criadores do Studio Cabron

Da Redação - Stéfanie Medeiros

Na agência onde tudo tem uma cara comercial e profissional, uma porta se destaca. Desenhado nela, dois machados que se cruzam. É a entrada para o Studio Cabron, criado pro Jhon Douglas, 25 anos, e Julio Diniz, 30.

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As paredes do Studio são todas decoradas, seja por desenhos, recortes de revista, pinturas ou quadros feitos por Jhon. O Studio Cabron, mais que uma agência que faz trabalhos publicitários com ímpeto criativo, é também um local onde a arte nasce, se desenvolve e é exposta no papel, telas e paredes.

Antes do “nascimento” do Studio Cabron, Jhon e Julio trabalhavam em uma agência de publicidade. Insatisfeitos com o mercado de trabalho e com o fato de não poderem explorar de forma adequada seu potencial criativo, os dois abandonaram tudo e montaram o Studio em uma kitnet, em janeiro deste ano.


(Jhon Douglas e Julio Diniz no Studio Cabron, em Cuiabá)

E nesta kitnet conseguiram seus primeiros clientes, venderam seus primeiros trabalhos. Ficaram nesta sede improvisada até junho, data em que as coisas começaram a caminhar, a demanda aumentar e então os dois puderam mudar o Studio para as dependências da agência FCS.

Jhon Douglas conta que sua arte nasceu de forma espontânea, natural, da época em que andava de skate. Como queria se aperfeiçoar no esporte, ele pesquisava vídeos, fotos e conteúdos diversos na internet. Começou a filmar e fotografar de forma amadora as manobras. E neste mundo do skate conheceu o street art.

Jhon explica que não “aprendeu a desenhar”, simplesmente. Acredita que algumas pessoas têm mais facilidade que outras em certas coisas, mas que não é uma questão de dom, mas de prática e aprendizado constante. E foi assim que desenvolveu o desenho: fazendo.

Muitas pessoas perguntam a Jhon porque ele mesmo não faz os desenhos de suas tatuagens. E é por isto mesmo: Por ser uma habilidade em constante desenvolvimento, algo que ele possa achar bom hoje, pode não achar daqui há dois anos.

Aliás, o sucesso das ilustrações e artes do Studio Cabron não se resume somente às agências de publicidade e empresas que buscam algo diferente. Muitas pessoas pedem desenhos para tatuagens e coisas do tipo. No entanto, Jhon e Julio explicam que isto foge do propósito do Studio.

Uma pessoa que quer um desenho para tatuagem já tem em mente o que quer, muitas vezes com detalhes específicos planejados. Neste caso, não seria um trabalho de criação, que é o que o Studio faz, mas de mera reprodução de ideias preconcebidas. Isto foge dos parâmetros artísticos que os dois criadores do Studio se propuseram a seguir.

Steet art


E o que nasceu como um escape das agências de publicidade, na verdade, tem dois lados. O lado mais comercial, que faz trabalhos sob encomendas para empresas e eventos, sem, no entanto, perder seu cunho artístico, e o lado mais intimista, pessoal, singular de Jhon e Julio.

Além dos trabalhos sob encomenda, Jhon também investe na espontaneidade de suas criações. Gosta de pintar paredes, grafitar, mas esta é uma prática difícil em Cuiabá.

Recentemente, Jhon esteve no México para um dos mais importantes encontros de estudantes e profissionais de design, o “Del Dicho AL hecho”. Há seis anos consecutivos o encontro ocorre na mística cidade de Puerto Vallarta, na costa oeste do País e é promovido pela Universidad de Guadalajara.

Além de participar de duas oficinas e fazer diversas intervenções da cidade, Jhon foi um dos principais palestrantes em uma das noites do congresso, onde falou sobre seu trabalho artístico, processo criativo e sobre o Studio Cabron.



Sobre as intervenções, Jhon explícita a diferença entre “grafitar” em Puerto Vallarta e Cuiabá. No México, a pessoa se sente honrada em ceder um espaço para que o artista faça um desenho. Já em Cuiabá, os proprietários de muros abandonados ou empresas que supostamente apóiam as artes não cedem espaço a não ser que ganhem alguma coisa em troca. “Se eu pedir pra pintar um muro, dificilmente vão deixar. Mas se organizar um evento, promover a imagem do lugar, aí sim”, disse Jhon.

Além disso, Jhon também passou um mês no México gravando um documentário sobre arte nas ruas. “Encontrei o artista plástico Sergio Navajas, que é bem conhecido aqui, e pintamos juntos em vários pontos da cidade, em pontos urbanos no centro de Puerto Vallarta, tudo para o documentário. Também algumas entrevistas do momento artístico de rua aqui de algumas cidades do país. Vamos estender este projeto também ao Brasil, eles têm muita curiosidade sobre a cultura brasileira e respeitam a arte produzida no nosso país”, conta.

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Outros projetos


Além de ilustrador, artista plástico, videomaker, skatista e um dos capitães do Studio Cabron, Jhon também é o idealizador do “Garatuja”, um encontro descontraído de pessoas que gostam de desenhar, seja profissionalmente ou somente como hobbie.

Os trabalhos das primeiras edições estão todos guardados. Em 2014, o plano é que o Garatuja volte em maiores proporções e, como todos os trabalhos reunidos, surja uma exposição.

Jhon também já dirigiu clipes de bandas como Fuzzly, Billy Brown e o Incrível Magro de Bigodes, Orquestra do Estado de Mato Grosso e Diholex, e por duas vezes subiu no palco, junto com a banda Engenho de Dentro, e desenhou ao vivo inspirado na sonoridade da banda.

Jhon Douglas y Sergio Navajas en el Pitillal, Puerto Vallarta, México. from Ruben Abarca on Vimeo.





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