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Notícias / Criminal

Juiz mantém prisão de fazendeira e filho médico suspeito de morte de dois idosos em Peixoto

Da Redação - Pedro Coutinho

O juiz João Zibordi Lara manteve a prisão da fazendeira Inês Gemilaki, do seu filho, o médico Bruno Gemilaki e de Éder Gonçalves, acusados de quatro homicídios, dois tentados e dois consumados, cometidos em Peixoto de Azevedo. No dia 21 de abril, Inês buscava acertar contas com o garimpeiro Enerci Afonso Lavall, mas acabou matando os idosos Pilso Pereira da Cruz, 69 anos, e Rui Luiz Bogo, 81. Lavall foi atingido, mas sobreviveu. O padre José Roberto Domingos também foi alvejado, mas se safou. Ela contou com auxílio de Bruno e Éder para efetivar a empreitada.

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O magistrado, titular da 2ª Vara de Peixoto, revisou os decretos prisionais dos três acusados e decidiu mantê-los. Zibordi Lara considerou que não houve alterações processuais desde a decisão que os mandou para cadeia, além da brutalidade e frieza dos assassinatos, na medida que foram cometidos em momento de descontração das vítimas, na presença de várias pessoas.

“Diante dos elementos informativos colhidos na presente demanda, verifica-se que a necessidade da segregação cautelar tem por escopo a garantia da ordem pública”, asseverou o magistrado, em decisão proferida nesta quinta-feira (25).

Homicídios

No dia 21 de abril, Inês buscava o garimpeiro Enerci Afonso Lavall para acerto de contas, mas acabou matando Pilso e Rui. Naquele dia, Bruno e Inês invadiram a casa particular Polaco, como Lavall é conhecido, localizada na rua Thiago Magalhães Nunes, nº 1403, bairro Alvorada. Éder os auxiliou na fuga.

Imagens das câmeras de segurança da residência constataram que o filho acompanhou e deu suporte à sua mãe durante toda empreitada, portando uma espingarda calibre 12. Inês matou friamente, a tiros, Pilso e Rui.

Motivações e ameaças

Meses antes dos crimes, Polaco alugou sua casa para Inês. Após o término do contrato, ele a cobrou pelos aluguéis e danos à propriedade. Ela já havia deixado a residência, mas ele manteve as cobranças.
A Justiça considerou essas cobranças ilegais, dando ganho de causa a Inês. No entanto, Polaco persistiu, exigindo valores que ele julgava devidos e supostamente contratando capangas para ameaçar Inês com morte, sequestro e estupro.
 
No dia anterior ao crime, em 20 de abril, Erneci enviou homens à casa de Inês, onde Bruno também morava, para cobrar os aluguéis. Eles não os encontraram, mas prometeram voltar. Bruno sabia das ameaças e tentou falar com Polaco sobre a decisão judicial, mas sem sucesso, já que Erneci insistia que faria "a justiça com as próprias mãos".
 
As ameaças eram conhecidas da Justiça, já que áudios enviados pela esposa de Polaco à Inês constavam nos autos de uma ação cível. Até minutos antes do crime, Inês e Polaco trocavam mensagens ofensivas, que eram apagadas logo após o envio pelos supostos capangas.
 
Desesperada com o aumento das ameaças, Inês procurou a delegacia um dia antes dos assassinatos, pedindo providências urgentes. No entanto, a autoridade responsável informou que nada poderia ser feito no momento, pois era sábado.
 
Bruno soube das novas ameaças na noite de sábado, quando sua mãe o buscou no plantão médico. No domingo, 21 de abril, continuaram recebendo mensagens ameaçadoras e ligações de números privados. Decidiram ir à casa de Eder Gonçalves Rodrigues, também réu no processo, para participar do aniversário da esposa dele, ficando até por volta das 15 horas, quando saíram para comprar bebida.
 
Antes disso, Inês recebeu uma ligação informando que homens desconhecidos estavam batendo em seu portão. Decidida a agir e acertar as contas, ela foi até a casa de Erneci, onde as câmeras de segurança registraram toda a ação. Os assassinatos ocorreram durante um almoço das vítimas.
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