Olhar Jurídico

Sábado, 14 de dezembro de 2024

Notícias | Criminal

OPERAÇÃO RAGNATELA

Juiz vê risco de novos crimes e mantém prisão de ex-assessor parlamentar acusado de lavar dinheiro com o CV

Foto: Reprodução

Juiz vê risco de novos crimes e mantém prisão de ex-assessor parlamentar acusado de lavar dinheiro com o CV
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, manteve a prisão de Elzyo Jardel Xavier Pires, ex-assessor de vereador com suposta ligação ao Comando Vermelho. Decisão que indeferiu o pedido de revogação do cárcere foi proferida nesta terça-feira (5).


Leia mais: Moraes mantém o despejo de cinco famílias que invadiram área no Pedra 90 em 2012

Pires é denunciado pelo Ministério Público por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção no âmbito da Operação Ragnatela, que desmantelou esquema que lavou mais de R$ 50 milhões via shows nacionais de funkeiros, grandes nomes do pagode e sertanejos.

Agentes públicos e até vereadores, como Paulo Henrique de Figueiredo (MDB), ex-líder de Emanuel Pinheiro na Câmara, também integravam a trama criminosa, facilitando as licenças e alvarás para os eventos.

À 7ª Vara Criminal, defesa de Elzyio postulou pela revogação da sua prisão, sustentando que outras medidas cautelares são suficientes para o seu caso, além de que houve concessão de ordem de habeas corpus em favor dos corréus Kamilla Beretta e Rodrigo Leal, sua não inclusão na fase 2 da operação (a Publiccare, que resultou na prisão do vereador Paulo), assim como na soltura de um dos supostos chefes do esquema, diante da ausência de contemporaneidade para manutenção da prisão preventiva.

Porém, na avaliação de Jean Garcia de Freitas, a soltura provisória de Kamilla e Rodrigo difere-se da situação processual de Elzyio, a qual ainda ostenta os fundamentos que autorizaram a prisão como medida extrema para assegurar a ordem pública. Também anotou que o fato de ele não ter sido alvo da segunda fase da Operação, que prendeu o vereador, mas o liberou depois, não serve de fundamento para revogação ou substituição da prisão preventiva por cautelares diversas.

Não bastasse, o magistrado ainda salientou que apesar de Elzyo não possuir condenações, ele é alvo de inquérito policial pelos crimes de receptação e associação criminosa, bem como já foi denunciado por furto e estelionato por várias vezes, contexto que configura o risco de reiteração delitiva, o que justifica a manutenção do cárcere.

Denunciado

Para evidenciar a ligação entre a facção, casas de shows e produtoras, o Ministério Público apresentou, na denúncia contra 14 alvos da Operação, um diálogo em que Elyzio, também membro da G12 produções, reclama que estava sofrendo prejuízos com os eventos, e que os faccionados que investiam na promoção dos shows estão presos ou mortos.

Assessor parlamentar, Jardel é apontado como membro do CV e sócio do também alvo e assessor, Rodrigo Leal, os quais possuem sociedade em diversos empreendimentos, entretanto, tais empresas constam em nome de laranjas, como ocorre no estabelecimento conhecido como “Strick Pub”, usado para lavar capitais para a facção.

O Ministério Público verificou que Jardel, em diálogo com pessoa identificada como Luana, reclama sobre prejuízos com os shows nacionais, e que os faccionados que investiam na promoção dos mesmos estão presos ou mortos, “dificultando o gasto de dinheiro em eventos e demonstrando, mais uma vez, a ligação do grupo G12 com o Comando Vermelho”, diz trecho da denúncia.

“Os bandidos que gastava dinheiro mesmo, tá tudo morto, ta tudo sendo preso, acabando corre, esse... nós que gastava o dinheiro, cê entendeu?”, diz trecho da conversa interceptada.

O Ministério apresentou uma denúncia formal contra diversos indivíduos, incluindo integrantes da facção, promoters e agentes públicos, acusados de formar a organização criminosa cujo objetivo é lavar dinheiro proveniente de atividades ilícitas.

De acordo com as investigações, a organização criminosa era liderada por Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador", "Joga" ou "Veio". Gonçalves recebia grandes quantias em dinheiro dos membros operacionais da facção, Joanilson de Lima Oliveira, conhecido como "Japão", e João Lennon Arruda de Souza, que atuavam na distribuição de drogas.

Esse dinheiro era então canalizado para a compra de casas noturnas e a realização de eventos, facilitando a lavagem de recursos. O esquema de lavagem de dinheiro envolvia uma divisão clara de tarefas.

Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como "Gordão", era responsável por repassar o dinheiro para os promoters Rodrigo de Souza Leal e Elzyo Jardel Xavier Pires, que organizavam shows no Dallas Bar e em outras casas noturnas. Para financiar os eventos, Leal e Pires contavam com o apoio do grupo de promoters G12 Eventos.

Após a realização dos shows, o lucro era dividido proporcionalmente entre os membros do G12 e os integrantes do Comando Vermelho, com a plena consciência de todos os envolvidos.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet