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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Ainda sem definição de novos critérios, Tesouro faz último repasse do FPE relativo a 2012

Os estados recebem nesta quinta-feira (10) o primeiro repasse do ano do Fundo de Participação dos Estados (FPE). No entanto, os recursos são relativos ao que foi recolhido pela União no último decêndio de 2012, de 20 a 31 de dezembro. Os critérios para os primeiros repasses relativos à arrecadação de 2013 ainda estão indefinidos, de acordo com o Ministério da Fazenda.

Como o repasse é feito de dez em dez dias, a primeira quota do FPE relativa à arrecadação deste ano (1º a 10 de janeiro) deveria ser transferida aos estados e ao DF no próximo dia 20, mas o pagamento será antecipado para o último dia útil antes da data (18). Segundo o Tesouro Nacional, enquanto não forem aprovados novos critérios de distribuição, os repasses referentes a 2013 continuarão seguindo os antigos, entendimento amparado por acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU).

A indefinição ocorre porque o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a Lei Complementar 62/1989, que definia os critérios de distribuição do fundo. O Congresso Nacional, que tinha até 31 de dezembro de 2012 para elaborar um novo modelo, fechou o ano sem conseguir aprovar um texto de consenso.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse ser possível aprovar em fevereiro uma proposta de sua autoria para mudar os critérios de distribuição do FPE. De acordo com o senador, até lá, o Tesouro Nacional usará os critérios anteriores, apesar de o sistema ter perdido a validade dia 31 de dezembro.

- O Tesouro deve continuar os repasses, pois a verba não é dele. A não ser que o STF intervenha, mas isso implicaria a perda imediata de R$ 50 bilhões nos cofres de todos os 26 estados e do Distrito Federal - disse o senador na semana passada.

O substitutivo de Pinheiro mantém para 2013 um piso equivalente ao montante que cada estado recebeu em 2012. O excedente seria redistribuído em 85% para Norte, Nordeste e Centro-Oeste e 15% para Sul e Sudeste. Dentro de cada região, a divisão se daria com base na população e na renda domiciliar per capita.

As oito propostas sobre o tema que tramitam em conjunto — sendo as principais os PLSs 192/2011 e 289/2011 - estão na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), onde o relator é Vital do Rêgo (PMDB-PB). Pinheiro, que deve ser relator na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ressalta que a proposta dele seria transitória para os próximos três anos, período em que nenhum estado teria perdas significativas.

Entenda o assunto

O FPE é uma das modalidades de transferência constitucional previstas no artigo 159 da Constituição, que estabelece o repasse, por parte da União, de parte do dinheiro arrecadado com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto de Renda. O repasse é feito decendialmente, até os dias 10, 20 e 30 de cada mês, sempre em relação à arrecadação do decêndio anterior.

A polêmica sobre o FPE se arrasta desde 2010, quando o STF declarou inconstitucional o modelo vigente e deu prazo até 31 de dezembro de 2012 para a aprovação de uma lei com novos critérios. A decisão do STF foi tomada depois que seis governos estaduais (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) moveram ações questionando os critérios de distribuição.

Os índices de repasse são calculados pelo TCU, conforme a Lei Complementar 62/1989, utilizando como fatores a população e a renda per capita. Os estados do Norte e do Nordeste são os que mais ganham.

De acordo com o Tesouro Nacional, os estados que mais receberam recursos entre janeiro e dezembro de 2012 foram, pela ordem, Bahia (R$ 4,6 bilhões), Ceará (R$ 3,6 bilhões), Maranhão (R$ 3,5 bilhões), Pernambuco (R$ 3,4 bilhões) e Pará (R$ 3 bilhões). Todavia, o Acre, que recebeu R$ 1,6 bilhão em 2012, Amapá (R$ 1,6 bilhão), Rondônia (R$ 1,3 bilhão) e Roraima (R$ 1,2 bilhão) são os que mais dependem do dinheiro, visto que os repasses do fundo representam entre 60% e 70% dos orçamentos anuais.
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