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Quarta-feira, 17 de abril de 2024

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de cabeça erguida

'Má gestão e corporativismo são chagas do Judiciário'

Foto: Reprodução

'Má gestão e corporativismo são chagas do Judiciário'
A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon aponta a má gestão e o corporativismo da magistratura como os principais problemas existentes no poder judicuário brasileiro. Em entrevista coletiva concedida nesta semana, em Brasília, ela despediu-se da corregedoria nacional de justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com uma análise pormenorizada dos principais desafios e com um balanço de seus dois anos de gestão.

"O principal problema a ser enfrentado é o de gestão. Ainda precisamos investir muito na gestão. Os nossos magistrados ainda não estão todos sintonizados com as novas formas de gerir", observou.

Eliana Calmon criticou a grande resistência corporativista na Justiça brasileira e citou o caso do Tribunal de Justiça de São Paulo como o mais emblemático. A ministra foi vítima de representação penal da Associação dos Magistrados Federais, da Associação dos Magistrados Brasileiros e da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho arguindo contra ela dois crimes e pediando providências no Ministério Público para instauração contra ela de processo penal.

"Ao final de dezembro do ano passado eu estava de mãos atadas, sem poder fazer verificação de rendas. Mas sabemos que corporativismo é espécie de ideologia. A modenização do CNJ precisa florecer, permanecer e fortalecer. Não tenho dúvida que os ataques corporativistas continuarão. Chegar ao final de meu mandato sem responder a estas ações é uma grande dádiva", declarou visivelmente emocionada.

A ministra, porém, revelou perplexidade com a atuação dos conselheiros do CNJ na sessão da última terça-feira, em que eles pediram vistas para analisar a abertura de processos administrativos disciplinares (PADs) contra diversos magistrados.

"Não foi frustrante apresentar oe PADs e haver tantos pedidos de vista. Brasil é muito ligado ao patrimonialismo. E isso desestabiliza o bom senso e o bom humor das pessoas. Não falo de corporativismo, mas falo de perplexidade dos conselheiros. Eles são muito jovens e nunca viram uma investigação patrimonial", disparou.

Sem falsa modéstia, a ex-corregedora avaliou positivamente o trabalho de sua equipe, dos magistrados e dos órgãos públicos envolvidos. "Foi muito profíqua a minha gestão. Não quero fazer elogios à minha pessoa. Tive uma equipe muito importante de magistrados e servidores".
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