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Cesar Zilio revela proximidade de Chico Lima com Julio Minori e acredita que propina era paga ao ex-procurador

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Delação premiada feita pelo ex-secretário de Estado de Administração (SAD) Cézar Zílio revela que o ex-procurador do Estado aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, conhecido como “Chico Lima”, chegou a assinar pareceres na Casa Civil a mando do ex-secretário Pedro Nadaf e a favor da “organização criminosa” investigada na operação Sodoma. Diz ainda acreditar que Chico Lima tenha recebido propinas do empresário Julio Minori Tsuji, que já admitiu, também em delação, ter feito pagamentos desta natureza. 

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“Quanto a pessoa de Francisco Lima de Andrade Filho, vulgo ‘Chico Lima’, afirma que ele era assessor de confiança de Pedro Nadaf, que trabalhava com Pedro Nadaf na Casa Civil; que pelo que sabe, Chico Lima tinha seus negócios no Governo relacionados a Cartas de Crédito e que atendia a Pedro Nadaf; que Chico Lima era quem assinava em algumas ocasiões os pareceres da Casa Civil no interesse da organização criminosa, recebendo ordens de Nadaf, inclusive para ajudá-lo nos ilícitos, por ele, Nadaf, praticados”, consta da delação.

Ainda, sobre a relação de Chico Lima com o empresário Julio Minori Tsuji, César Zilio revela uma proximidade entre ambos. “Chico Lima era muito chegado de Julio Minori Tsuji, o qual era constantemente visto nos corredores do governo na companhia de Chico Lima, inclusive viajava com ele para Brasília, acreditando que Chico Lima também recebia propina de Julio, eis que a empresa de Julio fazia negócios para a PGE (Procuradoria Geral do Estado) e como já dito, Julio pagava propina para os gestores dos órgãos de onde sua empresa prestava serviços e também da administração anterior”, revela trecho da delação.

Participação de Julio Minori Tsuji na Sodoma:

Também delator premiado, Tsuji narrou que em 2011, foi chamado por César Zilio para uma reunião a portas fechadas em seu gabinete. Lá, teria explicado à Tsuji que se sagraria vencedor do certame se realizasse pagamentos para seus “chefes”, alegando haver dívidas de campanha a pagar.

Desde então, Tsuji pagou mensalmente propinas de 20% do pagamento de seus contratos para César Zilio. Diz que só precisou “aceitar tal exigência” para não perdê-los.

“O declarante passou a entregar a ele (César Zilio) pessoalmente, na maioria das vezes em seu gabinete na SAD, em espécie, conforme faturamento de sua empresa, com média de R$ 80 mil mensais”, consta da delação de 17 de março.

Tsuji ainda “afirma que pagou propina exigida para César Zilio dentre os anos de 2011 a inicio de 2013, acreditando que o montante total da propina tenha girado em torno de R$ 800 mil”, consta da delação do mesmo dia.

Participação de Chico Lima na Sodoma:

De acordo com Frederico Muller Coutinho, sócio de uma empresa de factoring, Chico Lima levou seis cheques no valor de R$ 83.333 para trocar, totalizando quase meio milhão de reais. Parte desse valor foi entregue a Chico em dinheiro, e a maioria foi trocado por cheques de outros clientes da factoring.

Frederico relatou à Polícia Civil que ficou preocupado quando soube quem era Chico Lima, “sabendo que essa pessoa era vinculada ao Governador Silval Barbosa e, que seria a pessoa responsável fazer a ‘correria’ em levantar dinheiro para o Grupo Político do Silval Barbosa. Em virtude disso pediu ao seu sócio Filinto procurar Chico Lima para saber a origem desse crédito, tendo Chico Lima confirmado para Filinto que esses valores eram destinados ao grupo político do Governador Silval Barbosa”, conforme trecho do depoimento.

O sócio da factoring declarou, ainda, que na reunião realizada entre Chico Lima e seu sócio Filinto, o procurador disse: “não posso assinar uma promissória em meu nome, assumindo uma dívida pelo fato de estar aqui representando interesse do Silval Barbosa”. E completou: “... valores como esse pro Silval é (sic) igual banana na guela de véio". Consta ainda nos autos que, por ordem Chico Lima, foi feito um depósito no valor de R$ 25.000 para o ex-chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa, Silvio Correa.

Operação Sodoma:

Os fatos levantados pela Operação apontam que Silval Barbosa, no posto de líder de uma organização criminosa, moldou o Poder Executivo para que agentes públicos praticassem crimes de concussão, fraude a licitação, corrupção passiva, fraude processual, lavagem de dinheiro e extorsão.

Além do ex-governador, foram denunciados pela Sodoma: o ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace dos Santos Guimarães; os ex-secretários de Estado, Marcel de Cursi, Pedro Jamil Nadaf, José Jesus Nunes Cordeiro, César Roberto Zilio e Pedro Elias Domingues; o filho do ex-governador, Rodrigo da Cunha Barbosa; o ex-deputado estadual José Geraldo Riva; Silvio Cezar Correa Araújo, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Karla Cecília de Oliveira, Tiago Vieira de Souza, Fábio Drumond Formiga, Bruno Sampaio Saldanha, Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.
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