Olhar Jurídico

Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Notícias | Geral

em VG

Ditadura investigou fraudes imobiliárias supostamente cometidas pela família Campos

Foto: Rogério Florentino/ Olhar Direto

Ditadura investigou fraudes imobiliárias supostamente cometidas pela família Campos
Documentação encaminhada ao Serviço Nacional de Informação (SNI), órgão de espionagem da Ditadura Militar, aponta atos de corrupção supostamente cometidos pelo ex-prefeito de Várzea Grande, Júlio Campos. Acusações foram feitas através de carta assinada em 1977 por pessoa identificada como  José Otto Costa Sampaio. Segundo denunciado, a família Campos construiu um verdadeiro império por meio de pequenos crimes como cobranças abusivas de alvarás para taxistas, chegando até mesmo a delitos maiores na forma de processos ilegais para ocupação de terras.

Leia também 
Militares investigaram Júlio Campos por cartel de empresas para financiar campanha em 86


Júlio Campos, atualmente pré-candidato ao Senado na vaga da cassada Selma Arruda, teria sido o principal articulador para que o crescimento financeiro de seus próximos fosse real. Além das fraudes imobiliárias, compra de votos por meio de distribuição de 1.500 terrenos também é descrita como forma de perpetuação no poder.
 
Segundo Otto, Júlio Campos adquiriu de forma nebulosa terrenos na Avenida da FEB, local que era considera desvaloriza por estar em trecho com possibilidades de alagamento.  

Logo depois, conforme denunciado, utilizou maquinários da prefeitura durante meses para corrigir os terrenos, fazendo fortuna em consequência da valorização da área.  O prefeito que sucedeu Júlio, Gonçalo Pedroso de Barros, também teria empregado bens públicos para beneficiar a família.
 
"O ex-prefeito durante sua gestão viu-se tomado pela febre dos negócios imobiliários. Para facilitar seus negócios criou a Companhia de Desenvolvimento de Várzea Grande. Tal companhia vendeu mais de 8000 lotes. A origem desses lotes vai desde a desapropriação ilegal até o esbulho. As desapropriações eram feitas para determinado fim e os terrenos loteados para especulação imobiliária".
 
Para garantir a eleição de seu sucessor, Júlio Campos teria "doado" 1.500 lotes em troca de votos. "Confiamos em V. Excia para vermos extirpado do ambiente sócio-político o maior de todos os corruptos. Prepara-se a ave de rapina para candidatar-se a Câmara Federal em 1978 e a Governador em 1982", finaliza a carta envia ao Serviço Nacional de Informação.


 
(Confira o documento completo clicando aqui)

Câmara de VG

 
Junto da manifestação encaminhada ao SNI, José Otto Costa Sampaio forneceu cópias de duas manifestações da Mesa Direto da Câmara de Vereadores de Várzea Grande. A primeira, datada de junho de 1977, foi endereçada aos membros da Comissão Geral de Investigações, pasta que tinha incumbência de promover investigações para o confisco de bens relacionados ao enriquecimento ilícito de servidores públicos.
 
O documento da Câmara Municipal afirma que Júlio Campos "aforou em nome de terceiros, familiares seus ou pessoas a ele subservientes, vários lotes de terras, e depois, esses indivíduos numa triangulação espetacular, canalizavam tudo para o nome de Julio Domingos de Campos (pai do político)".
 
A Mesa Diretora do parlamento listou pessoas ligadas a Julio Campos que supostamente foram beneficiadas:


 
(Trecho da página 94)

Conforme a manifestação, com o trabalho dos vereadores frente ao supostos crimes, aproximadamente 20 "jagunços armados"  passaram a frequentar as sessões.
 
Segunda manifestação
 
A segunda manifestação da Mesa Diretora, datada de setembro de 1977, foi encaminhada ao departamento da Polícia Federal.  A Câmara Municipal de Vereadores narrou suposta ameaça de morte feita por Júlio Campos caso o parlamento aprovasse lei para anular "Cartas de Aforamento de Terras".
 
"Diante do exposto, é fácil compreender a posição do Sr. Julio José de Campos e o papel que ora desempenha, entre os muitos de seu repertório. Deseja, sim, coagir a Câmara, formada de homens do povo, saídos das mais variadas camadas sociais de Várzea Grande, viessem a tremer diante da pomposidade e do seu nome e não procurassem a verdade que se esconde na névoa negra de uma administração discutível e prenhe do suspeitas".
 
O ex-prefeito foi denunciado nas penas da Lei de Seguranças Nacional por supostamente perturbar e ameaçar o funcionamento da Câmara Municipal de Várzea Grande.



(Trecho da página 17)

Documentos

Os documentos que citam Júlio Campos estão disponíveis no Arquivo Nacional. O órgão, ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública acolhe cerca de 220.000 microfichas que perfazem aproximadamente 9.000.000 de páginas armazenadas de dossiês produzidos e recebidos pelo antigo Serviço Nacional de Informações durante o período de 1964 a 1990. 
 
A acusações presentes nos relatórios de inteligência não foram comprovadas pelo governo militar e  muito menos geraram penalizações aos citados.

Outro lado

Júlio Campos afirmou ao Olhar Jurídico que as acusações feitas eram plantadas por políticos que faziam oposição aos seus governos. Segundo ele, a ditadura nunca o condenou por nada.
 
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet