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Justiça autoriza recuperação judicial de produtores rurais que sofreram prejuízo de R$ 36 milhões com crise climática

Da Redação- Amanda Divina

A juiza Anglizey Solivan de Oliveira, da 1ª Vara Cível de Cuiabá, deferiu o pedido de recuperação judicial dos produtores rurais Francisco Gemelli e Rosa Maria Gemelli, com dívidas declaradas de R$ 36,6 milhões, o casal tem propriedade em Rosário Oeste.

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De acordo com histórico apresentado pelo casal, a crise financeira se agravou nos últimos e levou os produtores a mudar o ramo de suas atividades e vender propriedades para tentar quitar débitos, mas questões climáticas no último ano tornaram a crise financeira insustentável, que culminou no pedido de recuperação judicial.

De acordo com pesquisa divulgada pelo Serara Experian, os produtores rurais que atuam como pessoas físicas registraram 127 pedidos de recuperação judicial em 2023. Isso representou um aumento de 535% em relação ao ano anterior, 2022. Ainda de acordo com a pesquisa, os produtores de pecuária com áreas de pastagem ocupam a segunda colocação entre os produtores rurais que mais entraram com pedido .

Em sua decisão a magistrada determinou a suspensão de todas as ações ou execuções contra os requerentes pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias e que o casal apresente o plano de recuperação judicial em 60 dias. Nomeou ainda a empresa L.A Administração Judicial Ltda para exercer a administração judicial do caso.

A advogada Kamilla Alves Lima, do Grupo ERS, que é responsável pela recuperação do Grupo Gemelli, afirma que o processo de recuperação judicial ajudará os produtores a negociarem o passivo junto a seus credores e reduzir o pagamento de juros, possibilitando o reerguimento da empresa.

“Atualmente, em que pese as dificuldades no cenário econômico, a atividade rural do Grupo Gemelii se mantém ativa, com funcionários diretos, gerando empregos, renda e atingindo sua finalidade social. Porém, os produtores necessitam do suporte do Poder Judiciário para se manterem no mercado, e assim alavancar novamente sua atividade, dentro de um cenário mais estável e regularizado”, ponderou Kamilla.

Histórico

Francisco Gemelli iniciou suas atividades em 1997, em Lucas do Rio Verde em uma propriedade com 1.800 hectares. Com aptidão no campo, Francisco se dedicou às mais variadas atividades, como pecuária, avicultura, suinocultura e silvicultura.

Em 2004 e 2005 enfrentou sua primeira grande crise, com quebra de safra por conta do excesso de chuvas, que prejudicou consideravelmente a produtividade da lavoura.

Anos decidiu apostar na avicultura, e realizou investimento de mais de R$ 15 milhões para verticalizar a atividade econômica do grupo, investiu em granja de ovos no sistema integrado com a indústria. O Grupo Gemelli alojava 240 mil aves com produção de aproximadamente 100 mil ovos férteis por dia. Nesta atividade permaneceu até 2015.

Nos anos seguintes o casal mudou para a pecuária leiteira e encerrou a atividade em 2018.

Em 2020 decidiram vender as terras localizadas em Lucas do Rio Verde e investiram na pecuária no município de Rosário Oeste, quando a desvalorização do preço do boi afetou diretamente a receita do grupo.

No final de 2023 e início de 2024 a crise tornou-se insustentável, e não restou outra alternativa a não ser recorrer ao Poder Judiciário e o amparo da Lei de Recuperação Judicial. (Informações da assessoria).
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