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Alegando tumor no fígado e doença nos rins, defesa de Cursi pede prisão domiciliar

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

A defesa do ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel Souza de Cursi, solicitou direito de responder nas ações oriundas da “Operação Sodoma” em casa. O pedido se fundamenta em laudos médicos que apontam para supostas complicações de saúde do réu, incluindo princípio de infarto e pré-disposição ao câncer de próstata. O apelo ainda será apreciado pela juíza Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal. O réu cumpre prisão preventiva no Centro de Custódia da Capital (CCC) desde 15 de setembro de 2015.
 
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A solicitação dos advogados Marcos Dantas e Gouth Valente consta dos autos da 4ª fase da Sodoma. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), com auxílio intelectual de Cursi, a organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval Barbosa teria desapropriado um imóvel no valor total de R$ 31.715.000,00, localizado Bairro Osmar Cabral, em Cuiabá. O dinheiro teria sido desviado em benefício da quadrilha. De todo o valor pago pelo Estado pela desapropriação, metade, ou seja, R$ 15.857.000,00 retornaram via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller em prol do grupo criminoso.
 
Segundo a defesa, o réu Marcel de Cursi sofre com problemas relacionados a um princípio de infarto (cardiopatia), possibilidade de hemorragia abdominal e pré-disposição ao câncer de próstata, o que pode se complicar caso o ex-secretário se mantenha privado do devido atendimento, fora do CCC.
 
No dia 14 de janeiro, o ex-secretário foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) às pressas em decorrência de um ataque cardíaco. Cinco dias depois ele recebeu alta e deixou o Hospital Amecor, retornando ao CCC. Porém, segundo a defesa, complicações relacionadas ao fígado, estômago, rins, próstata, carótida e válvula mitral ficaram sem resolução.
 
"No fígado houve a formação de um coágulo/tumor cujo risco de rompimento causará possível hemorragia interna, cuja precaução é o repouso sem esforço físico, notadamente proibido pesos e movimentos de esforço. Cuidado médico difícil de ser observado no cárcere, onde cada qual faz sua faxina, lava suas roupas e organiza seus pertences", alega a defesa, segundo trecho obtido pelo site Mídia News.
 
Adiante, aponta a defesa. “Os rins apresentam dilatação do canal de drenagem da urina para a bexiga e síndrome de leriche”, complicação de seu problema coronário que, assevera o documento, causou a morte da tia do ex-secretário.
 
Por fim, lesões no estômago com possibilidade de hemorragia abdominal e aumento da próstata são outros problemas alegados pela defesa, inclusive sendo aquele passível de intervenção cirúrgica, assevera o apelo.
 
Ainda segundo o documento, alega a defesa que "estando o paciente sob custódia do Estado, este é responsável por mantê-lo dentro das condições clínicas exigidas, sob pena de responsabilidade; afinal, tendo ciência prévia das necessidades médicas do custodiado, qualquer dano que o mesmo vier a sofrer por falta de tratamento, ainda mais possuindo filho menor e esposa, tanto a máquina estadual, quanto aqueles que tiverem conhecimento poderão ser responsabilizados, inclusive de forma objetiva”.

A juíza Selma Arruda ainda apreciará o apelo.
 
Marcel de Cursi é apontado pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organziado (Gaeco) como o mentor intelectual de um poderoso esquema de desvio de dinheiro e pagamento de propina que atuava no alto escalão do governo do Estado a época da gestão de Silval Barbosa.

Segundo delações - de ex-gestores do mesmo governo - já homologadas, cabia a Marcel de Cursi “a parte técnica, de elaboração da legislação, sendo uma pessoa responsável em criar os mecanismos legais a fim de dar ‘carenagem legal’ para os problemas que apareciam perante o governo”.
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