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Notícias / Criminal

Leréia convence maioria dos integrantes da CPMI do Cachoeira

Agência Câmara

A maioria dos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira disse ter ficado satisfeita com os esclarecimentos do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), prestados nesta terça-feira (9) ao colegiado, sobre suas relações com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Porém, para o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), há vínculos comprometedores entre Leréia e o contraventor.

De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), o parlamentar teria recebido dinheiro da organização de Cachoeira. Além disso, teria alertado o contraventor sobre uma operação policial e usado o cartão dele para fazer compras.

Segundo a PF, Leréia e Cachoeira conversaram por telefone pelo menos 72 vezes entre março e julho do ano passado. O nome do deputado é citado em outros 26 telefonemas entre o contraventor e supostos membros da organização criminosa. A corregedoria da Câmara recomendou, em julho, a abertura de processo por quebra de decoro contra o parlamentar. “Ficam evidentes os vínculos pessoais, comerciais e patrimoniais com o contraventor e eles são comprometedores. [O caso é] muito semelhante ao do ex-senador Demóstenes Torres”, afirmou Cunha.

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), que assistiu parte do depoimento, acredita que há elementos para que o deputado seja investigado.

Na opinião do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos autores do requerimento, Leréia respondeu de forma “coerente, sincera e verdadeira” às denúncias de favorecimento ao contraventor. Além de Carlos Sampaio, os deputados Rubens Bueno (PPS-PR), Miro Teixeira (PDT-RJ) e os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Álvaro Dias (PSDB-PR) avaliaram que as explicações de Leréia foram satisfatórias.

Dívida de R$ 120 mil
O deputado goiano negou ter beneficiado Cachoeira, de quem se disse amigo desde 1987. Ele confirmou que deve R$ 120 mil ao contraventor, que teria emprestado o dinheiro para a quitação de um financiamento rural feito em 2011. “Pedi socorro ao Carlinhos. Só não paguei porque ele está na prisão”, disse Leréia, em resposta a Odair Cunha.

Carlos Alberto Leréia confirmou ter se encontrado com Cachoeira na sede da construtora Delta em Goiás de duas a quatro vezes. A empreiteira é suspeita de ter abastecido a organização por empresas fantasmas. Segundo o parlamentar, ele questionou o contraventor sobre o motivo de se reunir lá, mas Cachoeira não quis explicar.

“Eu conversava na sacada da Delta. Não achei estranho. Carlinhos é relacionado a meio mundo de gente. Uma vez perguntei a relação dele com a Delta, ele não quis falar e eu deixei pra lá.” O deputado confirmou também que intercedeu junto ao governo goiano, a pedido de Cachoeira, por duas pessoas. No primeiro caso, para aumentar o salário de um funcionário. No outro, para pedir emprego.

Sigilos
O deputado aceitou ter os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados pela comissão. “Todos os sigilos que a CPMI necessitar. O que quiserem está à disposição”, respondeu ao ser questionado pelo senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP).

Leréia disse ter usado o celular Nextel de Cachoeira uma única vez, em uma viagem para a Disney com a família no final da década de 1990, e depois devolveu o aparelho para o contraventor. “Tenho cinco aparelhos por questão de economia, pois funcionam como rádio e não como celular. Posso falar 24 horas se eu quiser. Depois que voltei de viagem, devolvi”, relatou.
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