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OPERAÇÃO SODOMA

Delator, Zílio confirma R$ 2 milhões em propina de Walace e diz que ex-prefeito possui "negócios paralelos"

15 Jun 2016 - 08:40

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Wallace Guimarães

Wallace Guimarães

Em delação premiada firmada com a Justiça, o ex-secretário de Estado de Administração (SAD), Cézar Roberto Zílio, denuncia o ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB) por ter participado do esquema de fraudes da “Operação Sodoma”. Afirma ainda que Walace só não compunha a organização criminosa supostamente liderada por Silval Barbosa por ter “seus próprios operadores, com seus negócios paralelos”. Zílio também é réu na “Operação Sodoma”, acusado de participação em um esquema de lavagem de dinheiro avaliado em R$ 13 milhões. De acordo com a delação, Walace teria pago R$ 2 milhões em propina, sendo metade para Silval e metade para o próprio Zilio.

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Em delação realizada ao Ministério Público Estadual (MPE) no dia 21 de março, o ex-secretário afirma que, certa feita, foi “procurado pela pessoa de Walace dos Santos Guimarães, que na época era deputado estadual e candidato a prefeito pelo PMDB, o qual afirmou que representava um grupo de amigos do setor gráfico (aproximadamente cinco gráficas as quais não se recorda o nome de todas) dos quais era sócio e parceiro comercial e queria que o interrogando [Zílio] o ‘ajudasse’, efetuando pagamento de serviços não efetuados por referidas empresas”, consta da delação.

Walace queria ajuda do governo do estado pois possuía “despesas de campanha e precisava de recursos para custeá-la; que essa ‘ajuda’ se referia a autorização fraudulenta para a realização de serviços gráficos e com conseqüente liberação dos pagamentos destinados a essas empresas o mais rápido possível”, afirma Zílio.

Narra em seguida que em um pregão realizado em 2011, Wallace ofereceu a César Zílio, a título de propina, a quantia de R$ 1 milhão por sua ajuda, o que foi aceito. A delação segue: “por se tratar de valores expressivos da propina que iria receber de Walace, afirmou a esse que teria que tratar primeiro com o ex-governador (Silval Barbosa), tendo na ocasião Walace dito: ‘pode deixar que isso é um assunto que eu resolvo’”.

César Zílio afirma ainda que Walace havia combinado com Silval Barbosa uma propina de R$ 1 milhão, somando, por tanto, R$ 2 milhões em propinas. Segundo o MPE, no mesmo dia, Walace informara Zílio que já havia conversado com Silval e ajustado que pagaria a ele “o mesmo valor ofertado a César, frisando a necessidade da manobra ser realizada o mais rápido possível”.

"Negócios Paralelos":

Ao ser questionado, entretanto, se Walace Guimarães integraria a organização criminosa supostamente liderada por Silval Barbosa, César Zílio diz acreditar que não, “pois ele tinha seus próprios operadores com seus negócios paralelos”.

Zílio revela ainda que quem teria efetuado o pagamento de R$ 2 milhões em cheques, a titulo de propinas após a realização dos pagamentos às gráficas, seria Antonio Roni de Liz, proprietário da empresa Editora de Liz, que entregou os valores pessoalmente na SAD.

Ministério Público:

De acordo com a denúncia do MPE, Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva teriam agido como comparsas de Walace Guimarães neste esquema.  A comunhão dos três garantiu a entrega de R$ 2 milhões à organização criminosa “para que fosse autorizada a adesão de várias Secretarias e/ou contratação de empresas gráficas, parcialmente identificadas, no Pregão 093/2011, com o propósito de simular fornecimento e promover o desvio de receita pública”, segundo consta dos autos.

Contexto:

Os fatos, levantados nas quatro fases da “Operação Sodoma, apontam que Silval moldou o Poder Executivo para que agentes públicos praticassem crimes de fraude em licitação, fraude processual lavagem de dinheiro e crime contra a administração pública. Rodrigo, filho do ex-governador, séria o representante do “líder”, que, segundo o MPE por “razões obvias”, deveria ocultar sua identidade.

“A revelação tardia da participação de Rodrigo Barbosa nas investigações em curso, poderá provocar a conclusão que sua atuação era limitada e, portanto, pouco perceptível, tratando-se de membro de pouca expressão na organização criminosa. Sem dúvida conclusão equivocada, pois, ao contrário, a sua importância é proporcional à proteção que sua identidade recebeu ao longo da atuação da organização criminosa”, afirma trecho da denúncia.

Entenda o Caso:

O Ministério Público de Mato Grosso denunciou 17 pessoas pelos crimes de fraude em licitação, fraude processual, lavagem de dinheiro e crime contra a administração pública. Entre os denunciados estão o ex-governador SIlval Barbosa, o ex-deputado estadual José Riva e o ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace dos Santos Guimarães.

São denunciados, ainda, Marcel Souza de Cursi, Pedro Jamil Nadaf, Rodrigo da Cunha Barbosa, Silvio Cezar Correa Araújo,José Jesus Nunes Cordeiro, César Roberto Zílio, Pedro Elias Domingues, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Karla Cecília de Oliveira,Tiago Vieira de Souza,Fábio Drumond Formiga, Bruno Sampaio Saldanha,Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.

A denúncia foi proposta pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco Silva, no dia 12 de abril. O caso é conseqüência da Operação Sodoma, na junção de todas as fases.
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