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Notícias / Criminal

Justiça retira restrição de afastamento de casal investigado na 'Grampolândia'

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

O magistrado da 11ª Vara Militar de Cuiabá, Murilo Mesquita, oficiou a Central de Monitoramento do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) para que atualize o endereço do Coronel da Polícia Militar Evandro Alexandre Ferraz Lesco para o mesmo em que reside sua esposa, personal trainer e também investigada na “Grampolândia Pantaneira”, Helen Cristy Dias Lesco. A autorização foi proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O casal havia sido submetido às restrições da justiça desde o ano passado, quando foram alvos de investigação por suposta participação no esquema de interceptações ilegais na Polícia Militar de Mato Grosso.

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"Tendo em vista que o réu Cel. PM E. A. F. L. trouxe aos autos a decisão que comprova a extinção da restrição de afastamento da investigada e esposa H. C. C. D. L., proferida nos autos 2017/0118865-5, que tramita perante o Superior Tribunal de Justiça, defiro o pedido de atualização de endereço formulado pelo acusado. Oficie-se à central de monitoramento para proceder a atualização, fazendo constar o endereço declinado”, determinou o magistrado.

Respondem a esta ação criminal militar: Zaqueu Barbosa; Evandro Alexandre Lesco; Ronelson Barros; Januário Batista e Gerson Correa Júnior. 

A operação responsável por revelar o esquema de interceptações ilegais na PM chama-se "Esdras" e foi desencadeada em 27 de setembro de 2017, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador.
 
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares, “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.

Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação.
 
Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado. 

Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”. O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
  
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados. Neste caso específico, as vítimas foram inseridas em uma apuração sobre tráfico de drogas.
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