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ONG aciona Justiça para investigar quebra de decoro por parte de deputados alvos da Bereré

Da Redação - Wesley Santiago

A ONG Moral cobrou os deputados estaduais da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para que façam uma investigação sobre os colegas acusados de desviar R$ 30 milhões do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MT), revelados nas operações ‘Bereré’ e ‘Bônus’. O grupo pretende entrar na Justiça para cobrar a apuração de quebra de decoro por parte dos parlamentares.

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“A postura dos parlamentares deixa muito a desejar em termos de fiscalização da gestão do dinheiro dos cidadãos”, disse Elda Mariza Valim Fim, diretora administrativa da ONG Moral. “Nós da ONG procuramos a comissão de ética da Assembleia reivindicando providência sobre as delações do ex-governador Silval Barbosa, eles alegaram que a ONG Moral não tem legitimidade para tal, com isso, entramos como pessoas físicas, deixaram vencer o prazo e a coisa não andou”, lembrou o diretor da ONG Moral, Gilmar Brunetto (o Gauchinho).
 
Conforme a ONG, mesmo protocolando os pedidos de providências, a Assembleia não se manifestou sobre os parlamentares delatados pelo ex-governador Silva Barbosa nem sobre a prisão do deputado Mauro Savi (DEM) na Operação Bônus.
 
“A ONG Moral e a sociedade cobram postura e coerência dos parlamentares sobre envolvimentos de colegas em desvios de recursos públicos porque é desumano pessoas investirem em concurso público para trabalharem no Detran e não tomar posse porque o órgão foi entregue à corrupção, entre outros prejuízos”, ressaltou Gilmar, acrescentando que, para piorar a situação, os parlamentares se unem para soltar colegas presos por corrupção, mas não se mobilizam para defender a sociedade.
 
O diretor ainda comenta que: “nós estamos estranhando que os deputados estão tendo a mesma postura dos colegas envolvidos tanto na operação Bereré como na Bônus, estão calados, não estão cobrando providências do governador, isso é vergonhoso e nós vamos cobrar judicialmente!”.
 
A ONG Moral apresentará ao Tribunal de Justiça um Mandado de Segurança para que seja definido um prazo para que Comissão de Ética e Decoro da Assembleia Legislativa tenha que se manifestar sobre o pedido de instauração de processo para investigar a quebra de decoro dos deputados envolvidos.

A reportagem tentou contato com o presidente da ALMT, Eduardo Botelho, mas o celular estava desligado.

Operação Bônus
 
O ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques e o deputado estadual Mauro Savi (DEM) foram presos em ação conjunta do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), na segunda fase da 'Operação Bereré', deflagrada na manhã desta quarta-feira (09). Além deles, outras quatro pessoas também tiveram mandados de prisão.
 
A segunda fase da 'Operação Bereré' foi batizada de 'Bônus'. Foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso seis mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo (SP) e Brasília (DF). As ordens partiram do desembargador José Zuquim Nogueira.
 
A 'Operação Bônus' é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas. Tem como objetivo desmantelar organização criminosa instalada dentro do Detran para desvio de recursos públicos.
 
Bereré
 
A ‘Bereré’ é desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.
 
Na primeira fase, os mandados foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e na casa de Savi e Eduardo Botelho (DEM). O ex-deputado federal Pedro Henry também foi alvo na ocasião.
 
O governador Pedro Taques (PSDB) decretou a intervenção do Estado no contrato que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) havia firmado com a EIG Mercados para registro dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor no Estado. A empresa foi alvo da ‘Operação Bereré’ e é apontada como pivô do esquema que teria desviado R$ 27,7 milhões.
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