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"Nunca discuti RGA", diz Silval Barbosa ao comparar sua gestão com a de Taques na saída do Fórum

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira/ Da Reportagem Local - Jardel P. Arruda

Deixando o Fórum da Capital sem ser interrogado, nesta terça-feira (05), o ex-governador Silval Barbosa teve sua audiência redesignada pela juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Arruda, para o próximo dia 04 de agosto. Nesta ação, ele é acusado de peculato, lavagem de dinheiro e supressão de documentos públicos cometidos pelo réu, quando atuou como deputado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Ao sair das dependências do judiciário, aproveitou para avaliar a prisão preventiva que cumpre no Centro de Custódia (CCC) há cerca de 10 meses, sua gestão frente ao governo do Estado e as greves pela Revisão Geral Anual (RGA) enfrentas pelo atual gestor, Pedro Taques (PSDB). 

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"RGA, essa sigla eu não conhecia, pois já estava dentro do orçamento à reposição da inflação, era normal, já era previsto no orçamento. O governo (atual), eu lamento, enfrentar uma crise, pois não é ruim para o governador Pedro Taques e não só para os funcionários, é ruim para o Estado, para o progresso, para o desenvolvimento", alfinetou Barbosa.

Sobre a ação em si, que dis respeito à gestão de Silval como deputado estadual, o ex-governador afirmou ser inocente. “Eu vim aqui hoje para ouvir as testemunhas que estão sendo ouvidos. Eu assumi a mesa em 2003, era um processo licitatório que eu não participei, o contrato já vinha sendo executado e eu apenas conclui os pagamentos que faltavam, avaliou Silval ao final da audiência, que contou apenas com a oitiva do deputado Romoaldo Junior, arrolado como testemunha de defesa do réu.

Confira abaixo os principais pontos da entrevista de Silval Barbosa.

Sobre as oito derrotas em pedidos de liberdade até agora:

“É um processo normal na esfera judicial [...] Aqui (TJMT) já obtive sucesso em revogar uma das prisões e também no Supremo Tribunal Federal, que na última decisão não concedeu a liberdade alegando que ainda havia recursos nas instâncias inferiores, que estão sendo julgados e deverão passar pelo STJ e pelo STF, estamos aguardando”.



 Operação Seven, em que ele também é denunciado:

“Reunião de governador com secretários são constantes, com a Casa Civil, etc. E todas as secretarias falarem em despesas... elas só podem realizá-las se houver recursos na pasta, se realizaram é porque tinham recursos. O orçamento é assim, remanejado o tempo todo, em qualquer esfera, é assim na estadual, municipal e federal. O próprio governador atual também ‘remajena’, e todos os gestores ou responsáveis pela gestão assinam decretos praticamente o tempo todo, a partir de junho e julho, para remanejamento de orçamento, de uma pasta para outra, superávit ou déficit de orçamento, assim é a gestão”.

Sobre seu braço imobilizado:

“Escorreguei em um banho de sol, caí e trincou”.

O nascimento de seu neto, há cerca de um mês:

“Eventos novos acontecem no decorrer de uma prisão tão longa como essa, que já vai para 09 meses. Eu passei natal, ano novo, aniversários da família, a vinda, graças a Deus, de um neto, aniversários outros... É um episódio que você tem que conviver. É triste você não estar presente, é, mas feliz pela vinda de um menino saudável, graças a Deus”.

Pedro Taques e o RGA:

“Sou criticado por ter muitas execuções de obras, de ações de governo, de avanços nas carreiras dos servidores, o governo que mais contratou, respeitando a legislação e adotando procedimentos legais para preencher vagas de funcionários públicos concursados, algo em torno de 17 mil ou ultrapassou esse número. Nunca atrasei nem um dia a folha de pagamento. RGA, essa sigla eu não conhecia, pois já estava dentro do orçamento à reposição da inflação, era normal, já era previsto no orçamento. O governo (atual), eu lamento, enfrentar uma crise, pois não é ruim para o governador Pedro Taques e não só para os funcionários, é ruim para o Estado, para o progresso, para o desenvolvimento. Mas estou feliz em ver tantas propagandas na televisão sobre realização do governo, ainda fazem comparativo, quer dizer que botaram mais asfalto do que o Silval, mas ainda não tem nenhuma licitação deles, todas as obras executadas são recursos que eu deixei, que eu trabalhei. Como o “Mato Grosso Integrado”, que mudaram de nome, que partiram de recursos que levei três anos para viabilizar, contratar o projeto, a obra... [...] assim no Pantanal, assim em diversas obras.

Eu torço para que o Estado vá bem. Agora, tem que ser sincero e reconhecer o que os outros deixaram. Cuiabá mesmo, eu tenho muitas críticas sobre as obras da Copa, mas fiz uma verdadeira transformação, obras que foram realizaram e que nada tem a ver com a Copa. E está aí, Cuiabá está um canteiro de obras, desafogou o trânsito, melhorou a mobilidade urbana da cidade. Enfim, infelizmente estou sofrendo esse processo, mas torço para que dê certo. Que o Estado é bom, viável, sabe e tem a força de reação à qualquer crise, é só saber levar. Não pode é achar que vai cair um milagre do céu. Greve geral nunca aconteceu no meu governo, eram pontuais e a gente ia resolvendo, mas não torço nem vibro com isso [...]



Tem que haver mais reconhecimento, pois o governo tudo o que está fazendo são com 90% dos recursos deixados. Vocês podem ver pelas licitações que são feitas das obras, as vezes vocês tem dificuldade de mostrar por causa do contrato que tem hoje com o governo, mas por exemplo, propaganda na TV na época da Copa, que tinha que divulgar o Estado para o mundo fechamos o orçamento da SECOM em R$ 40 milhões e hoje são R$ 70 milhões e não tem Copa do Mundo.

Para mim é triste ver, deixamos o Estado com as carreiras (dos servidores) todas estruturadas, com plano definido e tudo. Aí criticam que foi o Silval que fez leis que permitiram chegar ao limite da responsabilidade (fiscal), não, o governo assumiu e contratou 3.500 agentes de segurança, quem é que não sabia que precisamos de segurança, de mais servidores na educação e na saúde? Eu sabia, mas também sabia que existia a LRF, e eu deixei dentro do limite. Nunca atrasei nenhum dia, nunca discuti RGA e paguei o décimo terceiro antecipado, no dia 19 de dezembro (do último ano de governo)".

Entenda a ação:

Silval Barbosa figura como indiciado o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Humberto Bosaipo, versa sobre crimes supostamente ocorridos pelo então parlamentar Silval Barbosa em 2003. A ação já chegou a tramitar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por conta do foro privilegiado que o réu tinha à época, mas fora remetida para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) em 2007, quando deixou funções na Casa. Os crimes elencados pelo MPE prescreveram para Humberto Bosaipo, de modo que, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), ele já não figura como réu.

Principal acusação feita contra Silval, segundo o MPE, ele teria assinado pagamentos ilegais às empresas Poligráfica Editora Brasileira Ltda, J. P. Marques Editora e Ágil Comunicação e Editora Ltda., entre os meses de março e maio de 2003.
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