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Notícias / Arquitetura, décor e design

Obras inspiradas em escadas ocupam Casa França-Brasil

O Globo

Treze escadas — cujos degraus e apoios estão cobertos por lâmpadas brancas — estão encostadas nas paredes da Casa França-Brasil. Apontam para o (belo) teto da instituição e tomam o espaço quase como “um assalto”, nas palavras da autora da obra, a artista Carmela Gross. Quase 20 anos depois de ter uma individual no Rio, ela volta à cidade com a mostra “Escadas”, que a Casa França-Brasil inaugura hoje, às 19h.

Carmela diz ter optado pelas escadas por serem “tanto instrumento de guerra quanto de fuga”. Usadas para “ultrapassar barreiras”, elas têm a “forma bem universal, quase como um ideograma, uma escrita mesmo”, nas palavras da artista. Aqui, ela apresenta três instalações, todas de 2012.

Aos 67 anos, a celebrada paulistana que, nos anos 1960, foi mobilizada pela arte pop para, depois, dialogar com a arte gráfica, usar a pintura e o desenho até chegar às luzes fluorescentes, tem obras nas principais coleções internacionais de arte, como a do MoMA, de Nova York, e a do Museum of Fine Arts, de Houston. No Brasil, seu trabalho está no acervo da Pinacoteca, do MAM e do MAC, de São Paulo.

De volta ao Rio, ela explora a forma das escadas não só na instalação principal (apresentada em 2012, no Sesc Belenzinho, em SP), mas em uma das salas menores que ocupa na Casa França-Brasil. Lá, está “Escada de emergência”, duas peças em que néons, sustentados por tripés, fazem as vezes de degraus e patamares.

— A escada nunca deixa de ser um utilitário. Sua organização estrutural não deixa esquecer que é uma escada e, ao mesmo tempo, é um elemento de visualidade sedutora — diz.

As cores de “Escada de emergência” remetem aos filmes 3D, criando “um jogo ótico de cores complementares”, segundo Carmela. Como é frequente na Casa França-Brasil, a arquitetura se impõe, e a artista afirma fazer uso dela. Sua obra dialoga com o espaço.

— O trabalho se potencializa com a arquitetura. Não gosto de criar um cubo branco que neutraliza o espaço expositivo. Gosto de dialogar com ele.

Na segunda sala menor, outro viés buscado por Carmela fica mais explícito: com “Répteis”, inúmeras esculturas em forma de cobras (em latão com banho de níquel), ela trata do tema da violência, que, diz, também está nas escadas. Há ainda um quarto trabalho no qual o tema surge ainda mais claro. No vídeo “Luz del Fuego”, ela compila imagens de acidentes, lutas e explosões em que o fogo é protagonista. A artista conta que o vídeo é resultado de uma coleção que faz desde 2007, na qual guardou imagens, por exemplo, de ônibus sendo incendiados.
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