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Tragédia Silenciosa: exploração de crianças e adolescentes é tema de campanha do TJ, MPE e OAB-MT

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Violência psicológica, violência física, bullying, alienação parental, negligência, abandono, trabalho forçado, tráfico, abuso e exploração sexual, são alguns dos graves problemas sofridos diariamente pelas crianças e adolescentes no Brasil. Infelizmente no meio desta estatística, Mato Grosso se destaca com escândalos recorrêntes de estupro de menores que estarrece a opinião pública. Alguns deles praticados por quem deveria zelar pelo exemplo, padres e pastores que posam de bons cristãos.
 
No dia 18 de maio celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes. Para marcar a data, a Corregedora-Geral da Justiça de Mato Grosso (CGJ-MT) por meio da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ), o Ministério Público Estadual (MPE), a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Defensoria Pública e órgãos do Estado, lançaram uma campanha de conscientização em todo o Estado. O pontapé inicial da proposta foi dado nesta terça-feira (02), com uma oficina sobre o tema, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

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Conforme a juíza auxiliar da CGJ-MT e coordenadora adjunta da CIJ, Jaqueline Cherulli, o objetivo “é reunir operadores do Direito, a sociedade civil e autoridades em uma campanha intensa e permanente de combate à exploração infanto-juvenil, além de estimular as denúncias de práticas que ferem os direitos da criança e do adolescente”.

Jaqueline Cherulli explica que a campanha é realizada no decorrer do mês em que se comemora o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Contudo, a juíza ressalta que o foco é a prevenção de todas as formas de violência e abuso.

“Para auxiliar as pessoas a compreenderem esse universo nós elaboramos uma cartilha com informações sobre os tipos de violência, as diferenças entre elas, pedofilia, orientações sobre o que fazer quando uma criança ou adolescente sofre abuso, como e onde denunciar. Além disso, ela traz uma lista com telefones e endereços dos conselhos tutelares do Estado”, explica Cherulli.

Parceira nesta campanha, a OAB-MT, por meio da Presidente da Comissão de Infância e Juventude, a Conselheira Estadual da Ordem, Tatiane de Barros, reafirma seu interesse no combate à exploração infantil.  “A OAB MT através da Comissão de Infância e Juventude sempre desenvolveu palestras, seminários e encontros aludidos ao 18 de maio, que é o dia do combate à exploração sexual de crianças e adolescentes”.
 
“Neste ano estamos realizando, em parceria com o Conselho Estadual da Criança e adolescente, seminários, audiências publicas, palestras, encontros, blitz educativa, enfim, vasta programação em prol do combate a violência sexual contra acriança e adolescente, violência essa que tem crescido de forma alarmante e que choca a sociedade pela brutalidade do ato que deixa sequelas irreparáveis as vitimas”, afirma Tatiane de Barros.
 
A presidente da Comissão encerra garantindo que a Ordem fará o possível para unir esforços nesta campanha. “Não temos o poder de investigar nenhum caso de abuso e/ou violação de direitos de crianças e adolescentes, mas podemos acompanhar as denuncias que chegam à OAB e assegurar a efetiva proteção integral de crianças e adolescentes contida na Constituição Federal”, conclui.
 
A presidente do Conselho Estadual da Criança e Adolescente, Cleide Eliane de Souza, defende a informação como vetor de mudança em prol dos direitos da criança e do adolescente. “Cada ente público tem sua responsabilidade nesta cooperação, alguns de disseminar a informação, outros de identificar os crimes afetos ao tema e o Judiciário, apurar e punir crimes desta natureza. Todos com um único propósito, defender os menores”.
 
Para informar a população, uma cartilha foi elaborada pela CIJ: as informações contidas detalham o que é abuso, quais os tipos de violência, os sinais que apresentam uma criança ou adolescente que sofreu abuso, o perfil do abusador e onde denunciar. Também faz parte do conteúdo negligência e abandono, trabalho infantil, tráfico de crianças e adolescentes e abuso e exploração sexual.
 

Campanha na Prática:
 
Elas estão sendo distribuídas onde são promovidas as atividades de conscientização. Uma delas ocorreu nesta quarta-feira (03), na escola Padre Raimundo Conceição Pombo Moreira da Cruz, no Parque Cuiabá. Cerca de 240 alunos participaram das atividades, que incluíram palestras, dinâmicas e vídeos educativos sobre o tema.

As palestras foram ministradas pela equipe da CIJ, formada pela psicóloga Ziza Cury Komochena, pela assistente social Maísa Fátima da Silva Ojima e pela assessora Wanderléia Silva Dias. Atentas e curiosas, as crianças puderam aprender sobre os perigos que as cercam, além de diferenciar carinho de abuso. De acordo com Ziza Cury, “é importante que elas aprendam a não ter medo de buscar ajuda e a quem recorrer nesses casos”.  

Para a coordenadora da escola, Susan Mayra, a campanha ajuda as crianças se sentirem seguras para falar sobre o assunto, o que acaba facilitando o trabalho de vigilância contra esse tipo de crime. “Muitas vezes a violência vem de dentro de casa e ela acha que é normal, pois sofre há muito tempo. Por isso, é importante que a criança saiba reconhecer que aquilo não é bom e denuncie”, ressaltou Susan.

Segundo Ziza Cury, projetos como esse devem conscientizar as pessoas da necessidade em prestar atenção ao menor sinal de que alguma criança esteja sofrendo abusos. “Observamos que após essas campanhas, o número de denúncias aumenta consideravelmente. Portanto, devemos estar atentos não somente durante o mês de maio, mas sempre. Todos os dias devemos nos posicionar para fazer a diferença nessa luta”, afirmou.
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