Alan Ayoub Malouf foi “sagaz”, praticou atos “nocivos” à sociedade por ganância, agiu “premeditadamente”, “contribuiu em campanha eleitoral visando enriquecer-se” posteriormente. “Não teve qualquer escrúpulo”. Assim definiu a magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal, ao condenar o empresário sócio do Buffet Leila Malouf. Por sua presença criminosa na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) durante a gestão Pedro Taques (PSDB), foi condenado a 11 anos e 40 dias de prisão e 176 dias-multa.
Edézio Ferreira da Silva, engenheiro eletricista, também não foi poupado pelo juízo: agiu como “testa de ferro de Giovani Guizardi”. Sua pena foi fixada em 03 anos e 06 meses de reclusão e 35 dias-multa. A sentença foi proferida no último dia 23. Confira trechos:
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“Alan Ayoub Malouf é primário e até o momento em que praticou esses delitos ostentava ficha criminal intacta. Praticou os crimes por ganância e segundo ele próprio, agiu premeditadamente, vez que diz ter contribuído para a campanha eleitoral, visando locupletar-se posteriormente mediante a prática de crime contra a Administração Pública. Não teve qualquer escrúpulo em participar do esquema criminoso, mesmo sendo pessoa que leva vida abastada e não necessita disto para sobreviver”, avalia a magistrada em sua sentença.
O empresário foi preso durante a deflagração da “Operação Rêmora”, acusado de ser um dos articuladores de uma organização criminosa que desviava de verbas de obras para educação do Estado, via Seduc, nos anos de 2015 e 2016.
A magistrada esclarece a posição do réu Alan Malouf na Rêmora: “Foi um dos líderes do esquema criminoso e demonstrou sagacidade, ao permanecer oculto e obscuro inclusive em face de outros membros da organização criminosa. Todavia, durante o interrogatório foi colaborativo e mostrou-se de certa forma arrependido. Auxiliou na descoberta da verdade, quando apontou para outros comparsas. A nocividade da ação do réu foi além dos fatos por ele praticados, já que escolheu como alvo a Secretaria de Educação, uma das mais importantes áreas de funcionamento estatal”.
O Sancho Pança:
Engenheiro eletricista, Edézio Ferreira da Silva foi, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), responsável por alugar o escritório do Edifício Avant Garden Bussiness, no bairro Santa Rosa, usado para reuniões secretas do grupo criminoso.
“Edézio Ferreira Da Silva” – segundo a magistrada – “é primário e até o momento em que praticou esse delito ostentava ficha criminal intacta. Praticou o crime por ganância, inclusive Giovani declarou que o mesmo ofereceu-se para trabalhar consigo e ofertou inclusive a empresa da qual é titular para envolvê-la na trama criminosa, foi verdadeiro ‘testa de ferro’ de Giovani”.
Segundo delação premiada de Giovani Guizardi, homologada no Tribunal de Justiça (TJ), Edézio Ferreira da Silva compunha o núcleo de operações, seu papel seria o de elaborar editais e alterar valores das composições individuais de preços da tabela da Seduc. Segundo o colaborador, Edézio era funcionário da empresa de seu pai e ocupava a função de engenheiro elétrico. Posteriormente, se desvinculou da empresa e abriu o escritório Rozco Engenharia.
O outro lado:
Procurado por
Olhar Jurídico, o advogado de Alan Malouf, Huendel Rolim, negou ter sido intimado sobre a decisão até o momento e que, portanto, não irá se manifestar.