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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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após 3 horas de negociação

Modelo e Safra não chegam a acordo sobre venda de terreno

Foto: Reprodução

Modelo e Safra não chegam a acordo sobre venda de terreno
Depois de 3 horas e meia de negociações dentro de um gabinete da Central de Conciliação do Tribunal de Justiça Mato Grosso (TJMT), na tarde desta terça-feira (19), nenhum acordo foi feito entre os advogados do Grupo Modelo e os representantes do banco Safra sobre a venda do terreno que deve saldar parte das dívidas da rede de supermercados com a instituição financeira, seu maior credor. 

Desembargadora suspende novo leilão de terreno do Grupo Modelo

A audiência, que começou às 15h, foi suspensa às 18h30 e será retomada na próxima segunda-feira (25). O advogado do banco Safra, Usiel Tavares, e dois representantes do banco Safra, foram os primeiros a sair sala onde, a portas fechadas, foi realizada a negociação. Ao passar pela ante-sala branca, onde um grupo jornalistas esperava, saíram em praticamente em silêncio, com expressões e sem sorrir para a imprensa.

“A audiência foi suspensa para continuar na próxima segunda-feira. Não teve acordo ainda”, resumiu Usiel Tavares, nas poucas palavras que disse antes de escoltar os dois representantes do banco Safra para fora da Central de Conciliação, dizendo ir acompanhá-los até o aeroporto Marechal Cândido Rondon.

Um pouco depois saíram o advogado Euclides Ribeiro Júnior, do escritório ERS de consultoria Jurídica, e o ex-secretário de Justiça de Mato Grosso Paulo Lessa, que dividem o âmbito financial e jurídico do Grupo Modelo, com expressões receptivas e interessadas em falar o que aconteceu no encontro.

“Tivemos uma grande reunião de duas partes conflitantes e avançamos muito. Nós avançamos e já vislumbramos três alternativas para solucionar esse problema”, disse Euclides, no centro da pequena sala, enquanto era fotografado, filmado e inquirido pelos jornalistas. “Foi muito proveitoso. Avançamos em todos os sentidos. Não foi uma audiência em vão”, completou Paul Lessa.

De acordo com os advogados, a primeira opção para resolver a questão seria vender o terreno em um leilão, como propôs o banco Safra, mas por um valor maior e alterações no edital. Ao invés de R$ 24 milhões, ou R$ 18 milhões em segunda chamada, os representantes do Grupo Modelo acreditam que podem conseguir cerca de R$ 39 milhões.

A segunda opção seria o banco Safra ceder o crédito que tem direito no valor do terreno, R$ 20 milhões, para algum investidor interessado em fazer negócios com a rede de supermercados Modelo. Esse investidor compraria esse crédito do banco e poderia escolher em ter uma garantia em imóvel com o supermercado.

A terceira opção seria o próprio supermercado Modelo trazer um comprador para o terreno. “Acreditamos que podemos conseguir mais de R$ 40 milhões dessa forma”, disse Euclides. Na quinta-feira (21) haverá uma nova reunião entre as duas partes, em São Paulo, na sede do Safra, onde deverão ser delineados um acordo, a partir dessas opções, para ser formalizado na segunda-feira (25) em nova audiência de conciliação.

A desembargadora Clarice Claudino, que intermediou a reunião entre o Modelo e o banco Safra, também considerou o encontro proveitoso. “Nunca tivemos a pretensão de resolver um problema dessa complexidade em uma só reunião. É um processo muito volumoso”, disse, depois de os advogados do Grupo Modelo já terem abandonado a ante-sala branca.

O Grupo Modelo possui uma dívida total de R$ 184 milhões, sendo R$ 70 milhões somente com o banco Safra. O resto está dividido entre 1.035 credores e 2.200 funcionários. No pedido de recuperação judicial, a empresa afirma que busca recuperar economicamente o devedor, assegurando os meios indispensáveis para a manutenção da empresa e dos empregos gerados pela rede de supermercados.

O grupo ainda garante a viabilidade do negócio, afirmando que a operacionalização das atividades não pode se prejudicada por uma questão momentânea de iliquidez. Em 2012, parte das dívidas foram renegociadas - mas 40% do débito bancário - não pode ser renovada, ocasionando inadimplência com fornecedores, fato que colocou a rede de supermercados em um ciclo vicioso: com menos produtos ofertados no varejo, menor era a receita e mais difícil de se pagar as dívidas.

O Terreno

Localizado em área nobre, na Avenida Miguel Sutil, em cuja área, de 51.142,42 m², ainda não há nenhum pavimento erguido, este terreno tem sido o centro de uma batalha jurídica desde que o Grupo Modelo entrou em recuperação judicial, no dia 22 de fevereiro de 2013. Desde daquele dia, a rede de supermercados está protegida, por 180, pela Justiça, sem precisar pagar dívidas aos credores, tendo como prioridades a sanidade da empresa e o pagamento de dívidas trabalhista.

O banco Safra, por sua vez, tentou fazer uso do direito que tem de R$ 20 milhões sobre o crédito daquele terreno para colocá-lo em leilão e, assim, conseguir ser pago mesmo durante a recuperação judicial do Grupo Modelo. Contudo, as duas tentativas de leilão foram suspensas pela Justiça, que então convocou a audiência de conciliação.

Atualizada às 20h18
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