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“Se eu tivesse que sair do processo de todo mundo que quer me matar, eu já não estava mais na Sétima Vara”

Da Redação - Arthur Santos da Silva

Constantemente pressionada por sua atuação na Sétima Vara Criminal de Cuiabá, a juíza Selma Rosane Arruda recebeu com frieza a notícia de um suposto plano do ex-vereador João Emanuel, em conjunto com o Comando Vermelho, para atentar contra sua vida. Em entrevista ao Olhar Jurídico, nesta quinta-feira, a magistrada afirmou que réus da categoria de João Emanuel costumam ameaçá-la.

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A juíza, porém, negou que se afastará do processo. “Se eu tivesse que sair do processo de todo mundo que quer me matar, eu já não estava mais na Sétima Vara”, esclareceu.

A informação do suposto plano criminoso foi exposta por Walter Dias Magalhães Junior, nome investigado na Operação Castelo de Areia. No caso, o ex-vereador é tratado como o líder de uma organização criminosa parar praticar crimes de estelionato em Mato Grosso.

Mesmo ciente das supostas ameaça, Selma Arruda afirmou que prefere aguardar por investigações sobre a veracidade das informações. “Por enquanto isso é só uma declaração do comparsa, a gente não tem nenhuma prova de que isso seja verdadeiro. A única medida que a gente pode tomar até então é pedir para apurar para ver se isso é verdadeiro”, salientou.

A juíza explicou ainda que o exame do depoimento poderá gerar uma nova ação contra João Emanuel. “O que pode ser analisado, que pode ser analisado tecnicamente falando, é o envolvimento dele com a organização criminosa. Com o Comando Vermelho. Se isso for constatado, aí sim isso pode ser um agravante para ele em situações futuras. Pode até, inclusive, ser objeto de uma ação penal futura, se for constatado”.

A ameaça

Conforme Walter Dias Magalhães Junior afirmou em depoimento a Polícia Civil, João Emanuel teria contatado o Comando Vermelho para que o assassinato fosse consumado.

“João Emanuel disse que falaria com o detendo Sandro Louco para concretizar o plano de matar a juíza Selma Arruda; que de acordo com o suspeito João Emanuel, Selma Arruda já havia recebido ajuda de seu pai, o ex-juiz Irênio Lima e não poderia estar desta forma a prejudicar os negócios desempenhados por ele”, diz trecho das declarações de Walter.

O relato teria sido feito pelo ex-vereador ao depoente em abril de 2016. Na ocasião, João Emanuel estava muito nervoso.

Walter afirmou ainda que no dia 29 de agosto, quando passou pelo presídio do Carumbé após ser preso, recebeu um recado de que João Emanuel havia mandado um “salve” para o Comando Vermelho.

O caso


A operação “Castelo de Areia”, foi deflagrada pela Polícia Civil no último dia 26, a para cumprimento de cinco mandados de prisão preventiva, sete buscas e apreensão e uma condução coercitiva. Entre os alvos está o ex-vereador e presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emanuel Moreira Lima, acusado por aplicar golpes com contratos de até R$ 1 bilhão.

“Descobrimos que este grupo oferecia empréstimos a juros baixos, vendendo ‘fumaça’ para estes clientes, dizendo que os juros vinham de bancos do exterior. As vítimas acabavam acreditando, já que a empresa era bem montada. Com as buscas, descobrimos que o prejuízo pode ser imensamente maior que isto”, explicou o Stringuetta, durante entrevista coletiva concedida na data das prisões.

Além de João Emanuel, que está em prisão domiciliar, e Walter Magalhães Junior, também foram detidos o casal Shirlei Matsucka e Marcelo de Melo Costa, Lazaro Roberto Moreira Lima (condução coercitiva) e Evandro José Goulart.
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